Anne with an E 2x03 – The True Seeing is Within



Os instintos de Anne…
As coisas se intensificam em Green Gables – e em Charlottetown –, e a trama do ouro chega ao fim em Avonlea. Tivemos um começo de temporada bem inusitado e diferente do que vimos no primeiro ano de “Anne with an E”, e eu estou feliz com a maneira como a trama foi levada adiante depressa, sem se prolongar pela temporada toda… e a resolução foi bem crível, se você me perguntar. Não é fantasiosa do tipo “Anne salvou todo mundo”, mas tem um certo heroísmo para a protagonista, além de trazer momentos emocionantes, como aquela cena de Anne e Jerry que, para mim, foi a melhor coisa do episódio inteiro. Gostei demais desse episódio, mesmo não sendo a leveza que estávamos habituados em “Anne with an E”, porque teve o seu tom aventuresco e épico, bem no estilo das histórias que Anne adora imaginar e colocar no papel.
Os Barrys estão indo para Charlottetown para pegar o dinheiro para Nate (que se responsabilizou por recolher o dinheiro de toda a cidade para “a testagem do solo”), e Anne é convidada para ir com ela, o que é um momento bem legal para ela e Diana… e, durante toda a viagem, Anne continua sendo a mesma garota esperta e curiosa de sempre, cheia de perguntas e pronta para ouvir, e ela até consegue fazer o Sr. Barry falar um pouco sobre todo o projeto do ouro e suas finanças… e percebemos que Anne já tem algo martelando em sua cabeça, embora ela ainda não consiga dar completo sentido aos seus pensamentos. Ela sente que tem algo importante que ela está deixando passar, porque os sinais do golpe já estavam todos ali há muito tempo, mas ela ainda não consegue entender isso tudo… pelo menos até ter mais informações.
É Tia Josephine quem ajuda – a sempre maravilhosa Tia Josephine, que fez questão que Anne fosse com os Barrys porque queria vê-la. Ela fala sobre um golpe que aconteceu em outra cidade há mais ou menos 10 anos, uma cidade toda consumida pela “febre do ouro”, e ela não pode deixar de reparar em similaridades entre aquela história e o que agora está acontecendo em Avonlea… e isso intriga Anne e Diana. Tanto que as garotas resolvem investigar por elas mesmas… elas já estão em Charlottetown, de qualquer maneira, e elas podem descobrir algo sobre essa história. Para isso, elas vão até o jornal da cidade, em busca de arquivos dessa época, mas o lugar é pequeno e não trabalha com arquivos. De qualquer maneira, o homem responsável pelo jornal dá às garotas um nome importante, do jornalista que cobriu a história na época…
Malcolm Frost.
E Diana e Anne o encontram na taberna local. A cena é um máximo, porque a Anne é sempre a Anne e Amybeth McNulty a interpreta lindamente – aqui, temos aquela Anne curiosa, falante e encantadora… daquelas que consegue fazer as pessoas falarem com ela, mesmo as mais reticentes. Malcolm se interessa pelo comentário avulso de Anne sobre como “não enxergou nada quando olhou a amostra de solo pelo microscópio”, e então alerta as garotas sobre a probabilidade de isso tudo ser um golpe… ele tem as perguntas certas que fazem com que Anne junte informações e perceba que Nate e Dunlop estão enganando a cidade toda: por que ele nunca a levou em suas escavações? Por que ela não viu nada na amostra de solo? Por que apenas o capítulo sobre ouro parecia lido e estudado no livro de geologia? Por que ele pediu silêncio? Por que Nate e Dunlop estavam brigando na outra noite?
Tudo faz sentido…
Mas a Sra. Barry (AI QUE RAIVA DELA!) não quer ouvir o que as garotas têm a dizer… eu até entendo que ela tenha ficado preocupada com o desaparecimento das duas em Charlottetown, e eu entendo que ela não gostou de vê-las sair de uma taberna, ainda mais sabendo que elas estavam conversando com um estranho, mas custava tê-las ouvido? Até porque as garotas, falando sobre o golpe e sobre como Nate e Dunlop estão engando toda Avonlea, estavam muito convictas do que diziam, e a Sra. Barry, desde o começo, tinha suas reservas com essa história do marido de investir tanto dinheiro emprestando para quase toda a cidade o dinheiro para a “testagem do solo”. Então, se ela já tinha suas dúvidas sobre isso, não era legal pelo menos ouvir as meninas e descobrir por que elas estavam tão certas do que estavam dizendo?
Por isso, eu falho em sentir pena dos Barrys.
Enquanto isso, em Green Gables, tudo também está muito mais intenso. Tanto Marilla quanto Matthew não estão se sentindo à vontade com os hóspedes na casa, e então eles fazem as contas para conferir que não precisam de nenhum dinheiro extra mais – o que quer dizer que eles podem dizer para Nate e Dunlop irem embora. Uma das cenas mais tristes é a de Nate provocando o Jerry no celeiro, e o garoto completamente apavorado… mais tarde, Matthew o encontra chorando, e ele pede desculpas pelo que aconteceu no Natal, por não ter sido “esperto o suficiente” (não concordamos com você, Jerry, você é um máximo e o defenderemos sempre!) para impedir que o dinheiro lhe fosse roubado, e me partiu o coração vê-lo dizer que, se não fosse por ele, Green Gables não precisaria ter acolhido pensionistas… mas Matthew é um máximo com ele!
Quando Anne retorna – e a Sra. Barry tem uma série de coisas a dizer para Marilla, sobre como “ela fica coagindo Diana” –, Dunlop percebe imediatamente que eles sabem. Está na atitude de Anne para com ele… eu cheguei a ficar com pena do Dunlop e não vou negar, porque eu sei que ele é um criminoso, eu sei que ele também está nisso tudo com Nate, mas eu acho que ele estava mesmo disposto a mudar, com tudo o que ele aprendeu em Green Gables e com Anne, mas agora já é tarde… a torta que ele fez com o nome dela caindo e se espatifando no chão é a representação dessa relação se partindo, e então ele avisa Nate e os dois fogem com o dinheiro que o Sr. Barry acabou de entregar para eles. E não há nada que nenhum deles possa fazer… Matthew está trabalhando com Jerry no celeiro, antes de mandá-lo para casa, e Anne e Marilla são presas dentro de casa.
As cenas finais são angustiantes e um tanto quanto desesperadoras. Quando o caminho de Nate e Dunlop cruzam o de Jerry em seu caminho para casa, eu fiquei totalmente apreensivo – tudo o que eu queria era o nosso querido Jerry protegido. Foi sofrido vê-lo reconhecê-los, vê-lo apanhar novamente, e ali Dunlop se volta contra Nate de uma vez por todas, aponta a arma de Matthew para ele e pede o dinheiro, dizendo que nunca gostou dele e que vai usar o dinheiro para comprar um terreno em um lugar bonito e começar de novo… ele até teria conseguido, talvez, mas a arma de Matthew já não tinha bala nenhuma. É irônico, e triste, que Nate, o pior dos dois, tenha conseguido fugir impune levando o dinheiro de Avonlea, enquanto Dunlop, que estava disposto a ser uma pessoa melhor, ficou para trás para ser capturado pela cidade enfurecida que Matthew trouxe.
Para mim, os momentos mais bonitos foram com Jerry… amei a maneira carinhosa como Matthew o encontrou, o acordou e o acolheu – como o levou para casa e como, no dia seguinte, Anne correu para falar com ele e dizer que ele foi muito corajoso, e então ela o abraça. AQUELA CENA DOS DOIS ME FEZ CHORAR, QUE MOMENTO BONITO! Agora, Avonlea passará por um período difícil, os Barrys talvez não sejam mais “a família mais rica da região”, mas a normalidade está voltando a Green Gables… ao menos dentro do possível. E a carta que Anne enviou a Gilbert Blythe, falando sobre “ouro em Avonlea”, finalmente chega até ele, e ele chegará para encontrar uma cidade enganada e sem ouro, mas talvez seja bom para ele estar de volta… como todos diziam no barco: ele tem opções. Talvez seja o momento de deixar de fugir e encarar a sua realidade.
Vai ser bom ter Gilbert de volta por perto!

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