“The
endgame has begun. That? Is that what you're looking for?”
QUE FILME
BOM! Eu estava bem ansioso e
curioso
por
“A Família Mitchell e a Revolta das
Máquinas” desde o primeiro trailer e sinopse do filme, mas ele é
muito mais do que eu podia esperar. Além
de ter um visual muito bom e ser uma animação competente, o filme consegue
abordar vários assuntos de forma inteligente, leve e divertida, como a
dependência que o humano desenvolveu pela tecnologia e as relações familiares.
Assim, o filme consegue ser crítico, consegue nos fazer pensar, consegue
certamente nos
emocionar com várias
cenas bonitas, nunca deixando de ser alegre e engraçado. Os personagens são
carismáticos, as situações são hilárias, os diálogos são bem escritos! É uma
das melhores animações que eu vi nos últimos anos, mostrando que a Sony está aí
para produzir animações tão boas quanto as da Pixar, e num estilo completamente
diferente.
(Lembrando
que foi a Sony quem produziu “Homem-Aranha
no Aranhaverso”)
“A Família Mitchell e a Revolta das
Máquinas” começa nos apresentando os Mitchell – uma família imperfeita e
divertida que, por algum motivo, me fez pensar nos Incríveis. Katie Mitchell, a
filha mais velha, está se preparando para ir embora para a Califórnia para
estudar cinema, e finalmente “encontrar a sua tribo”, depois de ter passado
a vida inteira se sentindo excluída
porque ninguém entendia os filmes que ela fazia… Katie é uma personagem que te
conquista já em um primeiro momento (e eu adorei o fato de ela ser LGBT, o que
ficou sugerido no início do filme, mas confirmado na última cena, sem alarde
nem nada, porque
não tem nada de mais),
e eu achei os filmes dela muito criativos e bacanas!
Talvez as pessoas na sua cidade ainda não estivessem preparadas para
eles. Mas tudo está prestes a mudar para Katie –
mais do que ela imagina.
Uma boa
parte do filme é construída em cima da relação de Katie com o pai… a maneira
como eles sempre foram próximos (as cenas são muito fofas!), mas como algo se
rompeu há algum tempo, e talvez apenas porque
um não consegue entender o outro – eles são diferentes; ela quer
fazer cinema, enquanto ele quer que ela encontre uma carreira segura, mas Rick
erra ao não dar a Katie
o apoio que era
tudo o que ela buscava antes de ir para a faculdade. Assim, eles acabam
tendo uma briga feia no dia anterior à viagem à faculdade e, para
tentar consertar tudo, Rick cancela o
voo dela para a Califórnia (!), dizendo que ele decidiu que eles mesmos vão
levá-la à faculdade, de carro…
uma viagem
em família. Assim, o filme consegue ser uma comédia, um drama, um filme de
road trip e apocalíptico – e toda essa
mistura, surpreendentemente, funciona muito bem!
Como eu
comentei no início, o filme tem um roteiro brilhante que se sai muito bem ao
abordar temas como a tecnologia e a família, com ótimas mensagens finais. A
parte mais cômica do filme, por sua vez, está presente em pequenos momentos e
em situações bizarras que certamente nos arranca as melhores risadas.
Sério, não tem como não amar esse filme!
Durante a desastrosa viagem da Família Mitchell, o mundo é atacado por máquinas
controladas por uma inteligência artificial, a PAL, e então chegar à faculdade
já não é mais o objetivo dessa viagem:
o
objetivo é sobreviver a um apocalipse tecnológico e, quem sabe, salvar o
mundo, sabe? Gosto muito de todo o clima
dramático
de ação, que é debochado e, às vezes, nos lembra a ação de HQs (foi aqui que
pensei em
“Homem-Aranha no Aranhaverso”),
e o filme ganha uma camada extra que eu adoro.
Há uma
interessante inversão do que estamos habituados no mundo atual, mas quando
vemos as
máquinas nos tratando
daquela maneira, percebemos que
realmente
não estamos distantes dessa realidade – o filme desempenhando o papel de um
episódio de
“Black Mirror” aqui. PAL,
a inteligência artificial, não quer apenas mostrar aos humanos como as
tecnologias são tratadas, como quer capturar todos os humanos e enviá-los para
o espaço (o que não parece uma alternativa tão ruim quando eles descobrem que
terá wi-fi de graça), enquanto as
máquinas tomam conta do mundo, e ela não enxerga nenhum motivo pelo qual os
humanos deveriam ser poupados, afinal de contas, eles não se tratam bem nem
entre eles…
e conversas clichês não vão
convencê-la. Assim, pouco a pouco os humanos são todos capturados – e os
Mitchells são os únicos que sobram.
Cabe a eles salvar o mundo.
Mas se o
ataque das máquinas é uma adição
interessante ao filme e rende ótimos momentos de ação dos mais bizarros
possíveis, a alma do filme nunca deixa de ser a relação familiar – e eles vão
descobrindo que o que eles têm pode não parecer
perfeito como de algumas outras famílias (os vizinhos, por
exemplo), mas o que eles têm é só deles:
eles
se amam, se protegem e agora sabem disso. A segunda parte do filme, então,
se desenvolve enquanto os Mitchells tentam liberar o “código-bomba” e acabar
com a PAL, desligando as máquinas e salvando os humanos,
mas parece que tudo dá errado mil vezes – e eu gosto disso no
filme, porque gera uma ansiedade e a sensação de que o roteiro se preocupou com
detalhes ao invés de escolher uma solução fácil e pronto…
eles tiveram várias chances de conseguir o que queriam, e algo sempre
deu errado.
Bem, quase
sempre.
Preciso
comentar, também, sobre o Pug que é o cachorro da Família Mitchell, e que
é um espetáculo à parte – porque ele
gera VÁRIOS dos momentos mais divertidos do filme e, não bastasse isso, ele
ainda é quem ajuda a salvar a humanidade no fim das contas…
mais de uma vez. Depois que o plano de
invadir a base da PAL no Vale do Silício fantasiados de robôs dá errado, Rick e
Linda são capturados, e Katie e Aaron precisam improvisar…
e Katie usa o Pug na frente do carro para confundir os robôs. Em
paralelo, Rick assiste, pela primeira vez, a um filme de Katie, protagonizado
pelo Pug da família (!), e percebe o que ela sempre quis lhe dizer:
ela o ama, mas às vezes ele é duro demais e,
agora que ela está indo embora, ela só queria ter o seu apoio, mas ele não está
lá. Por isso, ele resolve “mudar a sua programação”, como os robôs amigos
comentam, e ajuda a salvar o mundo.
O clímax do
filme é eletrizante. Temos a Katie dirigindo exatamente como o pai ensinou,
temos a Linda se tornando furiosa quando os robôs capturam Aaron (afinal de
contas, uma mãe faria de tudo para defender um filho), e Rick consegue sair de
onde está preso e fica responsável por
colocar
os vídeos de Katie em todos os telões, para desnortear os robôs que ficam
tentando entender se o pug é um cachorro, um porco ou um pedaço de pão. A
ação aqui é exagerada e divertida, e a união peculiar dessa família é um
máximo… no fim das contas, não é “a família perfeita” dos vizinhos que salva o
mundo, mas os Mitchells, cujas imperfeições provavelmente os fazem
ainda mais perfeitos. Temos vários
momentos
emocionantes nessa reta
final, como a Katie falando com PAL sobre a sua família, ou o Rick dando suas
“ideias” para a sequência do filme do pug… QUE FILME SENSACIONAL!
“A Família Mitchell e a Revolta das
Máquinas” tem uma aprovação de 97% da crítica especializada no Rotten
Tomatoes, e você entende assim que você o assiste, porque
não tem como não se apaixonar. O filme consegue entregar tudo que
prometeu
e um pouco mais – diversão,
emoção, reflexões… e ainda temos um “epílogo” de alguns meses depois, quando a
vida de todos está voltando ao normal e Katie pode finalmente ir para a
faculdade, levada pela família, mas dessa vez
por sua própria escolha, com uma cena linda dela se despedindo da
família (com destaque para o abraço no pai, e a emoção do Aaron, o irmão mais
novo que é um fofo!), antes de começar uma nova fase da sua vida, mas,
diferente do que ela imaginou, não com a “sua tribo” – a
sua tribo, no fim das contas, são os Mitchells. O quanto essa
família aprendeu e cresceu durante
um
apocalipse robótico é sensacional!
Para reviews de outros FILMES, clique aqui.
Haha adorei sua review! Voce escreve muito bem 💙 Realmente, reconheço que é um bom filme embora não tenha gostado muito, achei bem clichê e não consegiu prender minha atenção :')
ResponderExcluirshinekyouki.blogspot.com