[Series Finale] Dark 3x08 – Das Paradies (O Paraíso)
“Tive uma sensação muito estranha. Como um alívio”
A conclusão
de uma verdadeira obra de arte… foi lindo acompanhar “Dark” ao longo dessas três temporadas, e o final não podia ter
sido mais satisfatório. Assumindo um tom emocionante e poético, embora melancólico,
o último episódio nos proporcionou respostas, amarrou pontas e transmitiu uma
sensação tão boa – a mensagem envolve esperança e paz, e tudo de uma maneira
calma e clara. Eu confesso que nem esperava que fosse assim… tivemos linhas do
tempo complexas ao longo das duas primeiras temporadas, e então a terceira
apareceu incluindo universos paralelos
e, eventualmente, realidades alternativas sobrepostas, e é impressionante como
todo o roteiro complexo foi bem planejado
desde o início e é finalizado de uma forma competente que deve agradar aos
fãs de ficção científica… além disso,
todos os elementos que já comentamos fazem a experiência ser sublime.
“Dark” mexeu comigo, foi uma série e
tanto!
Vai deixar
saudade, sim, mas foi lindo ver esse ciclo se fechando.
O episódio
começa de onde o outro parou… no último episódio, completamos os ciclos e
recebemos quase todas as respostas que queríamos. Apenas uma grande pergunta
pairava no último episódio: O que vai
acontecer de agora em diante? Eva tinha garantido que o ciclo continuasse
idêntico, fazendo com que a Martha mais jovem matasse o Jonas, enquanto Adam tentara, pela milionésima vez, mas
sem saber, matar Martha e o bebê que ela esperava, que ele achava ser a
“origem” de tudo – ele esperava que isso quebrasse o ciclo, mas o ciclo se
manteve intacto depois disso. E então Claudia aparece para oferecer-lhe a
solução: “Toda jornada tem um começo. Mas
a sua não tem fim. Ela continua para sempre. Estou aqui para que a sua jornada
finalmente tenha um fim”. Adam não entende como o ciclo pode se manter,
mesmo depois disso…
Claudia,
então, faz suas explicações: a origem
está FORA dos dois mundos.
“Nosso raciocínio é marcado pela dualidade. Preto e
branco. Luz e sombra. O seu mundo e o mundo da Eva. Mas isso está errado. Sem
uma terceira dimensão, nada está completo”
Então,
ouvimos falar, pela primeira vez, de um TERCEIRO MUNDO, que eu chamei de
“Mundo-0”, um mundo de onde os outros mundos nasceram… um mundo de origem. Foi lá que o “nó” nasceu, foi lá onde tudo se
original e, lá, um único erro foi cometido: Tannhaus, depois de perder tudo o
que tinha no mundo de origem (o filho, a nora e a neta), não descansou enquanto
não criou uma máquina do tempo, uma maneira de voltar no tempo para um momento
em que eles ainda estivessem vivos… de
enganar a morte. Então, no fim, Tannhaus é que é a “origem”, em outro
mundo… assim como Jonas, ele nunca
conseguiu deixar para trás o que/quem ama, e não desistiu. Assim, só existe
uma maneira de romper o nó, e é voltando
ao mundo original e impedir que a viagem no tempo sequer seja inventada – e
existe algumas maneiras de fazê-lo.
Jonas escolhe
a mais humana de todas, no final.
Enquanto Adam
procura desesperadamente por uma maneira de escapar
do ciclo, Eva mantém tudo como sempre foi, e vemos, realmente, a cena em
que ela convence Martha de que o filho que carrega na barriga é a origem, que
“o seu filho dará vida aos dois mundos, alternadamente”. Então, Martha tem a
oportunidade de conhecer seu filho, em suas três versões… o personagem sem
nome, com a cicatriz no lábio, que já gerou tanto interesse e curiosidade, e
que agora, naquele momento, é apenas uma
criança amedrontada querendo um abraço da mãe. É uma cena bizarra, que
causa certo desconforto, sem deixar de ser tocante, de alguma maneira… e, naquele
momento, entendemos que Martha/Eva sempre fará de tudo para proteger a vida de
seu filho… inclusive matar o Jonas, e é
de arrepiar vê-la se tornar aquela Martha.
Ambos fizeram
coisas inimagináveis em sua jornada.
E agora a jornada chegou ao fim.
Claudia
explica a Adam seu plano, fala sobre como entendeu que deveria haver um terceiro mundo, de origem – depois de tanto tentar
entender como todos podiam nascer de uma
mesma árvore genealógica, de novo e de novo, ela percebe que nem todo mundo era parte do nó… Regina, por
exemplo, não era. Os dois mundos eram um câncer criado pelo erro de
Tannhaus, e agora precisavam ser apagados, revertidos ao mundo original, onde
tudo o que surgisse dessa “doença” desapareceria, e permaneceria vivo apenas aqueles que existiam no mundo de
origem… sem viagem no tempo. Enquanto Claudia dizia isso, eu não pude
deixar de me perguntar: QUEM É QUE SOBRA NA ÁRVORE GENEALÓGICA DE WINDEN SEM AS
VIAGENS NO TEMPO? Mas o episódio vai nos mostrar isso, eventualmente… Regina é uma dessas pessoas, e foi isso que
motivou Claudia até o final.
O mundo de origem era o único no qual Regina
poderia viver.
Durante muito
tempo, nesse ciclo infinito, Claudia mentiu tanto para Adam quanto para Eva,
para manter o nó, para garantir que tudo seria idêntico, para garantir “uma
cadeia infinita de causa e efeito”. Enquanto ela explica isso, a série nos
apresenta uma cena de Ulrich, por exemplo. No mundo um, ele ataca Helge
criança, em 1953, e o deixa com a cicatriz na orelha, na tentativa de salvar o
irmão e o filho… no mundo dois, ele ataca Helge já adulto, em 1986, e o deixa
com uma cicatriz no olho, também na tentativa de salvar o irmão… em nenhum dos casos ele conseguiu. “Enquanto
o nó existir, estamos condenados, nos dois mundos, a sentir e causar todo o sofrimento
de novo”. Lembro-me de essa cena do Ulrich ter sido uma das mais chocantes
na primeira temporada, e foi intenso
revê-la ao lado da sua “paralela” no outro mundo… nos dois casos, o resultado é o mesmo.
“Enquanto o nó existir, estamos condenados nos dois
mundos a sentir e causar todo o sofrimento de novo. Não há nenhuma diferença
entre os dois mundos. As coisas podem não acontecer do mesmo jeito nem no mesmo
tempo. Mas acontecem. Ninguém nesse nó pode escapar de seu destino. Cada peça
do quebra-cabeça sempre encontra seu lugar”
Então, Claudia
teve que interpretar seu papel, cumprir sua missão para manter o nó intacto,
até descobrir a brecha que Adam busca a
tantos anos: onde as coisas podem finalmente mudar, e isso se junta a um
dos primeiros episódios da temporada, quando o Apocalipse foi brevemente
“explicado” através de uma fala na rádio… durante o Apocalipse, o tempo parou por uma fração de segundo, e é
nessa fração de segundo que está a brecha, o momento onde a cadeia eterna de causa e efeito pode ser rompida. Ali, as coisas podem ser mudadas. Eva já
sabe sobre ela, ela usa essa brecha para mandar Martha em uma ou em outra
direção… agora Adam precisa fazer a mesma
coisa e usar a brecha para mandar o Jonas em outra direção – quebrar o ciclo,
enviá-lo para o mundo de origem, para que ele possa impedir que a máquina do
tempo seja criada.
Assim, tudo
pode terminar.
Voltamos,
então, ao Dia do Apocalipse, do fim da segunda temporada, logo que Adam matou
Martha. Jonas está lá, chorando sobre o corpo ensanguentado de Martha,
prometendo que “vai consertar tudo”, e então o Adam chega – para Jonas, ele é o
cara que acabou de matar a Martha,
então ele não quer ouvi-lo, não quer confiar nele, e deve ter sido mesmo muito
difícil… mas Adam não espera, ele não tem tempo a esperar. O Apocalipse é
naquele instante, e é aquele instante que ele precisa aproveitar. Ele diz que
pode explicar tudo, mas não ali, e então o leva… a última esperança. Adam deixa Jonas na caverna do segundo mundo, e temos quase uma
recriação perfeita da cena que Jonas teve com Martha no primeiro episódio dessa
temporada, na qual Jonas pergunta “que tempo é aquele” e Adam responde que a
pergunta não é “que tempo”, mas sim “que mundo”.
Adam pede que ele confie nele mais uma vez…
É a sua chance de mudar tudo, de não se
tornar ele, de nada disso acontecer.
Adam pede que
Jonas salve a outra Martha – afinal
de contas, a culpa também é dela, e os dois precisam partir juntos para o mundo
de origem para resolver tudo. “Somente
juntos podem voltar ao mundo de origem”. Adam conseguiu tirar Jonas do
ciclo, e o levou para o outro mundo, onde o Apocalipse não acontece exatamente no mesmo momento – e agora entendemos o
porquê de isso ser importante: porque Jonas tem que aproveitar esse momento
para salvar a Martha, para tirá-la do
ciclo. Ele tem que resgatar Martha antes
de ela ser levada por Magnus e Franziska. E ENTÃO A CENA É ELETRIZANTE.
Jonas corre contra o tempo pela floresta, enquanto Martha está em uma bicicleta
com Bartosz, e quando Jonas chega, já está
quase acontecendo… Magnus e Franziska estão prestes a levá-la. Jonas
programa a máquina que Adam lhe deu, a coloca no bolso e então corre.
AQUELA CENA
FOI TÃO BOA DE ASSISTIR.
Não sei
explicar a sensação, mas me senti energizado – acho que eu senti toda a
adrenalina de Jonas: aquela era a única
esperança que eles tinham, a única maneira de quebrar o ciclo, e eu acho que
“Dark” nos permitiu sentir isso tudo. Jonas corre até Martha no instante
correto, a abraça, e então os dois são
transportados para um novo tempo. Ainda não é o mundo de origem, ainda temos
uma escala. E, novamente, os paralelos são fenomenais. Martha está
chorando, emocionada, feliz em vê-lo vivo, mas
ele não a conhece… esse Jonas nunca esteve com essa Martha. E dói quando ela
percebe que ele não a conhece. Os dois se olham com lágrimas nos olhos (AI,
A ATUAÇÃO!), mas eles não têm muito tempo para conversar… eles estão no mundo
de origem, mas eles ainda não estão no
lugar certo para impedir que o nó se crie e o primeiro ciclo se inicie.
“Hoje é 21 de junho de 1986. O dia em que nossos dois
mundos foram criados. Não aqui, mas no mundo dele. Tannhaus, o relojoeiro, abrirá a passagem
hoje pela primeira vez. […] Não temos muito tempo. Temos que impedir que tudo aconteça”
Ainda não estamos no mundo de origem. É ali,
em 21 de junho de 1986, quando Tannhaus ligar a máquina e a passagem for aberta
pela primeira vez, que uma ponte de
abrirá entre os três mundos – só assim eles podem, talvez, chegar ao mundo
de origem – “Por um breve momento, haverá
uma ponte entre os 3 mundos”. Jonas explica parte do plano para Martha,
explica que, no fim, “eles são o erro na matrix”. Ele explica que eles precisam
impedir que o mundo dele e o mundo dela
existem, porque os dois são um erro. Assim, Jonas e Martha se aventuram
pelas cavernas de Winden pelo que esperam ser
a última vez, para impedir que Tannhaus divida a realidade e dê vida aos
novos mundos. E eu fiquei me perguntando como eles fariam isso: eles destruiriam a máquina? Eles matariam
Tannhaus? Eles impediriam a morte da família?
Qualquer coisa parecia servir.
Em paralelo,
acompanhamos uma cena surpreendentemente
emocionante de Adam e Eva. Adam já queimou as coisas de Eva, e agora ele
aparece, depois de “ter destruído a origem não ter resolvido nada”, e Eva acha
que sabe o que vai acontecer… ele diz a Adam que ele vai matá-la hoje, e que a
Martha vai encontrá-la, como já a encontrou antes, e então ela ficará contra
ela, para eventualmente se tornar a própria Eva. Mas, dessa vez, Adam não vai fazer o que sempre fez, o que fez milhares
de vezes. Ele está com uma arma na mão, e a própria Eva a coloca contra
ela, mas o tiro não funciona.
Confusa, a própria Eva aperta o gatilho, porque aquilo tem que acontecer daquela maneira, mas Adam já está
finalmente fazendo suas mudanças… ele tem
outro plano dessa vez. As balas estão todas na sua mão, a arma está vazia
e, dessa vez, ele não vai matá-la.
“Não está certo. Não aconteceu assim. Nunca… nunca
aconteceu assim. Você me matou. Todas as vezes”
Assim como o
jovem Jonas explicou para Martha, Adam também explica para Eva: os dois são o erro, e tudo o que fizeram e
tudo o que se originou deles será esquecido no final. Eu realmente não esperei
que a cena dos dois fosse emocionante, mas eu já estava tocado demais pelo
episódio como um todo… então foi. Mas não tanto quanto Jonas e Martha, que
estavam se preparando para pular para o Mundo de Origem. Enquanto esperam a
passagem se abrir, Jonas pergunta a Martha sobre “o Jonas do seu mundo”, se
“ele era diferente”, e aquilo ME DESTRUIU, porque foi a mesma coisa que uma vez
Martha perguntou a Jonas, sobre “a Martha do mundo dele”, se “ela era
diferente”. E, então, Tannhaus liga a
máquina e, naquele momento breve, a passagem se abre… Adam e Eva se abraçam.
Jonas e Martha são envolvidos por uma luz… e então eles são transportados.
Por um
momento, eles estão em lugar nenhum.
Um lugar além do tempo e do espaço, que nos proporciona uma das sequências mais
emocionantes de toda a série. É triste, ao mesmo tempo em que é muito bonito –
e, de certa maneira poético. Jonas abre os olhos e está na “ponte”, digamos
assim. No lugar entre-mundos. Ele chama por Martha, o seu grito, com certo
desespero, ecoa pelo espaço vazio, mas
ele está sozinho. Ela também está lá, em algum lugar que ele não pode ver,
e também chama por ele, seu grito também eco pelo vazio, mas ela também está
sozinha, e isso nos causa certo desconforto ao mesmo tempo em que, de certa
maneira, causa paz… eu acho que tem a
ver com aquela noção de “paraíso” que será retomada no fim desse episódio em
outro mundo emocionante. Jonas e Martha
não ficam sozinhos muito tempo.
Jonas escuta
risadas de uma criança, e uma porta se abre em algum lugar atrás dele e,
através dela, ele vê Martha, ainda criança… uma Martha que olha diretamente
para ele dentro do seu armário, e
comenta com Katharina: “Ele parece
triste. […] O menino que está ali”. Essa cena me fez pensar muito em “Interestelar”. Katharina não pode
vê-lo, apenas Martha. Depois, Martha passa por uma experiência parecido, e vê o
Jonas quando criança (detalhe para a sua jaquetinha amarela, AMEI!), e ele está
com Michael, e ele também pode ver a Martha, embora Michael não a veja – “Tem uma menina”. A cena representa
muito bem o que eu senti durante todo o episódio: é bonito, é emocionante e, ao
mesmo tempo, é triste. As portas se fecham, Jonas e Martha se afastam delas, e
então eles acabam se esbarrando, acabam se reencontrando
naquele lugar.
Prestes a
deixarem de existir.
Mas eles têm
uma missão antes…
Eles dão as
mãos e caminham através da passagem, direto para o Mundo de Origem, na noite em que Tannhaus perdeu tudo. E
eu achei isso INTERESSANTÍSSIMO. Tannhaus não foi um personagem que
acompanhamos durante tanto tempo em “Dark”,e eu achei essa uma escolha
inteligentíssima do roteiro: “Dark”
sempre falou de causa e efeito, sempre falou de efeito borboleta, das
influências que temos na vida de outras pessoas… e muita gente nem conhecia
Tannhaus, muita gente nunca tinha tido
contato direto com ele, mas quantas vidas foram afetadas por causa de uma atitude de Tannhaus?
Quantas pessoas ao nosso redor nós também influenciamos, sem saber, através de
uma cadeia de eventos que parte de algo que fazemos, dizemos ou decidimos? Eu
acho que essa é uma reflexão muito inteligente que “Dark” traz para a nossa vida nesse
último episódio.
Marek, o
filho de Tannhaus, está decidido a ir embora da casa do pai depois de uma briga
com ele, com a esposa, Solja, e a filha dos dois – numa noite de chuva forte em Winden. É ali que acontece o acidente,
é ali que Tannhaus toma a decisão de criar a máquina do tempo, e é isso que
começa tudo… a origem. E é isso o que
Jonas e Martha têm que impedir. Por um segundo desesperador, eu achei que Jonas e Martha fossem causar o acidente
de Marek, e aquilo já estava me destroçando, porque então tudo recomeçaria e, no fim, todo o plano de Claudia teria ido por
água abaixo: eles também seriam parte do
ciclo. Mas não. Felizmente, não. Jonas e Martha fazem Marek parar o carro
aparecendo bem na frente dele, e
então eles conversam com Marek. Jonas diz que a ponte está bloqueada, que
“houve um acidente”, e fala aquilo de “O
que sabemos é só uma gota. O que ignoramos é um oceano”, que Tannhaus
sempre dizia para o filho. Martha fala que “o pai dele o ama muito e faria tudo
por ele”.
Naquele momento, Marek resolve dar meia
volta, esperar o dia seguinte.
E ele volta para casa acreditando ter visto
um par de anjos.
ISSO É TÃO
BONITO, TÃO EMOCIONANTE.
Ali, Jonas e
Martha FINALMENTE quebraram o ciclo, desataram o nó. E, com olhinhos cheios de
lágrimas em um momento emocionante, temos um dos diálogos MAIS BONITOS de toda
a série, a emoção tomando conta de tudo:
“Você acha
que deu certo?”
“Na luz...
eu vi você. Quando criança. Estava olhando para mim. Como se também pudesse me
ver”
“No
armário? Era você? Não foi um sonho. Acha que sobrará alguma coisa de nós? Ou é
isso que somos? Um sonho? Nunca existimos de verdade?”
“Eu não
sei. Somos um par perfeito. Nunca duvide
disso”
O QUANTO ESSE
MOMENTO ME PARTIU O CORAÇÃO NÃO PODE SER DESCRITO. Doeu profundamente me
despedir de Martha e Jonas… parte de mim não queria deixá-los ir, e eu me
emocionei com eles, mas eu sabia que era necessário. Ali, eles resolveram tudo, eles acabaram com toda a dor e o sofrimento
– e começaram a se desintegrar. Jonas estende a mão para Martha, ela a
segura, e os dois se vão, se desfazendo em luz. Quase como anjos, como Marek achou que eles fossem. Adam e Eva
também se desintegram, e ele também busca a sua mão antes de sumirem. Também
vemos Jonas adulto desaparecer, e a Martha adulta, ao som de “What a Wonderful World”, e podemos ver
a serenidade no olhar de cada um deles… podemos ver a paz tomando conta deles. É melancólico, mas é o paraíso pelo qual
eles tanto esperaram, naquele doloroso ciclo eterno.
Agora, eles vão descansar.
Agora, tudo será esquecido.
Agora, toda a dor que já sentiram será
apagada.
É
emocionante, é bonito, e é triste.
Então,
conhecemos um pouquinho do Mundo de Origem, mas não precisamos de mais do que
uma cena. É triste saber que tantas
pessoas de quem gostamos nunca existem, sem toda aquela confusão, mas
também foi lindo ver aquela reunião na casinha vermelha… pessoas como Hannah,
Katharina, Regina, Woller… mais felizes
do que jamais os vimos. É como se fosse “uma nova chance”, e eles têm tempo
até para fazer uma piadinha sobre o olho
do Woller, porque nunca soubemos o porquê da cicatriz. Não deixa de ser “Dark”, e é interessante como tem o
mistério, tem o resquício de algo,
talvez… ouvimos trovões, a luz acaba, e Hannah sente algo. Ela olha para a
cadeira e vê um casaco amarelo, e
então não pode deixar para trás a sensação de déjà-vu, mais forte que nunca. É bizarro, e interessante, porque
acho que, de certa maneira, parte do sentimento ainda está ali.
Hannah fala
sobre o sonho… sobre como sonhou com as luzes piscando, com o barulho, com “o
fim do mundo”, e a sua descrição nos remete imediatamente ao “PARAÍSO” sobre o
qual tanto ouvimos falar nessa temporada… o Paraíso no qual Adam acreditava,
que Noah buscava eternamente, o Paraíso que dá nome ao episódio final de “Dark”, e que eu acredito que os
personagens enfim alcançaram. É, provavelmente, a descrição mais perfeita e
mais poética do Paraíso de “Dark”:
“Parece um completo absurdo, mas... isso é exatamente o que sonhei ontem à
noite. A luz estava piscando. Houve um
barulho. E, de repente, tudo ficou escuro. E não sei como... era o fim do
mundo. […] Só ficou escuro e nunca mais clareou. Tive uma sensação muito
estranha. Como um alívio. De que tudo tinha acabado. Como se, de repente,
estivesse livre de tudo. Nenhum desejo. Nenhuma obrigação. Escuridão infinita.
Sem ontem. Nem hoje. Nem amanhã. Nada.”
WOW.
É estranho
como esse discurso de Hannah, que ecoa discursos que ouvimos de Adam e Noah
anteriormente, pode ser assustador, dependendo de como o interpretamos, mas ela
não o descreve como algo sombrio…
para ela, foi como a sensação de “alívio”, e foi assim que o Paraíso de “Dark” foi concebido: como o alívio de não ter que fazer mais nada
daquilo, como o lugar em que tudo será apagado, em que eles finalmente poderão
estar em paz. E foi bonito colocar Hannah dizendo essas palavras – de certo
modo, era como se parte de tudo o que acompanhamos ainda vivesse. Por fim, uma
última brincadeira com as nossas
emoções. Hannah está grávida de Woller, e os amigos lhe perguntam sobre o nome
do bebê, se eles já escolheram ou não, e a verdade é que não, mas naquele
momento Hannah sabe exatamente como deve chamar o filho:
“Acho Jonas um nome bonito”
Essas são as
últimas palavras de “Dark”. E arrepiam.
Uma verdadeira
obra-prima!
Para mais postagens de Dark, clique aqui.
Quando comecei a assistir Dark, logo encontrei seu blog e assistir essa série incrível acompanhada dos seus textos foi uma experiência singular. Diria até que fez a série valer mais a pena.
ResponderExcluirEstava muito ansiosa pelos seus textos da terceira temporada e compartilho do seu sentimento com o final, essa história é uma verdadeira obra-prima.
Parabéns pela escrita!
Andrelúcia, muito obrigado pelas palavras! Fiquei até emocionado! Fico tão feliz em saber que tem pessoas lendo e gostando dos textos, que também são importantes para vocês... muito obrigado! <3
ExcluirVlw Jefferson, cada minuto da serie, juntamente com teus textos sobre, porque desde sempre paradatemporal e dark andam de mãos dadas pra mim. grande Abraço
ResponderExcluirObrigado, Mateus! Achei tão bonito isso de "paradatemporal e dark andam de mãos dadas pra mim". Muito obrigado, de verdade! :)
ExcluirCara, que texto é esse? Tô chorando aqui. Tão bonito quanto a série e quanto o último episódio. DARK é para mim a melhor série que já assisti até hoje, e acho que vai ser difícil ela perder essa posição. Parabéns! Valeu!
ResponderExcluirMuito, muito obrigado, Decio!
ExcluirFico muito feliz de saber que gostou! :)
Li todas as resenhas desde os primeiros episódios, me ajudou a entender muitas coisas que não tinha entendido, parabéns por dedicar seu tempo com esse blog tão bem escrito, obrigado por nós ajudar com a compreensão de uma série tão complexa e tão bem escrita como Dark, obra prima que vai estar pra sempre em nossas lembranças. Abraços Jefferson
ResponderExcluirFico muito feliz de ler seu comentário! Muitíssimo obrigado, de verdade! Abraços! :)
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