Sítio do Picapau Amarelo (2004) – A Estrada: Parte 1



“Timbó quer, Timbó faz”
A ÚLTIMA HISTÓRIA DESSA TEMPORADA – e também a última vez em que Lara Rodrigues e César Cardadeiro serão Narizinho e Pedrinho no “Sítio do Picapau Amarelo”. Na última história da terceira temporada, que foi ao ar no início de 2004, antes da estreia da “nova programação” da Globo, com novas histórias e novidades no elenco, conhecemos o terrível Coronel Timbó Jr. e a misteriosa garota Cléo. “A Estrada” já começa sua primeira semana repleta de histórias, e podemos enumerar pelo menos cinco: 1) o Coronel Timbó Jr. e toda a sua ambição e maldade, querendo comprar o Sítio da Dona Benta a qualquer custo; 2) o Saci que o Coronel tem na garrafa, e os demais sacis que tentam ajudá-lo; 3) o rapto da Tia Nastácia pela Cuca, num estilo meio “O Minotauro”; 4) a chegada da misteriosa garota Cléo; e 5) o retorno de Badalo, lá do “Zumpilion”.
Wow.
O perverso Coronel Timbó Jr. está determinado a comprar as terras de Dona Benta para poder construir uma estrada que o leve mais depressa para as suas terras, e ele não vai medir esforço para fazer isso, recorrendo a atividades ilegais e potencialmente cruéis, como colocar fogo na mata, mesmo que seja uma reserva ecológica. O Coronel Teodorico, que conhece muito bem a sua comadre, sabe que ela não vai querer vender as terras, mas Timbó não se importa com isso: “Timbó quer, Timbó faz. Aquelas terras hão de ser minha. E ai de quem se meter no meu caminho”. Timbó é caricaturado e nojento, mas, mesmo assim, eu acho que ele entra entre os vilões mais cruéis do “Sítio do Picapau Amarelo”, porque eu achei bem sofrido assistir às cenas de incêndio, a começar por aquele momento em que ele coloca fogo no galinheiro para amedrontar a Dona Benta…
Assustador.
Enquanto isso, o Visconde encontra uma nova orquídea nas redondezas, uma beleza que nunca foi catalogada, e Dona Benta se encanta com como o capoeirão é uma riqueza que deve ser preservada. Mas, logo em seguida, o Coronel Timbó chega ao Sítio acompanhado do molenga Teodorico, e quando ele chega, Pedrinho já avisa que foi ELE quem tentou roubar o unicórnio, há pouco tempo… nós nem chegamos a ver a “conversa” dele com a Dona Benta, mas para a senhora, que é tão calma e centrada, se estressar e começar a gritar daquela maneira… a Tia Nastácia e as crianças escutam os gritos da cozinha e vão ver o que está acontecendo, e encontram a Dona Benta alterada na sala, dizendo que não está interessada em vender suas terras, e não adianta insistir, porque ela não vai mudar de ideia. Mas Timbó Jr. diz que ela vai sim vender.
Ele coloca um monte de dinheiro em cima da mesa…
…mas Dona Benta o “convida” a se retirar.
Timbó Jr. não é como a maioria dos vilões do “Sítio do Picapau Amarelo”, porque ele não é engraçado, não é divertido, e suas maldades têm consequências séries e quiçá permanentes. Ele começa mandando colocar fogo no galinheiro do Sítio, que é uma crueldade sem tamanho. Fiquei triste com o Zé chorando, ou com como todos olhavam para o galinheiro em chamas, enquanto o Zé Carijó e o Tio Barnabé jogavam água sem muito sucesso para aplacar o fogo. A cena é forte e deprimente, diferente do que estamos acostumados a ver no “Sítio”. O galinheiro já era, completamente acabado, e vemos a Emília abraçada à Dona Benta, enquanto todos estão em choque com o que acabou de acontecer… Emília, então, faz o Visconde investigar, e ele descobre uma prova de que o incêndio no galinheiro foi criminoso, e ela sabe quem foi:
O Coronel.
Assim, Emília e Visconde vão atrás do Coronel Timbó Jr., e ele não nega que tenha sido ele mesmo, e ainda diz que “isso foi coisa pequena, só um aviso, e que se Dona Benta não vender suas terras, ele vai fazer coisa muito pior”. Esse tipo de ameaça explícita é bastante forte. Eles contam para Dona Benta o que ele falou, e mais tarde os besouros da Emília escutam o Coronel dizer que vai fazer mais alguma coisa, e então Dona Benta percebe que ela vai precisar de um advogado contra esse cara, e Emília resolve o problema, colocando o Visconde na biblioteca para estudar todos os livros de direito, e ainda que ele proteste que, para ser advogado, precisa de uma faculdade, ela não arreda o pé: “Só sai daqui quando for um bom advogado”. E, mais tarde, Visconde reaparece já com roupa de advogado, pronto para defender a Dona Benta quando precisar.
E ela vai precisar…
Enquanto isso, o Coronel Timbó diz que “se Dona Benta não vende por bem, vai vender por mal”. Na mata, alguns novos sacis chegam em busca do Saci do Capoeirão dos Tucanos para pedir sua ajuda, porque um cara cruel prendeu um de seus primos, e ele está agora em uma garrafa, e o Saci prontamente se prepara para ajudar. Cuca, por sua vez, diz que “está muito ocupada porque ainda tem que recuperar a sua varinha”, então se recusa a ajudar, e a Iara também não quer ajudar porque acabou de aparecer uma nova ruga no seu rosto ou algo assim, e ela “precisa se cuidar”. Então, os sacis pedem a ajuda de alguém que realmente vai poder ajudá-los: o Caipora. E eles vão em busca do cara malvado que levou um de seus primos, mas eles também têm que se preocupar com outras coisas, COMO O FOGO QUE TOMA CONTA DO CAPOEIRÃO.
Depois do galinheiro, Timbó coloca fogo na mata!
Ainda temos a história da pobre Tia Nastácia. A Cuca ama a torta da cozinheira que o Pesadelo roubou do Sítio, e fica brava por ele estar comendo aquela delícia enquanto dá aquela gororoba para ela comer, e então ele solta um “Se você quer comida gostoso, por que não pega a Tia Nastácia para cozinhar pra você?”, e imediatamente isso me fez lembrar do Minotauro, para quem a pobre senhora ficou cozinhando seus famosos bolinhos de chuva… então, quando a Iara aparece na caverna da Cuca para pedir a ajuda da jacaroa, porque acha que uma nova ruga apareceu no seu rosto, Cuca vê a sua oportunidade. Iara quer uma poção de beleza da Cuca, e Cuca propõe um acordo: ela dá a poção de beleza se ela trouxer a Tia Nastácia para ela… e não é nada difícil para a Iara, tendo em vista que a Tia Nastácia costuma lavar roupa lá no seu riacho…
Assim, quando a Tia Nastácia começa a lavar a roupa, a Iara começa a cantar, o que fascina a Tia Nastácia em toda sua inocência. Assim, ela consegue levar a cozinheira para a caverna da Cuca e conseguir sua poção de beleza. Dona Benta rapidamente percebe que Tia Nastácia está demorando demais para voltar do riacho e fica preocupada, mas ninguém parece encontrá-la. O Zé encontra apenas o cesto de roupas abandonado na beira do riacho, o que é muito suspeito. Enquanto isso, a pobre Tia Nastácia tenta convencer a jacaroa a não comê-la viva, dizendo que já está velha e que sua carne já está dura, mas Cuca explica que ela não planeja devorá-la: ela está ali para ser sua cozinheira, ou sua “Estrupícia #2”. Claro que a Tia Nastácia vai ter dificuldade para cozinhar com o tipo de ingredientes que a Cuca tem à disposição na sua “cozinha”.
Mas vamos falar sobre o fogo no capoeirão, e como isso é DESESPERADOR. Como eu disse, o Coronel Timbó Jr. é realmente terrível, realmente cruel, muito mais que a maioria dos vilões do “Sítio do Picapau Amarelo”. Ele coloca fogo na mata, independente das pessoas e dos animais que podem morrer, apenas para poder falar para a Dona Benta que as suas terras “não passam de um punhado de mato queimado”, e forçá-la a vendê-las para ele. Zé é quem chega ao Sítio com a notícia do incêndio no capoeirão, desesperado, e eles percebem que a água que trouxeram não vai dar para nada, os bombeiros estão demorando e está ventando demais, o que pode fazer o fogo se espalhar depressa. Cuca e Pesadelo tentam apagar, mas Cuca não consegue fazer magia direito sem a sua varinha, mas eu devo dizer que tudo isso me deixou desesperado.
Quando o Pesadelo disse aquele “Cuca, o capoeirão tá pegando fogo! A gente vai ficar sem ter onde morar! […] Cuca, tá cada vez pior. Tá queimando tudo”, eu fiquei realmente desesperado. Queria muito que a Cuca também enfrentasse o Coronel Timbó Jr. depois disso, porque a Cuca de 2001 o faria… afinal de contas, em “Caçadas de Pedrinho”, foi ela que deu um jeito nos caçadores que se atreveram a caçar na SUA mata. Agora ela não vai fazer nada contra quem colocou fogo na mata e quase acabou com tudo o que ela tem? Felizmente, Emília usa a varinha da Cuca no momento certo – aquela varinha que foi roubada da jacaroa há algum tempo, ainda durante “O Rodeio”. Emília consegue fazer um feitiço para que comece a chover, e isso apaga o fogo. É perigoso ficar usando a varinha, porque ela não sabe bem o que está fazendo, mas é necessário.
A história ainda traz novidades que ainda não foram desenvolvidas. O Badalo acabou de retornar, para buscar o Zumpilion e levá-lo embora, e também vemos a chegada de Cléo, uma garota faladeira e sorridente, cheia de segredos e histórias malucas. Ela diz que veio do Japão, em um buraco que ela cavou ela mesma, e ainda fala coisas como “Não vão não, Dona Benta. Eu tenho mais de 200 irmãos, até eles perceberem que eu fugi, vai uns 3 meses”, quando Dona Benta lhe pergunta sobre os pais se preocuparem com ela, ou “Faz mais de uns 20 anos que eu não como nada”, quando lhe oferecem comida. Alguma coisa a garota misteriosa que sabe tudo a respeito do Sítio do Picapau Amarelo e que imediatamente gosta de Pedrinho está escondendo, eles só ainda não sabem o quê… mas, ao que tudo indica, tem algo a ver com o Coronel Timbó Jr.
Depois do fogo na mata, Timbó manda um capanga e um advogado lhe representando ao Sítio do Picapau Amarelo, e quando Cléo escuta o nome do Coronel, ela fica nervosa, derruba o prato que estava secando, e trata logo de fugir e se esconder. O advogado está ali com uma nova proposta do Coronel Timbó para a Dona Benta, mas ela diz que já falou que não quer vender as suas terras, e percebemos o quanto isso faz mal para ela, o quanto ela fica nervosa e alterada. Emília, então, vai até o quarto para buscar a varinha da Cuca e transforma o advogado do Timbó Jr. em um pintinho, e manda o capanga levá-lo embora de volta para o Coronel, com um recado: se algum deles voltar a aparecer ali pelo Sítio do Picapau Amarelo, ela vai fazer o mesmo com eles. Infelizmente, isso não é o suficiente para amedrontar e afastar o Coronel Timbó Jr.
Ainda não, pelo menos.


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