Lost 1x01 – Pilot: Part 1

A queda do Voo 815.

Tantos anos depois, e o Piloto de “Lost” continua IMPECÁVEL. É um episódio razoavelmente simples, mas que já dá dicas do que a série se tornaria futuramente – e como eu sou apaixonado por “Lost”, não tem como não amar cada segundo dessa estreia. O episódio é mais ou menos o que se espera da premissa básica de “Lost”: um grupo de sobreviventes tentando lidar com as primeiras horas depois da queda do avião deles em uma ilha isolada. Mesmo assim, o episódio apresenta um tom de mistério que é o que embala a série e conquistou os fãs, que passaram horas e horas criando e discutindo teorias na internet, semana a semana (!), além de um curto flashback que tem tudo a ver com o jeito de “Lost” de contar história – o que era bastante inovador na época de exibição da série, em 2004, e continua funcionando perfeitamente para o que a série se propõe.

Mas algo que sempre foi dito sobre “Lost” e que o Piloto já deixa claro é que a série é muito mais sobre aquelas pessoas do que sobre a ilha – existe muito carisma naqueles personagens, e queremos conhecer mais de cada um… é interessante olhar para aqueles rostos e pensar nas surpresas que os flashbacks ainda trarão de cada um deles, e os próprios personagens que eles “criam” na ilha. Para alguns, é um recomeço. A cena de abertura da série é icônica: Jack abrindo os olhos, sozinho no meio do mato. Depois de uma sequência longa e extremamente bem dirigida, porque parece nos colocar lá no lugar de Jack, ele se levanta e caminha em direção à praia, onde o caos reina depois da queda do avião: pedaços do avião por toda parte, pessoas machucadas, pessoas mortas… muito o que fazer, especialmente para o Jack Shephard, que é um médico.

A construção desse cenário desolador é perfeita… e a maneira como o episódio consegue apresentar uma variedade de personagens, como Shane, que está confiante de que a ajuda está vindo a qualquer momento; Boone, que não sabe bem o que fazer, mas tem uma boa vontade tremenda; Claire e sua gravidez avançadíssima; e Hurley, que parece mais perdido do que qualquer um dos outros personagens. E como o episódio Piloto é “centrado” em Jack, vemos tudo sob o seu ponto de vista, enquanto ele caminha pela ilha provavelmente salvando algumas vidas, antes de voltar-se a si próprio e cuidar de um machucado aberto em suas costas antes que ele se torne algo grave – e é aqui que Kate faz a sua estreia no episódio, sendo convidada a ajudar Jack a costurar a ferida que ele não alcança… e, assim, alguma coisa parece nascer entre os dois.

É bom ver os grupos começarem a se formar… Jack e Kate vão render muita história, assim como o fazem no primeiro episódio, e isso que Sawyer ainda nem entrou na jogada – por enquanto, ele é apenas uma figura misteriosa (e bonita) fumando na praia, assistindo a tudo “de fora”. Em flashback, acompanhamos um pouquinho do Voo 815, e é a primeira vez que estamos de volta a ele antes de sua queda… vemos cenas de Jack (e Rose), enquanto tantas outras coisas estão acontecendo e podemos ver apenas de relance – será que na época tínhamos noção de que ainda exploraríamos esse voo de tantos pontos de vistas diferentes? Mas é interessantíssimo ver o estado dos passageiros quando as coisas começam a dar muito errado, ver o desespero tomando conta enquanto o avião começa a cair, as máscaras de oxigênio despencam do teto, e a queda é iminente.

O episódio ainda traz um pouquinho do “Monstro”, embora não cheguemos a vê-lo, e esse é um tom macabro brilhantemente acrescentado a uma situação que já é desesperadora por si só – especialmente quando o tempo vai passando e ninguém aparece para buscá-los, como Sayid esperava que já estivesse acontecendo. Então, Jack acaba atravessando o vale para poder encontrar a parte da frente do avião, que caiu perto dali: talvez, na cabine do piloto, eles consigam um transmissor e possam entrar em contato com alguém para pedir um resgate… a jornada é interessante (e o cenário é bonito), e conta com Jack, Kate e Charlie – Kate se recusa a deixar Jack ir sozinho, porque, de alguma maneira, um vínculo já se criou entre eles, e o divertido Charlie parece ter seus próprios objetivos, sejam eles quais forem. Eles até que formam um bom trio.

Como não amar o Charlie?

A visita à parte da frente do avião, no entanto, É UM DESASTRE. Eles até encontram o piloto do avião, ainda vivo, mas o transmissor não está funcionando, e eles acabam sendo diretamente atacados pelo que for que esteja atacando as pessoas na floresta – e então o piloto é “capturado”, gerando um clímax interessante para o primeiro episódio, deixando um gancho perfeito para o próximo… Kate, Jack e Charlie saem correndo o mais depressa que podem, e acabam se separando quando Jack volta para ajudar Charlie, e Kate se vê sozinha, desesperada, tentando usar a tática de “deixar o medo tomar conta por apenas 5 segundos e depois fazer alguma coisa”, como Jack a ensinou no dia anterior ao falar sobre a sua primeira cirurgia, para ajudá-la a ter forças para costurar sua ferida… o grupo não tarda a se reunir, presenciando algo terrível: o piloto morto e ensanguentado no topo de uma árvore.

O que quer que tenha feito isso certamente não está para brincadeira.

 

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