Entre Facas e Segredos (Knives Out, 2019)
“It's a
weird case from the start. A case with a hole in the center. A doughnut”
“Entre Facas e Segredos” mescla
perfeitamente estilos, indo do clássico (e você encontrará todas as cenas que
espera de um filme de investigação,
de detetive e de “solução de mistério no melhor estilo quem é o culpado”) ao moderno e inovador, juntando o mistério e o
suspense a um tom bizarro de comédia
que funciona perfeitamente para o filme… é um filme com seu próprio estilo,
repleto de personalidade! Com 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, “Entre Facas e Segredos” é um dos filmes
mais aclamados da história do cinema, e você entende o porquê assim que o
assiste. Com um visual incrível acompanhado de um roteiro complexo e bem
amarrado, você fica tenso durante
todo o filme (acabaram-se minhas unhas), e é interessante a maneira como o
filme tem pontos de viradas surpreendentes nos quais você se pergunta para onde a história vai.
Eu adoro a
sensação de não saber o que vem a
seguir!
E ser
surpreendido…
O filme está
dividido em 3 atos. No primeiro deles, descobrimos o assassinato de Harlan
Thrombey no seu aniversário de 85 anos e os vários suspeitos são apresentados
durante um interrogatório e flashbacks
que nos levam novamente à festa de aniversário do velho – e mais de uma pessoa teria motivos para ser o assassino. Essa
primeira parte, fortemente influenciada pela estética de Agatha Christie, é
deliciosa e divertida de acompanhar, enquanto nos perguntamos quem teria matado
Harlan… seria o Walter, porque ele não concordava com as posições do pai na
editora da família, queria vender os direitos dos livros para adaptações na
Netflix e estava prestes a ser demitido? Seria Richard, genro de Harlan, que
teme que ele conte a Linda sobre ele a estar traindo? Seria Joni, depois que
Harlan descobriu que ela estava roubando
dele?
Várias
pessoas poderiam ter feito isso…
Acho que o
mais legal do filme é ele nos prender nessa curiosidade engajada a qual já
estamos habituados e, subitamente, nos tirar da nossa zona de conforto – eu adorei perceber que “Entre Facas e
Segredos” não era só o que eu
esperava… era muito mais. No “fim” (entre aspas, porque não foi no fim), quem matou Harlan,
aparentemente, é alguém que não esperávamos… Marta Cabrera, enfermeira e amiga
equatoriana/paraguaia/uruguaia/brasileira de Harlan. Eu estava preparado para
algo mais “Assassinato no Expresso do
Oriente”, em que as respostas viriam no final, mas acabamos descobrindo, em
uma trama interessantíssima, que foi
Marta quem “matou” Harlan por acidente, trocando os remédios, e então Harlan
armou todo um elaborado plano para livrá-la dessa culpa… e aí já elogio a
atuação de Ana de Armas, PORQUE ELA ESTAVA IMPECÁVEL.
Daquela cena
em que vê a troca dos frascos até o final…
Dali em
diante, o filme se reinventa. Não é mais um mistério de “quem matou?”
convencional, embora o Detetive Benoit Blanc – o Sherlock Holmes ou o Hercule
Poirot criado por Rian Johnson – continue em busca de respostas… não parece ter
sido de fato um suicídio, que é a
primeira conclusão, então ele investiga fatos com a ajuda de Marta Cabrera,
porque “ele confia nela”, e é bizarro quanto as coisas parecem estar saindo de
controle e então Marta precisa dar um jeito de encobrir rastros, enquanto
despista o detetive, com uma característica a mais que não funciona bem a seu
favor: ela vomita toda vez que mente.
E, para piorar, a leitura do testamento de Harlan Thrombey coloca todos os
Thrombeys contra Marta, porque ele deixou
toda sua herança para ela… o dinheiro que tinha guardado, a editora e aquela
casa imensa na qual morava.
O segundo ato
do filme, então, começa quando descobrimos que foi Marta quem “matou” Harlan, e
acompanha toda a jornada dela para encobrir rastros, enquanto se pergunta se
tem o direito de ficar com a herança ou não. É angustiante, é tenso, e ela é
perseguida e ameaçada pela família, em cenas nas quais ela se sai muito bem, de
modo geral. E ela ganha a inesperada ajuda de Hugh Ransom Drysdale, um dos
netos de Harlan que a ajuda a escapar, e promete ajudá-la a “ir até o final”
quando escuta a história completa… para
isso, no entanto, ela vai ter que resolver aquela “ameaça” que chega pelo
correio: alguém tem o laudo da morte de Harlan Thrombey, mostrando que ele teve
uma overdose de morfina… se ela é declarada culpada da morte de Harlan, ela não
terá direito à herança, e os sanguessugas mau-caráter dos Thrombeys terão
vencido.
O terceiro e
último ato do filme é igualmente SURPREENDENTE, ELETRIZANTE e DIVERTIDO – de
uma forma bizarra que “Entre Facas e
Segredos” equilibrou muito bem. No terceiro ato, não parece mais haver
esperanças para Marta… Hugh foi capturado e contou toda a história, ela também
acaba se abrindo para o detetive, e ela está prestes a dizer a verdade para
toda a família e abrir mão da fortuna, quando
Benoit Blanc a impede – ainda tem
alguma coisa na história que não está fazendo sentido. Quem foi que o
contratou, por exemplo? Assim, ganhamos uma última sequência MA-RA-VI-LHO-SA,
na qual Benoit Blanc confronta Marta e Hugh, fornecendo detalhes que agora, com
a explicação dele, fazem todo o sentido, e todo o quebra-cabeças está completo…
não vou entrar em detalhes da trama, mas
só posso dizer que, nesse final, VOCÊ AMA A MARTA MAIS QUE NUNCA.
Uma
enfermeira de fato competente.
E o papel da
bisa nisso tudo… <3 A cereja do bolo!
Essa última
sequência mostra a inteligência e a percepção de Blanc, mostrando que ele é um
excelente detetive, e é interessante retornar aos fatos, preencher lacunas, do
jeito mais canastrão possível, em uma homenagem e paródia a grandes filmes de
detetive do passado… amei “Entre Facas e
Segredos” do início ao fim, em todas as suas ideias inusitadas e sua
competência para conduzi-las. Rian Johnson já expressou o desejo de transformar
o filme em uma franquia protagonizada pelo Detetive Benoit Blanc, e é uma pena
que o segundo filme não teria nomes como Chris Evans e Ana de Armas, mas se for
um caso tão interessante quanto esse,
eu acho que tem tudo para ser uma franquia de muito sucesso, cada novo filme
uma nova história, mantendo a novidade, o frescor, um gênero mesclado que eles
criaram e funcionou perfeitamente.
Eu estou
ansioso por informações de um segundo filme!
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Resumo, Harlan se suicidou a toa porque Marta aplicou o remédio certo.
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