The Good Place 4x12 – Patty



“I feel just like Dorothy when she lands in Oz. Excited, incredulous, much taller than everyone else around me”

Esse episódio já teve tanto cara de Series Finale que eu fico me perguntando: SERÁ QUE EU ESTOU PRONTO PARA TERMINAR “THE GOOD PLACE”? A série deixará saudade, porque é uma das minhas séries de comédia favoritas dos últimos anos, e eu sempre amei o que o roteiro fez com ela… no episódio anterior, nós vimos os quatro humanos ganhando passagem livre direto para o Good Place, depois de terem salvado milhões de almas e tudo o mais, ajudando a reprojetar o pós-vida, mas agora eles acabam descobrindo que talvez o “Good Place” não seja assim tão perfeito quanto se pensa… e o motivo é bem claro e faz todo o sentido: nós não saberíamos o que é a felicidade, se não tivéssemos que enfrentar as tristezas que enfrentamos na vida. O Paraíso, como comumente é concebido, é um lugar utópico demais em que não existe equilíbrio.
E isso é de fato bom?
Aparentemente, não…
Eleanor, Chidi, Tahani e Jason, acompanhados de Janet e Michael, voam até o Good Place, em um balão lindo, e veem coisas maravilhosas, como um filhote de cachorro gigante voador, e tudo lá é tão bonito. Janet, então, assume o seu papel de Janet do Good Place e recebe toda a informação sobre o lugar, e os guia, dizendo que eles não podem ver tudo de uma vez, ou então seus cérebros embaralhariam, e diz que eles serão recebidos com uma festa de gala baseada especificamente em cada personalidade. O Welcome Center é divertido, cheio de coisas que nos remetem a boas memórias (e a Tahani parando nos fones de ouvido com “tudo o que as pessoas já disseram de bom nas suas costas” é mesmo a cara dela), e ficamos aguardando para saber o que vai acontecer… até porque esse não é o último episódio ainda, então não pode ser tudo perfeito.
Não ainda.
Michael recebe uma cerimônia em que seu trabalho é reconhecido e ele se torna oficialmente “um arquiteto do Good Place”, mas, na verdade, é tudo uma armação do Comitê, que o faz assinar um pergaminho e então escapam logo em seguida, deixando o Michael NO COMANDO do Good Place… e isso só pode querer dizer que existe algo de errado com o lugar. Enquanto isso, os quatro humanos se unem e passam juntos pelo portal que os levará à festa perfeita para cada personalidade – como eles passaram juntos e de braços dados, no entanto, a festa acaba se tornando uma mistura do que seria perfeito para cada um deles, o que é bem legal… e, ali, cada um pode explorar de alguma maneira, seja através das maravilhosas portas verdes (!), dos convidados interessantes, ou, para Chidi, conhecendo alguém importante do passado.
Hypatia de Alexandria.
E CARA, A HYPATIA É A LISA KUDROW! VOCÊ TEM NOÇÃO DISSO.
Fiquei até sem ar quando a vi…
Patty, como ela pede para ser chamada (“Just call me Patty”), é quem conta para Chidi e os demais que ELES ESTÃO FERRADOS: “You gotta help us, we’re so screwed”. E, mais uma vez, eu amei o roteiro de “The Good Place”, porque é uma boa e inteligente reviravolta. Eles não foram enganados, eles não estão no lugar errado nem nada… mas o verdadeiro Good Place não é tão perfeito quanto se pensa. Antes mesmo que Patty possa explicar, nós meio que já podemos ver o que está acontecendo… Tahani está conversando com um cara que fala sobre como eles têm orgasmos o tempo todo, mas com uma apatia sem tamanho, por exemplo, e uma Good Janet do lugar atende a pedidos de um cara sem emoção alguma, que pede coisas sem sentido para ela, e sem motivo aparente… e é isso o que está faltando no Good Place naquele momento: PROPÓSITO.

“On paper, this is paradise. All your desires and needs are met, but it's infinite, and when perfection goes on forever, you become this glassy-eyed mush person. […] I came here where time stretched out forever, and every second of my existence was amazing, but my brain became this big dumb blob”
“So we finally make it into the Good Place, and now we're just gonna become zombies?”
[…]
“You get here and you realize that anything's possible, and you do everything, and then you're done. But you still have infinity left. This place kills fun, and passion, and excitement, and love, till all you have left are milkshakes”

A ideia é interessantíssima. Se todas as suas necessidades e desejos são atendidos, qual é o sentido da vida? Se não existe nenhum problema, qual é o sentido da solução? Se você vai viver para sempre, qual é o sentido de viver, de fato? Eles parecem fadados, então, a se tornarem “zumbis da felicidade”, quando tudo perderá o sentido para eles, e eles não sabem o que fazer agora… o Comitê já fugiu do problema, está tudo nas mãos de Michael – e de Eleanor. Porque é Eleanor quem resolve tudo: é algo que ela disse a Michael há muito tempo, sobre como os humanos estão sempre “um pouco tristes”, porque sabem que vão morrer um dia, mas é isso, também, que “dá sentido à vida”. Portanto, eles oferecem algo a essas almas: a chance de irem embora. Ninguém precisará ir embora, mas, se quiserem, eles podem, e então encontrarão o fim de sua jornada.
Até lá, eles têm tempo.
Até que não tenham mais. Até que estejam prontos para se despedir. Estar em paz.
É uma mensagem bonita.
A última cena do episódio foi muito bonita, porque o Michael está aceitando essa responsabilidade toda de cuidar do Good Place, que é algo grandioso, e os humanos estão finalmente tendo aquilo que sempre quiseram: TEMPO. Cada um ganha uma casa, um lugar, e o tempo ao lado das pessoas que amam… e é lindo como o Chidi fala sobre o conceito de “Good Place”, e como esse não é, necessariamente, um lugar de fato, mas o tempo para estar ao lado da pessoa que ama. Os quatro humanos aproveitarão, enquanto puderem e quiserem, a perfeição daquele lugar, sabendo que, um dia, eles irão querer estar em paz. E a finitude desse “Paraíso” é que o torna tão especial. As férias só são especiais porque elas acabam um dia, não é? A última cena foi quase uma despedida perfeita, poderia ter sido a finalização, porque foi lindo.
Mas estou ansioso para ver o que os últimos 54 minutos nos reservam…


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