[Series Finale] 3% 4x07 – Sol



“[…] E precisamos todos rejuvenescer”
EU NÃO ACREDITO QUE CHEGOU AO FIM. Em 2016, a Netflix lançava a sua primeira série brasileira – série que abriria portas para várias novas produções, com destaque, acredito, para “Coisa Mais Linda”. “3%” me encantou desde sempre, desde antes de assisti-la, na verdade, porque eu adorei a proposta distópica e, claro, o fato de ser totalmente nossa… a estreia me empolgou em 2016, esperei ansiosamente por novas temporadas, e, como comentei ao longo desse quarto ano, eu adoro como a série cresceu. A história de “3%” sempre foi muito clara, a premissa continua viva (e com uma finalização excelente), mas o roteiro soube levar a história e os personagens adiante, produzindo temporadas cada vez melhores, mais profundas e mais empolgantes, com uma gama de personagens pelos quais nos apaixonamos… especialmente Joana e Rafael.
Que continuam ÉPICOS até o fim e compartilham uma das melhores cenas do episódio!
A última temporada de “3%” foi sobre a destruição do Maralto – finalmente, a destruição do sistema opressivo que impedia o Continente de prosperar, porque todos viviam em função de uma ilusão que era o Maralto, um lugar “perfeito” para o qual apenas 3% deles eram escolhidos. Enquanto a ideia do Maralto, e não apenas o Maralto propriamente dito, existisse, o Continente não podia prosperar, mesmo quando Michele pareceu provar que era possível, através da Concha… é engraçado (e um pouco desesperador) pensar em “3%” e em tudo o que aconteceu na nossa vida política nos últimos anos, e perceber que a série deixou cada vez mais de ser ficção para refletir o que estávamos vivendo… isso é extremamente intenso nesse último episódio, assim como foi intenso durante toda a jornada, e novamente me causou angústia.
A série é crítica, o roteiro é bem construído, os atores são cativantes… eu amei do início ao fim. Esse último episódio traz uma série de coisas interessantes, que funcionam como prequela, como conclusão e como referências ao que já vivemos – um conjunto excelente e nostálgico para terminar uma série tão incrível! Temos alguns flashbacks, algumas cenas que mostram o Casal Fundador arrependido do sistema de “Processo” depois de ter enviado Tânia, a filha deles, para o Continente e ela não ter passado no Processo… quando Tânia inicia a Causa, apenas dois caminhos eram possíveis: ou eles acabavam com o Processo, como o Casal Fundador planejou, com base em “uma última prova”, ou então eles começavam a matar todos aqueles que eram contra o Maralto, como em qualquer ditadura… e o Conselho do Maralto escolheu o caminho mais fácil.
Foi a primeira grande guerra.
No presente, duas semanas depois da destruição do Maralto, uma nova guerra emerge no Continente – tudo aquilo me deixou desconfortável o tempo todo, porque eu tive a sensação de que aquilo era inevitável (nós sabemos que é assim na vida real, nós estamos vendo acontecer coisas parecidas), e um pouco de perda de esperança… como se livrar dessas amarras do Maralto se isso já está tão enraizado nas pessoas do Continente? O André acha que ainda manda em tudo, e decidiu que “quem manda no Continente agora são os 3%” – e, para reforçar o que diz, ele mata quem ousar contestá-lo; depois, ele assume um discurso de que é “superior”, e aquilo é enervante: “Nós vamos reerguer o Maralto aqui mesmo. E quem for contra a nossa superioridade vai morrer”. Mas, sinceramente, eu acho que o André nem era mais o grande problema…
Não era quem mais me assustava…
Quem me assustava eram aqueles imbecis da igreja, endeusando o Casal Fundador e o Maralto, aceitando a ideia de “superioridade” dos 3%, que agora viviam entre eles, como se eles fossem deuses ou qualquer coisa assim… então, o grupo responsável pela destruição do Maralto parece se desfazer, não porque eles brigaram nem nada, mas porque eles não sabem bem o que fazer e cada um parece ter uma ideia diferente… Joana tem esperanças de que isso vai passar, de que “as pessoas estão iludidas”, mas é como o Rafael diz: elas vão continuar assim. Rafael, então, volta para casa; Joana e Natália procuram algo que pode mudar o Continente para sempre; Xavier busca justiça, ou vingança, e, nesse momento, eu já não sei se existe alguma diferença… e as pessoas continuam morrendo aos montes nas ruas, nessa distopia cada vez mais desesperadora.
Até que Joana aparece com uma proposta. Joana sonha com um novo Continente – é um tanto quanto utópico, se você me perguntar, mas pode funcionar… eles precisam começar de algum lugar. Na mente de Joana, ela proporia uma espécie de “Assembleia Geral”, onde todos do Continente que quisessem comparecer se reuniriam no prédio do Processo e todos poderiam falar e dar suas ideias, para que, juntos, eles pudessem pensar nos problemas e encontrar soluções para eles… ela fala sobre “uma grande reunião”, como as que eles faziam na Concha, só que ainda maior. Para ter uma chance de tornar isso possível, Joana e Natália encontram um orbe junto com o corpo da Fundadora, enterrado/escondido no Maralto, quando ela foi assassinada ao visitar a filha – ali, o Casal Fundador fala sobre o Processo, sobre uma última prova.
E então ela propõe a ÚLTIMA PROVA.
O Continente só escuta a Joana naquele momento pela novidade, pela imagem do Casal Fundador, não mais uma ideia, como eles foram por anos, mas pessoas de verdade – todos ouvem: o pessoal da mudança, os fanáticos religiosos, os autointitulados “superiores”. Seis candidatos participariam, e a proposta de Joana é que o vencedor possa dizer o que vai acontecer com o Continente, como vão ser as coisas… os demais terão que acatar, sem mais guerras, sem mais tiros, sem mais mortes. Assim, os candidatos vão, aos poucos, se manifestando. Joana é a primeira, e então ela recebe a companhia de Xavier. Aos poucos, também se juntam Veronica, Marcela e Rafael (vulgo, amor das nossas vidas). Por fim, Joana desafia alguém do Maralto a ser o último candidato… e André não quer fazer parte disso, acha tudo um absurdo, mas ele é pressionado.
“Uma prova. Você não é o líder dos superiores? Não tem por que ter medo”
Assim, os seis competem em uma prova razoavelmente simples, mas que exige raciocínio lógico e certo grau de colaboração entre os competidores – achei interessante termos uma “grande prova final”, porque as provas sempre foram algo marcante em “3%” – foi assim que tudo começou. O momento, então, consegue ser nostálgico e bacana, mas completamente desesperador… fiquei o tempo todo nervoso, a cada eliminação, temendo o que viria a seguir. A prova era composta de 9 imagens (3 possibilidades de formas em 3 cores diferentes), cada candidato recebia uma delas, e o intuito era adivinhar a forma da outra pessoa: quem tivesse sua forma revelada, era eliminado; quem tentasse duas vezes e errasse, era eliminado. Como eu disse, razoavelmente simples, e eu não esperava que isso fosse me deixar tão vidrado e nervoso.
Mas deixou.
QUE SEQUÊNCIA MARAVILHOSA!
Cada eliminação era um nervoso diferente, amei a maneira como o Rafael “arriscou” chutando a figura da Marcela, mas com uma ideia bem construída, porque ele é eliminado contando para a Joana a sua forma, e permitindo que ela elimine a Marcela… essa é a colaboração de que o Casal Fundador falara, e eu adorei que isso tenha acontecido entre o Rafael e a Joana. No fim, a disputa fica apenas entre Joana e André (e eu até parei para fazer o raciocínio antes da Joana e tentar adivinhar a forma do André), duas pessoas com ideais bem diferentes para o Continente: ele quer que o Continente seja dele e dos 3% “superiores”, e que os demais se curvem perante eles. Assim, quando Joana acerta a sua forma, ele dá um sinal para o Pedro para que ele atire no orbe antes de ele revelar que A JOANA TINHA VENCIDO A ÚLTIMA PROVA.
Ficamos nervosos, os gritos da Joana são tristes, mas a verdade é que não tinha como ser diferente – André não ia aceitar ser derrotado daquela maneira… ele nunca admitiria que foi derrotado por uma “inferior”. Assim, a confusão se instala, mas Joana fez o que pôde: mostrou a todos a sua proposta. Naquela noite, eles ficam esperando pelo momento em que a guerra voltaria a explodir, mas o Continente estava em um estranho silêncio reflexivo – e, nesse cenário, ganhamos uma das melhores cenas de Joana e Rafael, uma cena que eu AMEI e pela qual eu esperei muito, porque, como eu sempre digo, eles SÃO os meus personagens favoritos… amei vê-los compartilhando esse momento e esses ideais, amei a reação da Joana com o Rafael colocando a mão no seu ombro para um abraço, e amei ver os dois se abraçando naquele momento.
Foi tão lindo.
Na manhã seguinte, a mudança vem – ou a mudança começa. Ela tem que começar de algum lugar, e foi com Joana em seu discurso durante a prova, mesmo que André tenha tentado acabar com tudo. Pode ter sido utópico, pode ser que não dê certo, mas a verdade é que precisamos ter esperança, e “3%” apostou nisso – e certamente é um primeiro passo importante. Quando Joana acorda Rafael no dia seguinte, eles veem o povo do Continente começar a se juntar para caminhar até o prédio do Processo, seguindo a ideia de Joana: UMA ASSEMBLEIA GERAL, onde todos tenham voz, onde os problemas possam ser discutidos e resolvidos… é um momento emocionante, amei ver o prédio do Processo cheio de pessoas do Continente (e suas roupas de crochê) daquela maneira, e o sorriso sincero e emocionado nos lábios daqueles que tornaram isso possível.
Aquelas lágrimas eram reais, eu acho… dos atores se despedindo dessa grande série.
Meus olhos traziam lágrimas semelhantes“3%” foi incrível e vai deixar saudades!


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