Amy, a Menina da Mochila Azul – O sofrimento de Amy e Raúl

“E enquanto isso? Ela fica trancada lá enquanto o pai dela morre?”

O Raúl é um fofo, e a amizade dele e de Amy é uma das coisas mais lindas de “Amy, a Menina da Mochila Azul”. Por isso mesmo, dá um dó vê-lo sofrer… quando Minerva finalmente conseguiu o que queria e levou Amy para San Felipe, várias pessoas ficaram sofrendo a sua ausência no povoado. Matías, por exemplo, acabou no hospital; Raúl, por sua vez, está andando triste pelos cantos, vendo Amy em todo lugar e chorando, escrevendo poesias… além de que ele está irritadiço, desesperançoso e morrendo de vontade de fazer o Adrián pagar pelo que ele fez com Amy – afinal de contas, nada disso teria acontecido se não fosse pelo Gato. O Gato, que agora é “Adrián Betancourt”, está cada vez mais insuportável, é só ver a maneira como ele se coloca como superior a todos e pede que seus “empregados” tragam um monte de comida para ele na escola (!) na hora do intervalo.

O pior é que Octávio está permitindo isso tudo.

Enquanto isso, Amy está vivendo dias sombrios em San Felipe… aquilo tudo é uma verdadeira tortura, e tudo o que vemos Amy fazer é chorar. Primeiro, Carlota decide que vai queimar suas coisas (a mochila azul que é a única recordação que tem dos pais, e o telescópio que ganhou de Raúl para ver as estrelas e pensar nele), e quando Amy entra escondida no escritório dela para tentar resgatá-las, ela acaba escutando uma conversa de Carlota ao telefone com Octávio, na qual ela descobre que o pai está no hospital e está muito mal. Descoberta, Amy acaba sendo castigada e passa uma noite inteira presa no sótão, aquele lugar escuro e pavoroso que faz até a Minerva ficar morrendo de medo… enquanto está presa naquela torre, chorando sem parar a noite inteira, Amy ainda escuta um misterioso chamado que pede a sua ajuda… o chamado do fantasma da torre.

Queimar as cosias de Amy, no entanto, não parece estar sendo tão simples quanto Carlota esperava… primeiro, enquanto Amy implora para que ela não faça isso, uma das outras garotas do internato segura a diretora para que Amy recupere sua mochila e seu telescópio e saia correndo, e Amy corre diretamente para o sótão, porque sabe que Minerva não tem coragem de segui-la até lá. Carlota, então, coloca todo o internato em busca das duas, e as crianças encontram Carlota desmaiada do lado de fora do sótão, e elas dizem a Amy que ela pode se esconder, e elas vão dizer à Carlota que só encontraram a Minerva… mas Amy decide que não vai ficar fugindo, e espera a chegada da diretora. O tempo todo, no entanto, ela fica com a mochila nas costas, e isso nos dá uma aflição crescente, porque sabemos que ela vai acabar a perdendo de novo.

Amy deveria ter escondido a mochila em algum lugar para impedir Carlota de pegá-la novamente, mas é justamente isso o que acontece, e então Carlota diz que a mochila será queimada nessa mesma noite. Quando chega o momento de queimar as coisas de Amy, novamente Carlota tem uma surpresa. Ela joga a gasolina e acende um fósforo, mas um vento apaga o fogo. Poderia ser apenas uma coincidência, se isso não se repetisse várias vezes, com todos os fósforos que Carlota tenta acender para maltratar a Amy. O barulho do vento é misterioso, com um tom fantasmagórico, e ninguém sabe bem ao certo o que aconteceu e o que salvou as coisas de Amy, mas ela se permite um sorriso esperançoso ao ver que não está dando certo… até Minerva, apavorada, diz a Carlota que “deve ser o fantasma”. Então, as coisas ficam a salvo.

Por mais um dia.

Raúl, por sua vez, também está sofrendo muito com a ausência de sua melhor amiga, e ele tem umas sequências bem fortes e bem melancólicas. Dá para ver, em sua postura e em seu olhar, como ele está sofrendo muito, e a conversa com a tia é de partir o coração – a tia tenta acalmar o sobrinho, dizendo que as pessoas boas vencem no fim ou algo assim, e Raúl solta uma frase bem forte para a sua idade, expressando toda sua bem-fundamentada frustração: “E enquanto isso? Ela fica trancada lá enquanto o pai dela morre?” Raúl passa a maior parte do seu tempo chorando, e parece ver a Amy em cada lugar para onde olha, porque as memórias do que viveu com ela estão espalhadas pela cidade inteira… e como se não bastasse todo o sofrimento do garoto, o diretor ainda ameaça expulsá-lo da escola por causa de um ataque de ovos podres contra Adrián.

Mas não foi ele, e a escola é bem injusta.

Conversando com o diretor, Raúl acaba contando que foi o Gato quem roubou a lanterna e a colocou na mochila azul de Amy, e ele é tão sincero e convicto que o diretor resolve lhe dar o benefício da dúvida… mas os sofrimentos de Raúl não param por aí. Uma vez de volta à sala, Marcial volta a aprontar contra ele e, dessa vez, ele pega o caderno de Raúl, onde Raúl escrevera alguns versos, e então os lê para toda a sala, em tom de deboche, fazendo isso apenas para provocar e para humilhar o Raúl… ele não tinha o direito de mexer nas suas coisas, nem de ler os versos para toda a sala, mas a Professora Alma também não devia ter demorado tanto para agir… ela só fez alguma coisa quando o Raúl ameaçou partir para cima dele e, sinceramente, eu não ia culpar o Raúl por nada naquele momento. Então, a Professora Alma dá uma bronca em Marcial, e Raúl sai correndo abraçado ao caderno.

Essa é, para mim, uma das cenas mais emotivas do personagem! Vê-lo com os olhinhos cheios de lágrimas, abraçado ao caderno, saindo correndo da sala… porque a dor do Raúl é séria e verdadeira, e parece que as pessoas não estão levando isso muito a sério – ele sente falta de Amy, e ainda sente que é uma injustiça que ela esteja em San Felipe, ele tem o direito de sofrer… o menino está com o coração destroçado. E também vale ressaltar que aqueles versos que Raúl escreveu no caderno, por mais melancólicos e dolorosos que eles fossem, eram lindos… ele pegou a sua dor e a transformou em poesia, o que demonstra muito talento de sua parte – um artista de coração partido, escrevendo. Eventualmente, então, a Professora Alma acaba saindo da sala de aula para ir falar com Raúl, seu sobrinho, e, quem sabe, finalmente entender o quanto ele está sofrendo.

A dor de uma criança precisa ser respeitada.

Tadinho do Raúl!

 

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