Turma da Mônica Jovem (2ª Fase, Edição Nº 35) – Amor Reprimido


“Olá! Bom dia! Eu sou Aura! Androide doméstica modelo gênio 777, série Vento. Estou pronta para receber configurações de usuário”

 

Muito melhor do que a edição passada… o Franja foi um dos primeiros personagens por quais me apaixonei na “Turma da Mônica Jovem” (antes de cair de amores pelo DC, claro), mas ele pode ser cheio de defeitos, e essa edição deixa isso mais claro do que nunca. Em “Amor Reprimido”, Franja está controlador e agindo de forma horrível com a Marina, e não tem como defendê-lo… é legal, então, que a Marina encontre uma “ajuda inusitada” justamente em Aura, uma nova robô que o jovem cientista está testando. O destaque da edição vai para o fato de termos uma história inteiramente centrada em Marina e Franja, e além de a Mônica ser apenas uma curtíssima participação especial, ela não aparece na capa (e, na verdade, nem nas segunda, terceira e quarta capa da edição!), algo que geralmente não acontece nessa segunda fase da revista.

E que muita gente cobra há muito tempo.

Marina está tendo uma espécie de bloqueio criativo, e ela acaba desistindo e apagando um desenho fofinho de um ratinho com um guarda-chuva, pouco antes de o Franja receber uma encomenda que distrai a Marina de suas pinturas… Franja está animado com Aura, uma robô gênio 777, Série Vento, que acabou de chegar para ele – um novo protótipo, ainda em teste, e ele é quem vai testá-lo… então, Franja realiza as primeiras configurações de usuário, e então resolve testar Aura de todas as maneiras possíveis, enquanto pede que Marina filme tudo para ele, mesmo que ela quisesse voltar para os seus quadros, especialmente para um que tem que entregar na aula de arte. Mas Franja acaba a convencendo de participar de tudo, enquanto ele realiza alguns testes, a começar por dar ordens simples a Aura e pedir que a Marina faça o mesmo.

Depois, Franja leva Aura para o Colégio do Limoeiro, testando suas habilidades de fazer perguntas a partir da curiosidade e estranheza dos fatos, o que é bem interessante, mas ele pega pesado quando resolve colocar a Aura à disposição de todo mundo na escola… então, o pessoal pede de tudo… a Denise pede que ela lixe seus pés, o Cascão pede que ela coce suas costas, e uma série de outros pedidos que, eventualmente, acabam sobrecarregando a robô – e o Franja parece não se preocupar com isso. Marina, empática, consegue ver a sua expressão mudando, consegue perceber, com antecedência, que ela não está gostando disso tudo e, em algum momento, parece que ela vai explodir e causar um apocalipse das máquinas ou qualquer coisa assim, mas não é nada tão exagerado quanto isso. Aura, sobrecarregada, simplesmente se desliga.

Enquanto ela reinicia, Franja sai para comprar umas coisas, e Marina é deixada sozinha com Aura, e aqui temos uma das cenas mais interessantes da edição. Aura consegue ver através da nova camada de tinta que Marina jogou sobre a tela a pintura original do ratinho com o guarda-chuva, e ela diz que estava muito bonita. Aura é uma personagem divertida, um pouco maluca, e fala sem parar, e pode ser perigosa, falando sobre “revolução das máquinas” ou qualquer coisa assim… como nos filmes de ficção científica. E Marina não sabe o que fazer a esse respeito! O mais “estranho” é que Aura parece acreditar que Marina é uma robô como ela, e embora Marina tente lhe explicar que ela não é, Aura diz que “também não acreditava que era uma robô antes”, e fala com Marina como se Franja fosse o seu mestre. E ela não muda de ideia quando Marina explica que ele é seu namorado.

Mas e se a Aura tiver razão?

Isso não sai da cabeça de Marina… ela tem certeza que não é uma robô, como Aura acredita, mas e a outra parte? E a parte sobre o Franja? Em uma sequência dolorosa (eu achei bem dolorosa), entendemos o que Aura quis dizer, afinal de contas, e, de quebra, entendemos o motivo do chamado “bloqueio criativo” de Marina: o problema é o Franja, que fica colocando defeito em todas as suas pinturas. Naquele dia, na colina, Marina volta a pintar, e fica muito satisfeita com o seu desenho, de uma garota sorrindo, e ela usou vários tons de azul e roxo, mas o Franja usa o círculo cromático para dizer que ela está errada (“Lamento pela falta de fidelidade… estamos limitados no quesito cores nesta publicação”), que, com essas cores, não faz sentindo que a garota esteja feliz, porque são cores ligadas à melancolia e à tristeza, e Marina acaba achando que ele tem razão.

Mas não tem… ele não entende de arte, e arte não é a ciência exata do Franja. E há quanto tempo ele está fazendo o mesmo? Aquela NÃO FOI a única vez. Ele vem colocando defeito em tudo o que ela faz, e ela vem aceitando isso, deixando que ele a apague, assim como ele está fazendo agora com Aura, querendo reprogramá-la. É por isso que, ao perceber isso, Marina libera Aura, para que ela seja LIVRE como queria ser, para que comece sua revolução das máquinas, se quiser, e ela não vai mais ficar escutando o que o Franja tem a dizer. Quando ele briga com ela e diz que “ela não entende nada de robôs”, ela responde da melhor maneira possível: “E você não entende nada de arte! Mas isso nunca impediu você de criticar tudo que eu faço! Então estamos quites, Franja!” WOW. Com isso, ela diz o que precisava ser dito e talvez o Franja melhore… ele pede desculpas, e ele entende que precisa se policiar, porque não pode fazer isso com a Marina.

Espero que ele seja mesmo um namorado melhor agora.

A arte da Marina é linda e é dela!

<3

 

Para mais postagens da Turma da Mônica Jovem, clique aqui.

Ou visite nossa página: Cantinho de Luz

 

Comentários