Back to the Future: Citizen Brown (Part 3)
O Grande e Poderoso Cidadão Brown.
TALVEZ A
VERSÃO MAIS ASSUSTADORA DE HILL VALLEY ATÉ O MOMENTO. “De Volta Para o Futuro” sempre gostou de brincar com a cidade em
que Marty McFly e Doc Emmet Brown moram. Nos filmes da franquia, além da sua
versão em 1985 (o “presente” da época), nós chegamos a conhecer a versão em
1955, a versão em 2015, uma versão em 1885, quando o Relógio da Torre estava
sendo inaugurado, e uma versão que chamamos de 1985-A, quando Biff Tannen
roubou o DeLorean no futuro, voltou ao passado e criou uma linha do tempo alternativa. Nas primeiras (e maravilhosas)
edições de “Citizen Brown”,
conhecemos a Hill Valley de 1931, um cenário com gângsteres comandados por Kid
Tannen, e onde o jovem Emmet Brown, 55 anos atrás, ainda estava com o seu futuro a ser decidido… e se
eles interferissem em eventos que formaram suas paixões e seu caráter?
É justamente
o que acontece no fim da segunda edição
de “Citizen Brown”. Marty McFly
precisava salvar a vida de Arthur McFly, seu avô, e precisava garantir que Kid
Tannen fosse preso em Novembro de 1931 e, para isso, ele contou com a ajuda do
jovem Emmet Brown, sem perceber o quanto
aquilo podia mudar os acontecimentos futuros… quando eles estavam
retornando para 1986, achando que tudo
estava bem, o velho Doc Brown vê sumir de sua mão o ingresso da primeira
vez que assistira “Frankenstein” no
cinema, aquele momento que consolidaria o seu futuro como um cientista e um
inventor. Ao contrário disso, ele ficou fascinado por ter ajudado a prender Kid
Tannen, virou uma espécie de “justiceiro”, lutando
contra o crime, e se apaixonou pela igualmente rigorosa Edna Strickland,
que estava por perto registrando tudo.
Um novo Doc Brown.
Assim, Marty
McFly chega sozinho a 1986, e é talvez a
versão mais assustadora de Hill Valley, como comentei no início do texto…
sem a ajuda de seu melhor amigo, Marty se vê sozinho, com o DeLorean batido
contra um outdoor imenso com a foto do “Primeiro Cidadão Brown”, uma versão mais assustadora e completamente diferente
do Emmet Brown que conhecíamos, e Marty depressa percebe que muitas mais coisas estão diferentes…
Jennifer, por exemplo, o chama de “seu ex nerd”, e está com um visual totalmente novo, meio punk, falando
sobre “serviço comunitário” e pedindo que ele
pule lá de cima… Marty, então, chuta a janela do DeLorean para conseguir
sair de dentro do carro onde está preso, e isso faz com que a máquina do tempo caia lá de cima, e
ela é totalmente destruída, mais ou menos como aconteceu no fim de “De Volta Para o Futuro III”.
E é sempre doloroso ver o DeLorean nesse estado!
Mas Marty
acha que tudo vai ficar bem… afinal de contas, ele já passou por coisas
parecidas antes, não? Ele só precisa encontrar o Doc, pedir sua ajuda para
consertar a máquina do tempo, e então ele retornará para 1931, em algum momento
antes de os eventos serem mudados, e
então tudo voltará a ser como antes. Mas
nem tudo vai ser tão fácil dessa vez. Marty usa uma roda voadora do
DeLorean como uma espécie de “hoverboard
improvisado”, e entra em Hill Valley sobre uma misteriosa cerca, e encontra uma
versão bastante diferente da cidade
que conhece. A lanchonete não está mais onde deveria estar, o Relógio da Torre
tampouco está lá, até as cores dos edifícios são diferentes, bem como os carros
nas ruas, que são bem inusitados. É
uma versão distópica de Hill Valley,
mas bem distante das versões comandadas pelos Tannen.
“BE CONTENT. EVERYTHING IS UNDER CONTROL”
A cidade,
nessa versão, nos dá calafrios. Marty
logo é parado por um policial que lhe questiona sobre o seu “uniforme” (mais
tarde vemos que todos parecem estar usando uma polo laranja, o uniforme do dia), que fala sobre ele ser “um
cidadão exemplar”, e Marty percebe a gravidade das coisas quando encontra uma
versão de Biff Tannen depois de uma espécie de lavagem cerebral… ele fala sobre o Programa Cidadão Mais, e sobre a
oportunidade que lhe foi dada, e sobre como agora ele não pode nem pensar em fazer coisas erradas, ou então “ele
perde o seu almoço”. Marty ainda não entende por completo o que está
acontecendo, mas ele entende uma coisa: a
cidade é cheia de regras absurdas, e se ele caçar encrenca o suficiente, talvez
ele seja chamado para conversar pessoalmente com o “Cidadão Brown”. E é
tudo o que ele quer…
Não?
Depois de
encontrar com Biff Tannen e vê-lo tão mudado, Marty corre para casa, para ver
como estão os pais e os irmãos, e é outro grande baque. Dave e Linda estão
usando as mesmas polos laranjas, falando sobre o “serviço comunitário”, e
parece que eles estão vivendo em uma assustadora ditadura, em que tudo é extremamente rígido. Segundo Marty logo
descobre, tudo é monitorado por câmeras o
tempo todo, e punições e multas são aplicados rigorosamente. Nessa versão
de Hill Valley, é proibido fumar, beber ou se
beijar em público, por exemplo. E as coisas ficam ainda mais bizarras quando George, que é um dos responsáveis pelas
câmeras na cidade, vê Lorraine trabalhando e escondendo um frasco de bebida, e ele quer imediatamente ligar para as
autoridades e denunciar a própria esposa. George
é um dedo-duro, os irmãos são alienados, e a mãe está tão infeliz que voltou a
beber…
É um inferno!
Então, Marty
vai pessoalmente atrás da mãe, e Lorraine dá uns goles em sua bebida, mas Marty
rapidamente lhe tira a bebida, antes que ela seja vista em público com ela… não teria problema se ele fosse visto,
porque tudo o que ele quer é causar confusão como o Biff, para então ser levado
para falar com o Cidadão Brown pessoalmente. Marty beija Jennifer no meio da rua, e é o suficiente para
que o Strickland venha para cima dele, e quando eles veem que ele tem um frasco de bebida no bolso, é o
suficiente: ELES VÃO LEVÁ-LO PARA O CIDADÃO BROWN. Que era tudo o que o Marty
queria, desde o começo… o Cidadão Brown fica onde outrora fora a prefeitura, e
Marty comenta que ela “parece maior do lado de dentro”, o que é um comentário
bem “Doctor Who”, embora ele compare
a experiência com “O Mágico de Oz”...
...e
realmente tem muito a ver com “O Mágico
de Oz”.
A sensação de
Marty indo falar com o Cidadão Brown é como de Dorothy e seus companheiros
conseguindo uma audiência com o Grande Mágico. Aqui, VEMOS o Cidadão Brown pela
primeira vez, e é interessante o que a HQ faz, apresentando uma nova versão do “Doc”, muito mais
bizarra e assustadora, mas ainda conseguindo transmitir a sensação de algo que poderia estar acontecendo nos filmes. É
um trabalho genial! Inicialmente, o Cidadão Brown não quer acreditar em nada do que Marty está lhe dizendo… Marty
conta que é “Outro Marty McFly”, que veio de outra linha temporal, em uma máquina do tempo que ELE criou em um
DeLorean, que eles mexeram com alguma coisa de volta em 1931, e foi isso que
criou essa versão zoada de Hill Valley na qual eles estão agora, mas nada
parece convencer o Cidadão Brown de que o garoto está dizendo a verdade…
Até que Marty
descobre sua oportunidade.
Uma foto.
O Cidadão
Brown guardou uma foto do dia em que ele ajudou a prender Kid Tannen, de volta
em 1931, pela importância do dia que lhe tornou quem ele é hoje, mas Marty
McFly lhe chama a atenção para um detalhe na foto que ele nunca viu antes: o próprio Marty e a outra versão do Doc na
foto, assistindo a tudo. E, então, o Cidadão Brown precisa acreditar… precisa,
ao menos, verificar. E ele acompanha
o Marty até o DeLorean, e por um momento parece que tudo vai ficar bem, porque
podemos ver resquícios do velho Doc no Cidadão Brown, falando rápido,
reconhecendo a imagem do capacitor de fluxo dos seus sonhos, se interessando
por aquilo tudo, acreditando naquilo, sentindo-se capaz de ajudá-lo, mesmo que
não seja o Doc que Marty conhecera… mas então Edna aparece e ataca o Cidadão
Brown, o coloca para dormir, e assume a situação…
Ela não vai permitir que nada mude.
A grande vilã, fazendo lavagem cerebral,
mantendo o status quo…
Por um “mundo melhor”. ASSUSTADOR.
Para mais reviews de HQs de “De Volta Para o Futuro”, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário