Dark 3x07 – Zwischen der Zeit (Entretempo)



“Tudo na vida acontece em ciclos. Mas desta vez será o último ciclo”
QUE PERFEIÇÃO DE EPISÓDIO! Uma verdadeira obra-prima que está aqui para nos recordar como tudo pode ser perfeito em “Dark”. E quando eu digo isso, não estou me referindo apenas ao roteiro, porque a direção, trilha sonora e atuações dessa série fazem com que, no fim de tudo, seja uma experiência sublime. Ao longo desse episódio, caminhamos pelos anos em que as passagens de Winden não estavam abertas, e então as pessoas viveram 33 ou 66 anos, e foi uma jornada interessante. Conectamos pontas que ainda estavam soltas, e o episódio dá aquela sensação de que tudo está explicadinho – todas as peças do quebra-cabeças parecem se encaixar e, particularmente, eu senti a mesma satisfação que sinto ao encaixar as últimas peças em um quebra-cabeça… o que eu sinto quando olho para uma peça que já vi há muito tempo e finalmente sei onde ela se encaixa.
Provavelmente, o melhor episódio da série.
Um dos melhores episódios de séries, de modo geral, que já vi na vida.
O episódio começa nos perguntando o que é a realidade, e é um início interessante porque nos instiga a acreditar na teoria de realidades que coexistem – como o Gato de Schrödinger, que “está vivo e morto ao mesmo tempo”. Se isso se aplica ao macrocosmos, então teríamos realidades que poderiam existir lado a lado… é assim que iniciamos o episódio, com o Apocalipse no nosso mundo visto, agora, do lado de fora da casa de Jonas, e entendemos o que aconteceu lá fora na realidade em que ele é salvo por Martha (ela entra correndo para salvá-lo) e na que ela nunca aparece (Bartosz a encontra do lado de fora e a impede de entrar). E naquele início eu já estava com a sensação de “coisas explicadas”, e aquilo me deixou tão feliz… tão aquecido. Bartosz, então, diz a Martha que sabe “qual é a origem e como tudo está conectado” e pede que ela confie nele.
E só voltaremos a vê-los no fim do episódio… nesse entretempo, preenchemos lacunas da história de Winden – E QUE JORNADA INCRÍVEL! A primeira e a segunda temporadas de “Dark” aconteceram durante períodos da história em que as passagens estavam abertas. Vimos, inicialmente, 2019, 1986 e 2052. Depois, expandimos o nosso universo com os anos subsequentes (2020, 1987 e 2053), além de acrescentarmos 1954 e 1921. Essa temporada incluiu 1888. Mas ainda haviam muitas lacunas nos anos que se passam entre esses anos de passagem, e esse episódio nos leva por vários deles, enquanto vemos o tempo passar, os personagens se “converterem” em suas versões futuras, comentários antes feitos agora completamente explicados. E culminamos em um momento em que tudo pode ser “novo” para nós.
Quem sabe para os personagens também…
Se eles puderem quebrar o ciclo.
O primeiro ano que visitamos é 1974, com Tannhaus buscando uma maneira de reverter a morte. Com toda a relatividade que foi introduzida recentemente à mitologia da série, buscamos realidades paralelas simultâneas na qual a morte pode ser enganada, no “entretempo”. Tannhaus dedica toda sua vida à construção da máquina do tempo, e tudo começa ali, em 1974, e é com ele que vemos mais nitidamente a passagem de tempo em uma sequência de cena, porque as coisas não mudaram muito na vida de Tannhaus até 1986, quando a máquina ficou pronta e quando ela funcionou pela primeira vez… ele esteve esse tempo todo praticamente no mesmo lugar, em busca de uma maneira de trazer sua família de volta, de encontrar uma maneira de “enganar a morte”. Os outros personagens, por sua vez, andaram e viveram.
E sofreram.
Em 2021, vemos Noah e Elizabeth explorando as cavernas em busca de uma passagem – fechada, no momento, mas voltará a se abrir em algum ponto do futuro. E, enquanto exploram, Noah fala a Elizabeth sobre o “Paraíso” com o qual Adam sonha: um lugar livre de dor e sofrimento, onde tudo o que já fizemos é apagado, onde toda dor que já sentimos deixa de existir… onde os mortos vivem. Noah acredita nessa promessa de Adam com todas as suas forças – ele precisa acreditar, para seguir adiante. Em 2023, vemos Jonas e Claudia na usina destruída, tentando fazer o portal funcionar, e então Jonas parece desistir de tudo… ele diz que não pode mais continuar com isso, e volta para casa… sua casa abandonada desde o Apocalipse, vazia, destruída, e ele tenta se matar enforcado, em uma cena desesperadora, mas Noah aparece a tempo de cortar a corda e salvá-lo.
“Você não pode morrer. […] O tempo não permite”
Noah explica, então, que Jonas não pode morrer porque sua versão mais velha já existe, e ele prova isso entregando para ele uma arma carregada que, embora Jonas aponte para a própria cabeça e puxe o gatilho, não funciona. E é aí que os caminhos de Jonas e Noah se cruzam: Adam lhe dissera que “eles seriam amigos, até que Jonas o traísse”. Em 2040, encontramos Noah e Jonas trabalhando com Claudia, ainda sem sucesso, e, até aquele momento, parece que temos na nossa frente o Jonas de sempre: ele diz a Noah que Adam mentiu, que não existe paraíso, e ele insiste que “pode voltar e consertar tudo” e que “não vai se tornar Adam”, embora Noah acredite nisso. Claudia continua manipulando Jonas, que não desconfia de nada, mas a própria Claudia já está começando a questionar as ordens de Martha – e, então, ela resolve se voltar contra ela.
E ISSO VAI SER MUITO IMPORTANTE NO PRÓXIMO EPISÓDIO!
Em 2041, algumas coisas acontecem completando o ciclo que já conhecíamos. Enquanto Noah e Elizabeth conversam sobre o Paraíso, a Elizabeth do futuro e a própria Charlotte aparecem e roubam a bebê, filha de Elizabeth e Noah: Charlotte. São elas as “duas mulheres misteriosas” sobre as quais Tannhaus falou – as mulheres que lhe entregaram Charlotte. O desespero de Noah ao ver o berço vazio é de partir o coração, e então ele se volta contra Jonas, achando que foi ele que pegou Charlotte, e entendendo finalmente o que Adam quisera dizer quando avisou que “eles seriam amigos até que ele o traísse”. Jonas diz que não sabe do que ele está falando, e Noah podia tê-lo matado naquele momento, de raiva, mas não o faz… a amizade entre eles, no entanto, já era. Noah deseja todo o sofrimento do mundo para Jonas, e promete a Elizabeth que encontrará Charlotte.
Enquanto isso, em 1890, o Jonas adulto continua tentando estabilizar o portão, sem sucesso, e o vemos ser atingido por um raio da máquina no braço, o que causa uma queimadura como aquelas que, no futuro, ele terá por todo o corpo – é assim que, ao longo dos próximos 33 anos, ele se desfigura. Naquele ano, Bartosz se volta contra Jonas, diz que “não quer saber de seu paraíso, ele só quer sair dali”, porque eles já estão presos naquela época há 2 anos e Jonas não faz nada para tirá-los de lá. Eventualmente, Bartosz entende que passará muito tempo por ali ainda. Assim, Bartosz nos ajuda a completar algumas lacunas da árvore genealógica de Winden. Ele conhece Silja na floresta, em um dia de chuva, eles se casam e, em 1904 (Bartosz uma graça de barba!), eles dão à luz ao seu primeiro filho. Nome: Hanno. A CARA DO BARTOSZ AO SABER O NOME DO FILHO.
“O destino faz um jogo perverso conosco”
Em 1910, Bartosz e Silja têm um segundo filho…
“Nós tentamos de tudo, Bartosz. Ela escolheu o nome de Agnes”
Uma das sequências mais desesperadoras de se assistir foi aquela de 1911, quando Bartosz está trabalhando na Oficina Tannhaus quando Hannah aparece, segurando a mão de uma garotinha que é sua filha com Egon: Silja. E percebemos que ainda existem coisas a se fechar para que o ciclo se complete, porque Silja, em algum momento, precisa estar, jovem, em 1890, para conhecer Bartosz e poder dar à luz a Hanno/Noah e Agnes. Hannah, então, explica que está procurando o Jonas, e Bartosz a adverte que “ele mudou”, mas a leva para vê-lo – e é uma sequência bem desconfortável. Já temos um Jonas desfigurado como o Adam do futuro, mas interpretado ainda pelo ator que o faz jovem, mas ele já é praticamente o mesmo personagem perverso que conhecemos em 1921 durante a segunda temporada… todos os caminhos se fechando.
Jonas pergunta como ela o encontrou, e Hannah explica que “uma mulher mais velha”, Eva, surgiu na sua porta, dizendo que sabia onde ele estava e que ele a estava procurando. Chorando, ela se aproxima dele, mas o silêncio dele causa um desconforto descomunal. Ela toca seu rosto e, friamente, Jonas/Adam tira a mão dela, recusando o toque. Duro, Adam manda Bartosz arrumar os aposentos para Hannah e Silja, e então se vira de costas para elas, para que não vejam as lágrimas nos seus olhos. À noite, ele invade o quarto da mãe e da irmã para “consertar” as coisas: “Silja… ela não é daqui. Todas as peças devem estar em suas posições. Ela está no lugar errado. Assim como você”. Então, em uma das cenas mais ANGUSTIANTES do episódio, Adam mata a própria mãe com as próprias mãos, e aquilo nos causa uma sensação horrível no estômago.
Depois, ele pega Silja no colo, para enviá-lo ao passado.
É doentio, é perverso… “mas o ciclo precisa se manter”.
Então, nos aproximamos dos anos e dos eventos que já conhecemos. Em 1920, vemos o Noah do futuro chegar e encontrar o jovem “Hanno” (foi de arrepiar aquele momento em que eles se olham), e então Noah conversa com Adam, o que nos encaminhou à primeira temporada de “Dark”. Adam explica que sabe que Noah acha que ele mentiu, mas diz que não foi ele que tirou Charlotte dele, e então lhe entrega a sua missão, o seu caderno, para que ele mantenha o ciclo. “Tudo na vida acontece em ciclos. Mas desta vez será o último ciclo. Está pronto, Noah?” Em paralelo, em 2052, acompanhamos Claudia enviando o Jonas Adulto para o passado, também para garantir que tudo aconteça do mesmo jeito, e percebemos que estamos presenciando o “início” de tudo. E nunca fez tanto sentido a ideia de “o começo é o fim e o fim é o começo”.
Estamos no fim…
…e é justamente o começo de tudo.
O fim do episódio traz uma sequência LINDÍSSIMA de vários minutos nos quais não vemos informações novas, mas presenciamos, novamente, coisas que vimos ao longo da primeira e da segunda temporada – E É TÃO MAIS IMPACTANTE AGORA QUE JÁ TEMOS A FIGURA COMPLETA. Que já sabemos tudo o que foi mobilizado para que as coisas acontecessem exatamente daquelas maneiras. Todas as cordas que estão por trás dos atos. Revemos acontecimentos que já vimos e que já conhecemos, mas com outros olhos agora, e aquilo é de arrepiar. E, claro, “Dark” coloca uma trilha sonora intensa que nos ajuda a sentir cada um daqueles segundos… não é interessante como as cenas adquirem novos sentidos agora? Tipo o Noah no carro conversando com Bartosz, agora que sabemos que, na verdade, Bartosz é seu pai…
Tanto que não sabíamos antes.
A última cena do episódio traz novas informações, mas está ali para terminar de fechar o ciclo: para onde Bartosz levou Martha quando a impediu de salvar o Jonas do Apocalipse? Ele a levou para confrontar Eva, acreditando que “Eva é a luz”, e então temos aquela sequência interessante na qual Eva e Martha se veem frente a frente, e Eva diz a Martha algo parecido ao que Adam disse a Jonas na segunda temporada: que nunca achou que aquela cena se repetiria daquela maneira, porque nunca se imaginou querendo o que o seu “eu mais velho” queria, mas agora, 66 anos depois, ali estava ela… é a própria Eva quem corta o rosto de Martha lhe dando aquela cicatriz para o resto da vida, e a manda escolher: se escolher o lado de Eva, ela terá vida. Se escolher o lado de Adam, a morte. E, assim, aquela Martha, resgatada por Bartosz, vira a Martha que matará o Jonas.
Wow.
Enquanto isso, Adam é “bem-sucedido” matando Martha… mas isso não resolve nada.
E cabe a Claudia explicar-lhe o porquê…


Para mais postagens de Dark, clique aqui.


Comentários

Postar um comentário