[Além do Cantinho de Luz] BIA

“¡BeU tu vida!”

Em 2019, o Disney Channel América Latina lançou a sua TERCEIRA produção do gênero teen e musical. Depois dos sucessos de “Violetta”, com a temática de música em um estúdio de arte, e “Soy Luna”, que trouxe à moda a patinação, o canal apresenta “Bia”, e embora eu goste de muita coisa na série/novela, e ela consiga trazer um ar de novidade e modernidade mesmo sendo no mesmo estilo das produções anteriores, o canal continua repetindo alguns erros quase imperdoáveis (o roteiro lento e com medo, cheio de… nesse contexto de internet, não podia haver um termo melhor: click baits). Em “Bia”, além da música, acredito que o tema que permeia toda a série é o meio digital. Temos duas grandes networks e influenciadores digitais que postam todo tipo de conteúdo, cada um à sua maneira, com a sua própria personalidade… quer dizer, pelo menos o pessoal do Fundom, né? E a paixão da protagonista, Bia, é o DESENHO, e ela é muito talentosa no que faz.

Assim como nas demais produções, existe um mistério a se resolver e um reencontro para acontecer. Há 10 anos, duas famílias, os Urquiza e os Gutiérrez, tiveram perdas por causa de um acidente de carro. Helena, Victor e Lucas compunham a banda MoonDust, e quando eles foram para um show distante sem a autorização dos pais, eles acabaram sofrendo um acidente, no qual Lucas morreu, Victor ficou na cadeira de rodas e Helena, a única Urquiza e quem supostamente estava dirigindo o carro, sobreviveu, mas perdeu a memória, desapareceu, foi dada como morta e a família nunca mais ouviu falar dela… agora, Helena se tornou “Ana”, e retorna a Buenos Aires para reencontrar a família, mas não tem coragem para isso. Ainda mais quando ela percebe que o acidente de 10 anos atrás ainda desempenha um papel importante nas famílias afetadas.

Para começar, as famílias se odeiam…

E é assim que surge o romance a la “Romeu e Julieta” do casal protagonista, entre duas famílias rivais. Bia é a irmã mais nova de Helena Urquiza, e Manuel é o “primo” (na verdade, irmão, mas ele nunca soube disso) de Victor e Lucas Gutiérrez, e mora sob o teto da família, que odeia os Urquiza com todas as suas forças… então, Paula, a amargurada mãe de Victor, vai fazer com que a vida do Manuel seja um inferno por “se envolver com uma Urquiza” (mas ela também já o odeia por ele ser filho de seu marido com outra mulher). Para completar, ainda, temos o invejoso do Alex, que “se interessa” por Bia (na verdade é apenas uma obsessão), mas passa a odiá-la assim que ela lhe dá um fora e um vídeo em que ela fala mal dele acaba circulando na internet, e então ele também fará a vida do “primo” insuportável. Mas Bia e Manuel se amam e se conectam de uma maneira especial, e eles têm momentos lindos juntos, e eu acho que eles formam, talvez, o melhor e mais maduro casal do Disney Channel, com os principais problemas vindo de fora.

E, na maior parte dos casos, eles os enfrentam juntos.

<3

Algo fortíssimo em “Bia” é a ideia do “BeU”, algo citado na abertura da série, mas que só entendemos de verdade no fim da primeira temporada, quando a ideia vem à tona no Fundom. Com “Bia”, o Disney Channel tentou trabalhar assuntos como o preconceito e a necessidade de sermos nós mesmos – de nos aceitarmos como somos, e de não deixar que ninguém nos diga o contrário, que ninguém nos faça ter vergonha de ser como somos. A princípio, duas personagens representam isso fortemente: Pixie, que deixou as redes há algum tempo quando sofreu bullying porque as pessoas diziam que “ela parecia um menino”, e Daisy, que é escolhida para um reality show de dança só porque ela está acima do peso, e isso vai gerar repercussão (o que importa são os likes). Em um momento importantíssimo na temporada, Daisy faz um discurso inspirador que faz a #SoyComoSoy virar tendência.

E assim ela, Bia e todos fazem nascer a ideia de “Seja Você Mesmo”.

“Be Yourself”.

“BeU”.

Como foi com as duas outras produções do Disney Channel, o elenco de “Bia” também é internacional, com uma novidade bacana: UMA ATRIZ BRASILEIRA COMO PROTAGONISTA. Isabela Souza interpreta a Bia, e a presença de outros brasileiros no elenco – Estela Ribeiro como Alice, Gabriella Di Grecco como Helena/Ana, Rhener Freitas como Thiago, André Lamoglia como Luan – garantem palavras em português incluídas em diálogos e, o mais legal de tudo, NAS MÚSICAS! Temos músicas maravilhosas ou inteiramente em português ou, nos meus casos favoritos, em canções que mesclam o português e o espanhol brilhantemente, como é o caso de “Tu Color Para Pintar”. O elenco ainda conta com o espanhol Julio Peña, como Manuel, o argentino Guido Messina como Alex, e as mexicanas Andrea de Alba e Julia Argüelles, como Carmín e Mara, respectivamente.

Falando sobre Carmín, eu acho que eles foram longe demais na personagem, que é uma influenciadora digital meio sem escrúpulos, que faz o que for para ganhar likes, e embora a proposta e a crítica sejam boas, a personagem ficou caricaturada e o exagero a torna meio intragável. Mara, aos poucos, vai subindo como uma vilã muito mais interessante, mas acho que o papel de vilão principal na série, pela primeira vez no Disney Channel, vai para um menino: Alex. Sobre as músicas, que são ÓTIMAS, eu só acho que “Bia” devia apostar mais em performances completas, como víamos em “Violetta”, para que possamos realmente curti-las – descobri músicas que nunca apareceram na série enquanto ouvia o CD, e isso é no mínimo estranho. Devíamos apostar mais em performances como “Lo Mejor Comienza”, no fim da primeira temporada, com uma boa parte do elenco, com coreografia contagiante, com energia e vida.

Aquela cena é tudo! <3

 

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