Primeiro Capítulo de “Rubí” (21 de Janeiro de 2020)



“¿A quién le importa?”
Começando uma nova releitura da “Fábrica de Sonhos”. Dessa vez, a icônica personagem de Rubí é interpretada por Camila Sodi – Rubí é uma mulher determinada, sensual, dissimulada e, basicamente, capaz de tudo para conseguir o que quer: deixar a pobreza para trás. O primeiro capítulo dessa nova versão de “Rubí” já me conquistou e me deixou com uma vontade louca de maratonar a série inteira de uma vez… gostei das atuações, gostei do ritmo e, principalmente, gostei demais da direção e da fotografia, que são bem diferentes do que vimos anteriormente em “La Usurpadora” ou “Cuna de Lobos”, ambas de 2019. Além disso, a série ainda traz um pouquinho de flash forward, o que deixou tudo com uma dinâmica interessante e nos entregou um mistério bacana que queremos desvendar: quem é, afinal, a jornalista entrevistando Rubí?
A série começa no futuro – 20 anos no futuro, depois de tudo o que já conhecemos da história da personagem… estamos em um ambiente meio futurístico (nas estradas, nos carros, nos equipamentos de filmagem) acompanhado de uma mansão semiabandonada. Rubí mora em uma casa imensa, mas que há anos deixou de ser cuidada como deveria. O mato tomou conta do lado de fora, e a poeira e o descuido do lado de dentro… vemos a nova Rubí pela primeira vez quando uma misteriosa jornalista, chamada Carla, aparece para ouvir a sua história – afinal de contas, todo mundo já ouviu falar da Rubí, e ela é famosa por “ter conseguido acabar com a vida de muitos homens poderosos e suas famílias”, mas ninguém nunca parou para ouvir a sua versão da história… e agora, pela primeira vez, Rubí está preparada para contar a sua versão.
Então, retornamos 20 anos no tempo – E QUE ENTRADA MARAVILHOSA DA PERSONAGEM. No futuro, embora ainda elegante, Rubí não tem mais toda a sensualidade que tinha na juventude, que está mais em sua atitude do que em qualquer coisa… e a sua primeira cena no “passado” mostra isso com PERFEIÇÃO. Ela entra atrasada numa aula, com o barulho do salto ecoando pela sala a cada passo em câmera lenta, um sorriso desafiador no rosto e atraindo todos os olhares para si… Rubí é um mulherão porque ela decidiu que é – e ela convenceu todos ao seu redor com a sua postura! Há algo em Rubí que atrai a atenção das pessoas ao seu redor… inclusive a atenção de abusadores nojentos. Aquela cena do cara tentando abusá-la foi horrível de se ver e felizmente Rubí conseguiu atacá-lo com uma faquinha e fugir.
Assim, conhecemos as facetas de Rubí e a sua vida sofrida… uma coisa é a pose que ela tem, é a energia que ela emana – outra é a vida que ela leva em um bairro pobre, com a mãe cansada e doente trabalhando sem parar em um restaurante que ela sabe que nunca vai poder dar-lhes tranquilidade financeira nem nada assim. E eu acho importante que o capítulo foque na maneira como Rubí, embora interesseira ou o que for, se preocupa com as pessoas que ama de verdade: sua mãe e sua sobrinha. Dá para ver na maneira como ela ajuda a mãe quando ela passa mal, como se preocupa de verdade, ou como coloca o avental para trabalhar ela mesma. Rubí é incrivelmente decidida, e ela sabe que a mãe precisa de um tratamento urgente, e que aquele restaurante não vai poder pagá-lo… e, aos poucos, eu já me peguei me apaixonando por Rubí.
Quando a irmã perde o emprego, Rubí se revolta – a irmã fez certa ao ser assediada pelo chefe, e a mãe diz isso a Rubí: ela precisa manter sua dignidade – mas Rubí sabe que a dignidade não vai pagar sua faculdade. Então, ela resolve tomar o assunto nas próprias mãos e dá um jeito de garantir a sua faculdade! Para isso, ela vai em busca de Mandeta, um poderoso da faculdade que pode lhe dar uma bolsa de estudos… se ela souber como. E a verdade é que HOMEM PODE SER MUITO BURRO, então não é lá muito difícil – e eu vou dizer que EU AMEI AS CENAS, não acho que Rubí tenha feito errado… ele é que estava sendo desonesto e pronto para ficar com uma aluna mesmo tendo uma esposa e filhos… Rubí planeja tudo. Um flerte e provocação aqui, umas mensagens sedutoras lá, e então ela cria todo o cenário para vê-lo em seu escritório no dia seguinte.
Rubí é DISSIMULADA, e eu adorei isso. No escritório de Mandeta, ela banca a vítima, diz que “está com um problema muito grande”, e até chora – então, se aproxima dele para um abraço, tira uma foto dos dois, e então joga isso contra ele… ela não precisa nem beijá-lo, nem dormir com ele, nada… ela só precisa daquela foto. Ela diz que, em 30 minutos, ela tem uma aula com sua esposa, e quer saber o que ela vai achar daquela foto; ou seus colegas, ou os alunos da faculdade. Atuando, Rubí finge chorar, fala tudo que vai dizer – que Mandeta a trancou no seu escritório e a agarrou –, e quando ele tenta dizer que ela não tem provas de nada disso, a verdade é que ela tem, ela só precisa interpretar certo: aquela foto, mais as mensagens todas da noite anterior, todas muito suspeitas. Mas ela diz: “Hey! Tira essa cara… não é nada que uma bolsa não resolva”.
Assim, ela sai da sala com uma bolsa de estudos.
Olhei e gritei: ÍCONE!
Mas as coisas estão prestes a piorar e muito… o vagabundo que tentou abusar dela, depois de ser rejeitado, entra na casa de Rubí e coloca fogo em tudo… É UM DESESPERO. Rubí e a família terão que deixar a casa, porque não há condições de se continuar vivendo ali e, naquele momento, eu percebi que provavelmente a defenderia, independente do que ela fizesse a seguir – porque que esperança ela podia ter? Com a sobrinha, Fernanda, chorando por causa da boneca que ficou para trás, Rubí diz para ela que tudo vai ficar bem e que ela não precisa ficar triste… ela ainda vai comprar para ela todas as bonecas e brinquedos que ela quiser. Então, depois dessa cena, ela vai para a igreja, mais decidida que nunca, para fazer uma promessa – para dizer as palavras que guiarão todos os seus atos de agora em diante. Ela não vai deixar que nada a derrube.

“A partir de hoje, eu dito as regras do jogo. Vou dar à minha mãe e à minha sobrinha a vida que elas merecem. Não vou ser consumida pela pobreza. Vou fazer o que tiver que fazer para estar bem. O que for necessário. Prometo”

Outra trama que se inicia no primeiro capítulo é a de Maribel, a melhor amiga de Rubí. Maribel tem um trauma por causa de um acidente de carro que lhe custou uma perna, mas eu realmente fico incomodado com a maneira como eles agem em relação a essa perna – como se fosse algo muito mais importante do que de fato é. Alejandro é o único que, no próximo capítulo, vai ser totalmente sensato em relação a isso. A mãe de Maribel, por exemplo, teme a reação de Hector, o seu “casamento arranjado”, quando ele descobrir seu “segredo”, porque ela não lhe contou nada… mas sério, naquele momento eu já comecei a detestar o Hector: porque se ele se importasse com o fato de Maribel não ter uma perna, que tipo de pessoa ele era? Definitivamente, ele não presta. E já vou adiantar um spoiler do fim desse mesmo capítulo: ELE NÃO PRESTA.
Mas é um gostoso da porra, isso não vamos negar.
Wow.
Quando Hector chega à cidade para conhecer sua futura esposa, Rubí está presente – mas foi a própria Maribel quem a convidou. Mesmo assim, Rubí está sensual e provocante, quer causar uma boa primeira impressão em Hector… afinal de contas, ele é um milionário, o que é tudo com que ela sempre sonhou! Quando desce as escadas, Rubí faz questão de atrair o olhar de Hector, e ela estava mesmo linda… então, ela leva Hector para conhecer Maribel, os dois trocam o seu primeiro beijo, mas Rubí não quer deixar que isso se prolongue por muito tempo – então, fingindo-se de entediada e dizendo que está indo embora, Rubí “derruba” vinho na perna de Maribel, e então vai embora, triunfante e com um sorriso filho da p*ta no rosto, deixando que Hector a ajude a secar e, consequentemente, acabe descobrindo que ela tem uma perna mecânica.
Sei lá… essa foi a parte que me incomodou, porque eu achei o discurso todo extremamente retrógrado e preconceituoso. A reação do Hector à perna mecânica de Maribel é exagerada e ridícula, e ele pode até dizer que o problema não é a perna mecânica, “mas o fato de ela ter mentido para ele”, mas isso não cola… até porque não tinha necessidade real de contar isso – isso não é algo que define quem Maribel é. Sofri na cena, sofri com a Maribel chorando daquela maneira, e sinceramente queria que isso a fizesse ver quem é o Hector de verdade para que ela nunca mais precisasse pensar nele ou sofrer por ele… porque, naquele momento, independente de Rubí, eu achei que ele não a merecia. Bravo, sentindo-se enganado (?), Hector acaba indo embora, sem nem entregar para Maribel o presente que tinha comprado para ela e que Alejandro vem trazer.
Alejandro é o seu melhor amigo, um médico, e ele e Rubí acabam se conhecendo do lado de fora da mansão de Maribel quando ela está esperando um uber e ele está ali para entregar a Hector o presente que ele daria a Maribel… no futuro, 20 anos depois, Rubí diz para a jornalista que “aquela foi a primeira vez que ela viu Alejandro”, então sabemos que Alejandro será alguém importante na vida de Rubí – mas o porquê ainda vai ficar para o próximo capítulo.  O primeiro capítulo da novela/série, então, termina no futuro, com Rubí descobrindo que a jornalista talvez tenha outras intenções estando ali, a enchendo de perguntas daquela maneira: afinal de contas, o que ela está fazendo com uma ARMA na sua casa?! Rubí pega a arma e a aponta para Carla exatamente com essa pergunta e diz que não acredita em nada do que ela está dizendo.
E então atira.


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