Sandman, Volume 1 – Uma Esperança no Inferno / Passageiros



“Sonhos são de verdade”
Maravilhosamente, parece que “Sandman” fica melhor e mais interessante a cada edição, e eu já estou apaixonado por essa história, mesmo tendo a sensação de que isso tudo é apenas a introdução de algo muito maior e mais complexo que está por vir… Neil Gaiman estava ainda apresentando o universo, os personagens, conquistando os fãs ao longo dos primeiros meses. Mas para onde “Sandman” ainda vai caminhar? Até agora, estamos acompanhando um mesmo arco, contido em “Prelúdios & Noturnos”, que começa com Sandman sendo sequestrado e aprisionado por humanos ambiciosos, e continua com o Sonho se libertando de seu cativeiro, 70 anos depois, buscando vingança e a retomada de seu poder, através das ferramentas que lhe foram roubadas há tanto tempo. Depois da algibeira, ainda restam o elmo e o rubi.
A quarta edição de “Sandman”, “Uma Esperança no Inferno”, mostra a descida de Sandman ao Inferno, atrás do anjo caído (“É chegada a hora de eu trilhar o abismo. Hora de retomar o que é meu. Devo falar com Estrela da Manhã”), para que possa recuperar a segunda de suas ferramentas… O ELMO. Eu adorei a maneira como essa edição é diferente das anteriores, apresentando um novo e interessante cenário: o Inferno. Sonhos desce, atravessando o Espaço Desnudo até as portas do inferno, pedindo para falar com Lúcifer, mesmo que não esteja colocando muita expectativa nesse encontro: “Eu tenho muitos nomes, mas sou o Rei dos Sonhos e da Seara dos Pesadelos. Quero falar com mestre Lúcifer, o senhor do Inferno”. Então, Sonho entra no Inferno, caminha pelo Bosque dos Suicidas, agora uma floresta, até chegar a Dis, a cidade infernal, e ao Palácio de Lúcifer…
É aqui que vemos, pela primeira vez, um importante personagem de “Sandman”, que inclusive ganhou uma revista “solo”, de onde saiu a ideia básica para a atual série da Netflix, “Luficer”. Sandman explica o que está fazendo ali: seu elmo foi roubado e um de seus demônios o tem, e ele o quer de volta. Então, Sandman descobre que muita coisa mudou no Inferno desde que ele esteve ali pela última vez… por exemplo, agora o Inferno não é comandado por Lúcifer sozinho, já que ele tem a companhia de Belzebu, o senhor das moscas, e Azazel – o Inferno, agora, é um triunvirato: três regentes dividem o poder. Mas eles aceitam “ajudar” o Sandman, trazendo todos os demônios para uma planície, para que Sandman possa vê-los e possa identificar quem é que está com o seu elmo, para obrigá-lo a devolvê-lo: e então ele descobre Coronzon.
Coronzon, o demônio que tem o elmo de Sandman, aceita devolvê-lo apenas através de um desafio e, uma vez desafiado, ele tem o direito de escolher o seu campo de batalha: e escolhe a realidade. Sonho está mais fraco que o normal, mas o duelo no Clube de Fogo do Inferno é interessante e ele precisa jogar com sua mente, com sua inteligência, e Sandman é astuto… o duelo é interessantíssimo, uma sequência crescente na qual eles precisam “se transformar” em algo que possa destruir o que quer que o adversário fosse anteriormente, sem nunca hesitar… e quando Coronzon se transforma em um devorador de universos, o fim de tudo, e parece que não há mais nada que Sonho possa ser para vencer essa batalha, ele se transforma em esperança, e então Coronzon fica sem ter o que fazer. Perdendo a batalha, ele é obrigado a devolver o elmo de Sonho.
É uma sequência e tanto!
E quando Lúcifer e os demais demônios querem prender Sandman lá, ele reage:

“Você afirma que não tenho poder? Talvez seja verdade… mas… também diz que sonhos não têm poder aqui? Diga-me, Lúcifer Estrela da Manhã, indague-se… na verdade, indaguem-se todos vocês… que poder o Inferno teria se aqueles aqui confinados não fossem capazes de sonhar com o Paraíso?”

Gente, o Sandman é muito F*DA!
Assim, ele vai embora, com todos os demônios abrindo alas para ele passar, incapazes de fitar-lhe os olhos. E, assim, ele parte em busca da última ferramenta que lhe foi roubada: o rubi. A quinta edição, “Passageiros”, narra essa busca de Sandman, e o que a bruxa lhe dissera era que ele devia ir atrás da Liga da Justiça pelo seu rubi, então ele vai atrás do “Scott Free”, e eu adorei vê-lo interagir com o personagem, naturalmente, através dos sonhos: “Abro os olhos num quarto estranho e, por um instante, não sei onde estou. A desorientação se dissipa: um quarto na embaixada da Liga da Justiça Internacional em Manhattan, muito distante de Apokolips”. E o que ele descobre é que o rubi esteve com o Dr. Destino, que “usava a gema pra afetar os sonhos das pessoas… tornava reais os pesadelos delas”. Amei a construção da narrativa!
Tem tudo a ver, faz incrível sentido!!!
Enquanto isso, acompanhamos a fuga do Dr. Destino de Arkham, também para buscar o rubi…
E ele nos explica um pouco mais sobre o que é o rubi de Sandman:

“Você sabe do que são feitos os sonhos, Rosemary Kelly? […] As pessoas acham que os sonhos não são de verdade porque não são de matéria, de partículas. Sonhos são de verdade, mas são feitos de pontos de vista, de imagens, de recordações, de trocadilhos e esperanças perdidas… o rubi parece transformar tudo isso em matéria, força cada elemento a se traduzir em formas que podemos reconhecer neste mundo. também controle os sonhos em seu estado bruto. Os seus sonhos, os sonhos de qualquer pessoa”

Gente, essa descrição é FANTÁSTICA. Eu gosto muito disso em “Sandman”, de como a história é interessante e nos conquista, de como os traços e alguns trechos às vezes são macabros, mas como tudo, de certa maneira, assume um tom belo, quase poético, com um tom claro de melancolia… é uma construção incrível de atmosfera que me fascina! Scott, sem saber onde encontrar o rubi que Sandman busca, o leva até o único membro da velha Liga da Justiça que sobrou, e que talvez saiba de algo: J’onn J’onzz, o último dos marcianos. E quando perguntado a respeito do Rubi de Sandman, o D’Orilar, a Pedra da União, ele se lembra dos troféus da Liga que estão num armazém ao norte de Gotham, em uma cidadezinha chamada Mayhew.
Sandman precisa ir para lá!
E ESSA É,PROVAVELMENTE, A MINHA PARTE FAVORITA DA EDIÇÃO! Ao saber onde está o seu rubi, sua última ferramenta roubada, Sandman parte para lá imediatamente, mas a maneira como ele viaja até a cidadezinha é a melhor coisa! Temos uma página inteirinha de suas “viagens”, pulando de sonho em sonho, habitando rapidamente o sonho de várias pessoas, que o carregam como passageiro sem nem se darem conta… de sonho em sonho ele viaja até que esteja em Mayhew, e eu achei isso genial e lindo de se ver. É simples, é inteligente, e ficou incrível nas páginas! Até arrepiou aqui. Mas a terceira ferramenta acaba que não é recuperada com tanta facilidade… o Dr. Destino a modificou para que ela respondesse apenas a ele, e agora Sandman parece não ter mais controle sobre o rubi. O rubi o “ataca”, o deixa inerte no chão e, no fim da edição, se reúne com o Dr. Destino.
O Dr. Destino + o rubi versus Sandman.
Wow.

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