One day. Infinite possibilities.
Um filme de
time loop divertido, bonito e
emocionante…
“O Mapa das Pequenas Coisas
Perfeitas”, produção original da Amazon Prime lançado em 12 de fevereiro de
2021, é um filme lindíssimo e apaixonante – duas coisas me chamaram a atenção
quando esbarrei no filme: a temática de
time
loop, que sempre me fascina, e o protagonismo de Kyle Allen, e assisti ao
filme todo encantado porque
é um dos meus
filmes favoritos no gênero. É legal como
“O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas” conseguiu mesclar todo o tom
divertido e enigmático do
time loop,
mencionando fórmulas, levantando teorias, ao mesmo tempo em que brinca em ser
um filme de romance adolescente, com uma dupla bonita e carismática que
certamente tem muita química… o resultado é um filme incrível com uma mensagem
bonita que facilmente entrou para a lista de filmes que eu amo de todo o
coração.
Estamos
habituados a assistir a filmes de
time
loop vendo
a primeira vez em que os
protagonistas vivem aquele dia ou período de tempo, para então amanhecerem
novamente no mesmo dia e perceber o que está acontecendo e o que precisam fazer
para sair do ciclo… quando o filme começa, no entanto, Mark já está no
time loop há não sei quanto tempo – ele
já sabe o que a irmã vai lhe dizer no café-da-manhã, que hora a caneca vai cair
da mesa, quem vai pedir informação na rua…
tudo
o que o personagem normalmente estaria fazendo lá na metade do filme. Gostei
de pularem essa introdução, porque isso me mostrava que o filme tinha mais a
oferecer além do costumeiro
time loop,
embora Mark faça o que quase qualquer um faria nessa situação…
uma dessas coisas é tentar conquistar uma
garota, o que começa a funcionar depois de inúmeras tentativas.
Ou não.
As coisas
mudam para Mark quando subitamente uma garota, que ele nunca vira antes,
aparece para impedir uma bola de acertar a garota que ele está tentando
conquistar, e isso só pode querer dizer uma coisa: QUE ELA TAMBÉM ESTÁ EM UM
LOOP TEMPORAL. Eu achei muito bacana essa proposta de um
time loop compartilhado, especialmente entre duas pessoas que não
se conheciam antes e que não ficam presas ao mesmo tempo…
não sabemos há quanto tempo Margaret está presa nesse time loop. A
história, então, toma um rumo um pouquinho diferente do que eu previra, e o
filme fica uma graça:
“O Mapa das
Pequenas Coisas Perfeitas” se torna um romance adolescente dos mais fofos,
enquanto toda a questão do
time loop
se torna um pano de fundo para a história dos dois, e então eles acabam vivendo
coisas que ninguém viveria… adorei a junção do romance com o
time loop.
Isso porque
Mark e Margaret passam a se encontrar diariamente – afinal de contas, eles são
os únicos dois que parecem estar realmente
vivendo…
os demais estão presos no mesmo dia, nas mesmas ações…
é natural que eles queiram ficar juntos e viver coisas que são
diferentes, e agora finalmente têm a chance. Assim, eles começam a procurar
por todas as “pequenas coisas perfeitas” que acontecem na cidade, e eu achei
isso tão poético, tão belo! O cara sentado num banco se encaixando
perfeitamente às asas pintadas em um caminhão que para na rua; uma águia
pegando um peixe no rio; a menina skatista que faz a manobra perfeita; as
nuvens formando um ponto de interrogação; uma série de momentos ínfimos e
perfeitos que só eles podem apreciar… Mark acha, inclusive, que talvez seja
justamente por isso que eles estão nesse
time
loop: para acharem esses momentos perfeitos.
Então, Mark
e Margaret se lançam em uma caçada aleatória por todos os momentos perfeitos
que puderem encontrar, e registram isso tudo na memória, que é o único lugar
que estará intacto quando acordarem no dia seguinte… o que não impede Mark de
desenhar um mapa da cidade com os momentos perfeitos de qualquer maneira, em
busca de um padrão, algo que possa lhes proporcionar sair desse
time loop. As cenas dos dois são uma
delícia de se acompanhar, com destaque ao momento em que ele prepara para ela
uma estação espacial e uma viagem à lua no ginásio da escola, e os dois
compartilham um momento especial único e que é apenas deles…
que não aconteceu nenhuma vez até então.
A conclusão da cena, com os dois andando de bicicleta pelos corredores da
escola também é lindíssima, uma das melhores do filme!
Só que,
misteriosamente, Margaret sempre recebe um telefonema às seis da tarde e
precisa ir.
O filme é
repleto de referências do universo nerd e isso torna o filme
ainda mais fascinante para mim. Gosto,
por exemplo, de como
“Feitiço do Tempo”,
possivelmente o filme de
time loop
mais famoso da história, é mencionado e usado como exemplo mais de uma vez, ou
de como Mark é apaixonado por
“Os
Bandidos do Tempo”, um filme que Margaret nunca assistiu… também gosto das
várias referências a
“Doctor Who”, com
direito ao Mark dizendo que entendeu o que estava acontecendo quando se
perguntou “por que nenhum episódio novo de
‘Doctor
Who’ estava saindo”, ou citando a icônica frase de David Tennant como o
Doctor, quando ele fala que o tempo não é uma linha reta, mas mais “wibbly
wobbly timey wimey stuff”. Também achei fascinante como o filme mistura
referências da cultura pop a teorias e possibilidades, e amei as conversas
sobre a
quarta dimensão…
Com destaque
à Margaret se perguntando se nós não seríamos apenas sombras de seres 4D.
Wow.
O filme
também é bastante reflexivo, e eu gosto de como Mark e Margaret, cada um por
seus próprios motivos, encaram o
time
loop de maneira completamente diferente… enquanto Margaret parece disposta
a, quem sabe, continuar nesse ciclo
para
sempre, Mark pensa em como eles
não
têm um futuro enquanto estiverem ali, porque nunca poderão envelhecer,
nunca poderão se formar, nunca poderão fazer nada que dure mais de 16 horas.
Margaret, no entanto, claramente tem coisas a resolver… por isso, ela não
consegue se envolver com ele mesmo quando as coisas ficam muito românticas e é
claro que eles se gostam, tampouco consegue seguir adiante com um plano dele de
cruzar a Linha Internacional de Data com uma viagem para o Japão…
naquele momento, eu fiquei tenso, achei que
funcionaria, que Mark seguiria adiante e procuraria Margaret no dia seguinte.
Mas, à
meia-noite, tudo volta. Como sempre foi.
Depois de
Margaret fugir do avião e mandar uma mensagem a Mark pedindo desculpas, mas
dizendo que
não consegue fazer isso,
Mark acaba dando a Margaret seu espaço e vive o seu próprio
time loop, e percebemos que existiam
coisas que ele precisava mesmo fazer sozinho… ele precisava enfrentar o pai,
mas, depois, conversar com a irmã e entender que, no fim, ele estava julgando o
pai da forma errada; precisava ir ao jogo de futebol da irmã e ajudá-la a
vencer; e precisava
participar de
alguns momentos perfeitos ao invés de apenas assisti-los, como quando tenta a
manobra do skate e acaba no hospital – e é quando ele encontra Margaret e
descobre que, naquele dia, sua mãe está morrendo naquele hospital, e é por isso
que ela recebe a ligação todo dia às seis horas da tarde…
e é por isso que ela não consegue seguir em frente, para o amanhã.
Mark
correndo para abraçar a própria mãe antes de ela sair para trabalhar depois
disso é um dos momentos mais lindos e mais emocionantes do filme!
Eventualmente,
então, Mark entende:
esse tempo todo ele
achou que ele era o herói dessa história, o protagonista, quando, na verdade,
era a história de Margaret. E então a perspectiva do filme muda… passamos a
ver as coisas sob a ótica de Margaret, e são cenas incríveis em que percebemos
o crescimento dela – a maneira como ela acaba indo à casa do amigo de Mark
procurando por ele, e uma conversa com ele e uma partida de videogame a leva a
falar sobre como “às vezes precisamos enfrentar a perda, ainda que doa”, e
então ela percebe que é isso mesmo o que tem que fazer…
permitir que a mãe siga adiante. Então, ela percebe que Mark tinha
razão na questão do “mapa das pequenas coisas perfeitas”, mas ele esqueceu de
adicionar uma dimensão ao mapa:
o tempo.
Assim, com o seu cubo 4D, ela sabe exatamente onde estará o último momento
perfeito…
Na piscina pública, às 19h. E, então, eles
poderão seguir em frente.
A sequência
final do filme é lindíssima! Margaret encontra Mark sozinho na piscina e se
senta ao seu lado e, juntos, eles compõem
o
último momento perfeito daquele dia – o diálogo é um dos mais belos do
filme (embora todos os diálogos tenham sido muito bem escritos), e Margaret
fala sobre a mãe, sobre o medo de perdê-la, sobre como “desejou que o tempo
parasse e ela pudesse ficar nesse momento para sempre”. Ela entende, agora, que
precisa enfrentar a dor de perder a mãe, e ela entende, também, o papel de Mark
nisso tudo, o porquê de ele ter sido atraído para esse
time loop: para que quando chegasse a hora de Margaret seguir em
frente, que ela não precisasse fazer isso sozinha… o filme é muito lindo, e
toda essa parte final me emocionou demais. Então, Margaret precisa se despedir
da mãe, mas Mark está com ela e, juntos, à meia-noite, eles conseguem seguir
adiante.
Conseguem
chegar ao dia seguinte.
Agora, eles
têm uma vida inteira pela frente… cheia
de pequenos momentos perfeitos que eles só precisam saber encontrar, mesmo
sem a ajuda de um time loop.
APAIXONADO
POR ESSE FILME!
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