“Scooby-Doo, cadê você, meu filho?”
A ideia do
“Universo Hanna-Barbera” se fundindo à DC é brilhante, bem como o que essas
mentes criativas e talentosas conseguem fazer com personagens que conhecemos…
“Scooby Apocalipse” é surpreendente e
empolgante, um verdadeiro
reboot que
pega elementos do desenho original de Hanna-Barbera, mas o transforma em algo
bem diferente – você ainda pega as referências e as inspirações, mas tudo aqui
é tornado mais sério, mais adulto e
mais
perigoso… os jovens são mais velhos que no desenho e com profissões, e
acabam se reunindo de uma forma inusitada em um complexo secreto no Deserto de
Nevada
bem quando o mundo está por acabar…
então, eles se veem em uma aventura perigosa, sangrenta e com um quê de ficção
científica dos anos 1980, tipo
“Blade
Runner” e filmes de terror cheios de monstros e/ou zumbis. Eu achei
FASCINANTE e estou curioso para saber aonde essas 36 edições me levarão ainda!
Eu SEMPRE
fui um grande fã de
“Scooby-Doo”, e a
nova roupagem é, de fato,
bem diferente
do que estamos habituados, mas ainda tem o clima de
“Scooby-Doo” e eu gostei
tanto
que eu adoraria ver uma animação baseada nesses quadrinhos – entendendo que é
um
reboot e uma versão reimaginada do
universo original. Nesse universo, Daphne é uma jornalista e apresentadora de
um programa de TV chamado
“Os Mistérios
Misteriosos de Daphne Blake”, um programa em um canal de tricô e crochê,
apresentado durante a madrugada e que ela quer desesperadamente salvar… Fred
trabalha ao seu lado, como seu câmera, basicamente. Velma, por sua vez, é
tratada como Dra. Dinkley e trabalha em um complexo que conduz experiências
para o governo… e ela é uma das cabeças do lugar! Salsicha, por sua vez, é o
adestrador de cães do local, e foi assim que conheceu o Scooby…
Por sinal, o Scooby é, também, uma
interessante “experiência”.
A primeira
edição,
“Esperando pelo Fim do Mundo”,
foi lançada em julho de 2016 e faz um belo trabalho, com algumas páginas a mais
que as demais, apresentando o universo e os personagens, além de já os reunir.
No início da edição, vemos Velma em Paris, há um ano, em uma atitude
quase suspeita. Depois, vemos Daphne e
Fred no Festival Burning Man, porque foram convidados por alguém misterioso que
diz que tem uma matéria que vai interessar a Daphne Blake… Scooby e Salsicha
também estão no Festival, e Salsicha reconhece Daphne como “a apresentadora
daquele programa de mistério barato” ou qualquer coisa assim. A introdução
empolga e intriga, sendo bem no estilo
ficção
científica que eu adoro, tipo os óculos que o Salsicha coloca no Scooby e
tudo o mais. E a sensação de
reboot é
inevitável e, para mim, apaixonante.
Velma, a
Dra. Dinkley, é uma cientista poderosa trabalhando em um complexo imenso e
cheio de equipamentos de última linha e invenções mirabolantes… agora, no
entanto, ela está “prestes a trair todo mundo” e, nas suas palavras, “salvar o
mundo de um desastre sem paralelos”. Foi a Dra. Dinkley quem chamou Daphne, com
um “furo de reportagem”, e, assim, os nossos personagens começam lentamente a
se reunir… quando Velma aparece de surpresa e, assustado, Fred a ataca, Scooby
consegue ver tudo pelo equipamento que traz e já os vê como uma ameaça, por
isso sai correndo para proteger a cientista que é uma das responsáveis por ele,
enquanto Salsicha, ou melhor, o Sr. Rogers, vai atrás dele… assim, conseguimos
ver os cinco se reunirem pela primeira vez e, como qualquer fã das outras
versões de
“Scooby-Doo”, ISSO É
DEMAIS!
Toda a
história do Scooby e como ele é “um experimento fracassado” é, por sinal,
interessante e deprimente… mas gosto de a HQ querer dar contexto às suas
habilidades, embora limitadas, de fala ou suas atitudes quase humanas em
algumas ocasiões. Velma Dinkley leva os quatro para dentro das instalações do
complexo enquanto explica o que quer contar/mostrar para eles. Ela fala sobre o
Projeto Elísio e sobre o
grupo de
financiamento privado de cientistas que “estão preocupados com a
sobrevivência final da raça humana”; fala sobre os nanitas, que são máquinas
microscópicas que infectam as pessoas e se fundem ao hospedeiro humano e as
transforma…
mas eles não sabem em quê.
O projeto, inicialmente, era “criar um mundo melhor” (!), supostamente
eliminando características negativas dos humanos como a raiva, a ganância e a
violência, mas as coisas saíram de controle, os objetivos foram desvirtuados, e
Velma nem sabe o que pode acontecer agora.
De todo
modo, os nanitas já foram espalhados pelo mundo e já devem ter “infectado” uma
grande parte da população mundial – por enquanto, no entanto, eles estão
desativados… ao que tudo indica, no entanto,
os cientistas originais do projeto pretendem ativá-la em breve.
Velma é uma das cientistas que ajudou a espalhar os nanitas (por isso estava em
Paris lá no início da edição!), mas ela não entendia todo o plano não apenas de
“remover a parte negativa da natureza humana”, mas de
criar uma espécie passiva, que não pensa, não questiona e é facilmente
manipulável… verdadeiros zumbis sem cérebro. Toda a trama da HQ, como se
apresenta na primeira edição, é complexa e interessante, e gosto de como os
personagens se apresentam mais profundos do que nos lembramos deles, com
motivamos claras e complexas, mas visivelmente baseados nos de Hanna-Barbera.
A concepção de “Scooby Apocalipse” é
inteligentíssima!
Agora, a
Mistérios S.A. está lidando com uma
ameaça real… um fim do mundo grandioso.
Então, os
nanitas são ativados e
o fim do mundo
chega – o que nos leva à segunda edição,
“Apocalipse Agora”, de agosto de 2016, que é uma edição muito mais
ágil e de leitura mais rápida do que a primeira… além das páginas a mais, a
primeira edição precisava apresentar todo o universo e os personagens, e a
segunda edição consegue brincar com eles e com o roteiro, já os colocando para
enfrentar os primeiros grandes desafios
dentro
mesmo do complexo, em sequências que me fizeram pensar em
“Resident Evil” – e que, por sinal, me
deixaram com vontade de assistir aos filmes novamente. Conforme vimos
brevemente no fim da primeira edição, os nanitas foram ativados, os alarmes
dispararam por todo o complexo, e eles estão correndo perigo por causa das
coisas em que os humanos se tornaram…
nada do que supostamente era o plano…
Eles se
tornaram
monstros. É violenta e
intensa a maneira como a edição nos apresenta
o que as pessoas se transformaram – não há um padrão e cada ser
humano parece ter se tornado um monstro com características diferentes. O
primeiro que eles encontram é Eric Kramer, um antigo colega de Velma e o mais
próximo que ela tinha de um amigo, e que agora parece ter se convertido em um
ser irracional e brutal que mataria qualquer um no seu caminho… e Salsicha
levanta uma questão bem interessante aqui:
se
esses “monstros” costumavam ser pessoas, isso quer dizer que, ao matá-los, eles
são assassinos? É um questionamento viável a que ninguém dá muita atenção
no momento, porque estão preocupados
em
manter-se vivos, mas Daphne será a primeira a ter que lidar com isso de
fato…
afinal de contas, ela parece ser a
única que tem experiência com armas.
Assim,
Daphne é quem parte para cima de um dos monstros e a mata com tiros – alguém
que costumava ser Becky Davis, uma mulher gentil com um filho pequeno e para
quem o Salsicha olhava na cafeteria antes disso tudo começar… o mais inusitado,
e que
intensifica os questionamentos
recentes de Salsicha, é que
Becky Davis
manteve suas habilidades de fala… ela já não parece mais a Becky Davis que
Salsicha e Velma conheceram, mas ainda é um ser irracional por baixo de toda
aquela ira, violência e sede de sangue… portanto, que direito eles têm de
matá-la? Daphne vai ter que lidar com a culpa do que acaba de fazer, enquanto
alguns tentam lhe dizer que ela não teve escolha e que “Becky” os mataria a
todos, a começar pelo Scooby (que a atacou para salvar os amigos!), se Daphne
não tivesse feito nada…
de certa forma,
ela os salvou.
Eu não
esperava algo tão profundo e estou ADORANDO!
Por fim, a
segunda edição nos leva pelos tubos de ventilação do complexo (que Salsicha e
Scooby conhecem muito bem porque os frequentavam para fazer lanches ou tirar
cochilos, aparentemente) até a garagem, enquanto os nossos “heróis” buscam uma
maneira de deixar o complexo, ainda sem saber que
a situação está igualmente feia do lado de fora… lá, eles chegam a
um
experimento que estava sendo
desenvolvido pelo Dr. Krebs e a HQ nos apresenta a sua versão da Máquina
Mistério, ainda uma van verde, mas menos chamativa e com mais cara de
armamento de guerra… lá, os quatro
jovens e o Scooby encontram o Dr. Krebs morto e, antes que eles possam sair de
lá, uma série de ex-humanos que se converteram em monstros e estão prontos para
matar e devorar
qualquer um que apareça
na sua frente… é uma introdução inteligente, complexa, macabra e sinistra.
Uma
combinação e tanto!
“Scooby Apocalipse” promete!
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