Anne with an E 2x08 – Struggling Against the Perception of Facts
Lifemates.
Foi um episódio doloroso… e, no fim de tudo, libertador. Estou curioso para a “nova fase” em que “Anne with an E” entrará no próximo episódio – mais uma vez, preciso elogiar a perfeição dessa série, e a delicadeza com que trata os assuntos, mesmo quando consegue ser dura, por mais paradoxal que isso pareça. Não é um dos episódios mais leves de “Anne with an E”, porque aqui temos que lidar com o possível casamento de Prissy com o professor babaca da escola, além do preconceito com o qual as pessoas tratam Bash, mas a série ainda consegue trazer momentos que acalentam o nosso coração, que nos fazem sorrir e que nos fazem chorar… gosto, particularmente, do cuidado com que a história de Cole Mackenzie é conduzida de forma crescente a cada episódio, e temos um momento muito importante para o personagem nesse episódio.
Orgulho daquele menino!
Começamos o
episódio falando sobre CASAMENTO. O Sr. Philips, professor da escola, pede
Prissy, uma das alunas, em casamento (?), e as meninas estão recriando
possíveis pedidos de casamento em uma cena interessante que, eventualmente, deixa a Anne pensativa… a sinopse da
Netflix fala sobre Anne pensar “em que tipo de noiva quer ser”, mas é muito
mais do que isso. Acontece que Anne é um máximo, com pensamentos avançados para
a época, e ela não vê o casamento como essa estrutura rígida na qual a mulher tem que atender a todas as vontades
do marido… ela não entende por que precisa fazer um enxoval que não possa
incluir obras literárias que ela adora, por exemplo, e não entende por que o
homem e a mulher, quando casados, não podem ser sócios, companheiros e iguais –
é assim que ela cria o termo “parceiro de vida”.
E é um ótimo
conceito!
O casamento
também traz à tona outros assuntos, como a homossexualidade do próprio Sr.
Philips, que ele não aceita… e em parte é por isso que ele é tão escroto com Cole o tempo todo, mas
não é só por isso: é porque ele é um
babaca mesmo. Mas, nesse episódio, fica evidente o que Sr. Philips sente de verdade. Ele está infeliz com o
casamento que se aproxima, e está olhando para Cole com intensidade, afoito por
mostrar desprezo, mas, no fundo, sentindo inveja
do garoto muito mais bem resolvido que Cole é. E Cole acaba, eventualmente,
percebendo isso tudo, e ele tem duas cenas incríveis depois dessa percepção. A
primeira é quando o babaca do Billy (sempre
o babaca do Billy) pega a sua bola de argila (que ele usa para exercitar a
mão machucada) e, com ela, acaba quebrando uma janela da escola – o Sr. Philips
faz de tudo para castigar o Cole.
Mas Cole o
enfrenta e é A COISA MAIS LINDA DO MUNDO. Amei a maneira como Cole se impôs
tanto contra Billy quanto contra o professor, e como ele sai daquela escola de
cabeça erguida, simplesmente épico.
Além disso, ele tem uma cena, logo em seguida, com Anne, que é também
belíssima… ali, ela se pergunta por que o
Sr. Philips o odeia tanto, e Cole diz que “ele quer puni-lo por não poder
punir a si mesmo por ser como ele”, e
então Cole precisa contar a Anne o que ele quer dizer com isso: e é um dos
momentos mais aguardados e mais belos da série! Aqui, Cole diz a Anne que “é
como Josephine Barry”, e os olhos de Anne se iluminam: “Mas com meninos! Obrigado por compartilhar isso comigo”. A amizade
desses dois é preciosíssima e precisa ser protegida de qualquer maneira… e eles
fazem, então, um acordo: se, quando
ficarem velhos, não tiverem se casado, eles viverão juntos, e cada um poderá
fazer o que quiser da vida.
“Parceiros de vida”.
Mas Anne
provavelmente já estará casada até lá… é
só ver como Gilbert olha para ele. Gilbert e Bash têm ótimas cenas juntos
nesse episódio também. Gilbert está com a cara enterrada nos livros, porque
quer se tornar um grande médico, e Bash está incomodado com uma dor de dente…
quando ele arranca o dente e a dor se torna insuportável, e ninguém em Avonlea
parece querer atendê-lo por ele ser negro, ele vai até a escola pedir a ajuda
de Gilbert: talvez alguém no gueto possa
ajudá-lo. Mas Gilbert decide levá-lo, primeiro, a um médico que sabe que
vai atendê-lo. O preconceito contra Bash é doloroso, especialmente porque
sabemos que é real – que,
infelizmente, muitas vezes o vemos desse jeito ainda hoje em dia… imagina um
século atrás, pouco depois da abolição da escravatura, que é quando “Anne with an E” se passa. É difícil de
assistir.
Achei muito
legal como, quando Bash e Gilbert tiveram dificuldade para entrar no trem (não
queriam deixar Bash entrar, mesmo que ele tivesse comprado uma passagem!), o
caminho deles cruza com o de Marilla e Rachel, que estavam indo para a cidade
para que Marilla pudesse ver um oculista… e a Marilla é MARAVILHOSA trazendo o
Bash para dentro do trem! Uma vez na cidade, Gilbert tem uma cena HILÁRIA
desmaiando com a agulha do dentista (!) e uma cena fofa quando se torna
aprendiz de um médico que admira muito, o médico que cuidou de seu pai – fico tão feliz pelo sucesso de Gilbert.
Bash, por sua vez, tem uma série de cenas pesadas, mas o médico o atende muito
bem, e isso é ótimo – e eu ri de vê-lo saindo sob efeito da medicação, mas
então ele precisa voltar a enfrentar a realidade uma vez que chega no gueto… e não é nada fácil.
Ao mesmo
tempo, ele acaba tendo ótimas cenas com Mary – ESPERO QUE TENHAMOS MAIS DE MARY
NOS PRÓXIMOS EPISÓDIOS! Bash é “o homem bonito que acabou de chegar ao gueto”,
e ele acaba na lavanderia para lavar o casaco e a calça sujos de merda depois
de ele ter levado um soco no estômago… a cena da lavanderia é um máximo, tanto pelos
comentários das mulheres quanto pelo Bash tentando ser sedutor e a Mary nada impressionada (pelo menos não
deixava transparecer) com suas tentativas frustradas, o colocando de volta em
seu lugar. Também gostei de Bash e Gilbert passarem a noite na casa de Mary
quando eles perdem o último trem que voltaria para Avonlea. Nessa noite,
Marilla e Rachel também dormem em um hotel, e eu devo dizer: como eu amo a amizade dessas duas. A
cena das duas na frente da loja de penhores é linda.
Quem diria,
no primeiro episódio, mas eu AMO A RACHEL.
Por fim,
toda a cidade comparece ao casamento do Sr. Philips com Prissy, mas já não
sabemos mais se ele vai mesmo acontecer…
Prissy não ficou feliz ao saber que o Sr. Philips não quer que ela continue
estudando depois do casamento; a mãe dela tampouco está feliz, porque ela está
desistindo da faculdade e ela queria que a filha começasse uma nova tradição de
“mulheres estudadas que tomassem suas próprias decisões”; e a própria Anne fez
um pequeno discurso enquanto as garotas ajudavam Prissy a se arrumar. Assim,
com tudo isso em mente quando entra na igreja, Prissy não consegue se casar, e
sai correndo… a cena é linda e dramática, da Prissy correndo pela neve, em seu
vestido de noiva, seguida pelas garotas que vão ver como ela está. Quando ela
cai e se levanta, no entanto, ela está
rindo… E É UMA DAS CENAS MAIS LINDAS DA SÉRIE. A felicidade em seu rosto, a
sensação de liberdade, o sorriso enquanto dança na neve e as meninas em volta
dela…
Que cena
incrível!
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