Lost 1x03 – Tabula Rasa
O segredo de Kate…
EU ADORO O JEITO DE “LOST” CONTAR HISTÓRIA, e eu preciso estar falando sobre isso novamente agora, porque “Tabula Rasa” foi o primeiro episódio que mostrou o formato que a série seguiria fielmente durante muito tempo: flashbacks. A ideia de “Lost” de contar a história dos sobreviventes na ilha em paralelo com flashbacks que nos permitissem conhecer melhor cada um dos personagens é inteligente e muito bem utilizada, porque cada episódio é centrado em um personagem diferente, desenvolvendo vários protagonistas paralelos, e além de isso adicionar profundidade aos personagens, também nos ajuda a entender algumas coisas que estão acontecendo na ilha… depois de um Piloto duplo com poucos flashbacks e não centrados em apenas uma pessoa, o terceiro episódio é focado em Kate Austen, e ganhamos algumas (poucas) respostas a perguntas levantadas durante o episódio anterior…
No último episódio,
descobrimos que a prisioneira que eles descobriram que estava no avião era a
Kate, e que o homem cuja vida Jack está tentando salvar é a do policial que a
acompanhava. Durante os flashbacks de
“Tabula Rasa”, voltamos alguns meses
no tempo, mas, infelizmente, não o suficiente para descobrirmos o que Kate fez para ir presa, afinal.
Voltamos apenas o suficiente para encontrar Kate despertando em uma fazenda
onde ela é acolhida por Ray Mullen durante alguns meses, e durante todo aquele
tempo ficamos tensos, esperando que o
que a torna uma prisioneira fique evidente, mas a verdade é que, naquele
momento, Kate já estava fugindo da
polícia – por isso estava dormindo escondida no estábulo até ser descoberta. A
história que acompanhamos, então, se encaminha para o momento em que Kate é
entregue para a polícia…
Não
conseguimos sentir raiva de Ray Mullen, no fim das contas – quer dizer, pelo
menos eu não consigo. Ele entregou a
Kate para a polícia, sim, mas ele a acolhera e ela nunca quis falar sobre a sua
vida, sobre o que escondia, tentou fugir no meio da noite sem falar nada, e
tudo o que Ray sabia sobre ela era uma foto que tinha visto no correio e que
dizia que ela era uma foragida da polícia… a
recompensa era de 23 mil dólares, e ele tinha uma hipoteca imensa para pagar.
O episódio é inteligente ao não revelar o crime de Kate, porque deixa as cenas
muito mais misteriosas – Edward Mars, o policial que vai levar Kate presa e
estará com ela no avião, parece assustador. No presente da ilha, as cenas que
envolvem Edward Mars e Kate Austen são ainda mais intensas e confusas, nos
fazendo pensar uma série de coisas… e,
assim, as teorias começam.
Falando em
teorias, pouco temos de desenvolvimento na trama da ilha nesse terceiro
episódio. Não sabemos mais do que sobre o monstro que ninguém viu ainda, sobre
o urso polar do episódio passado ou mesmo sobre a transmissão de, supostamente,
16 anos atrás. Em contrapartida, o episódio faz o que “Lost” sabe fazer de melhor, que é desenvolver personagens, e é
brilhante como cada um dos demais protagonistas, mesmos sem terem o episódio
centrado neles ainda, conseguem ter pequenos momentos para brilhar; Hurley com
medo de Kate, por exemplo; Locke falando que “um milagre aconteceu na ilha” ou
encontrando o Vincent para que o Michael possa devolvê-lo para o Walt; Michael
fugindo do monstro na floresta e dando de cara com a Sun seminua tomando banho;
Charlie ajudando a Claire e começando a se aproximar dela…
São tantas
coisas!
O policial,
à beira da morte, fala sem parar sobre alguém que ele quer pegar, alguém que “é
perigosa”, e Jack e Hurley acabam descobrindo que ele se refere a Kate quando
encontram uma foto dela como prisioneira nas coisas de Mars… quando Kate
retorna da expedição em busca de sinal, no entanto, ela não fala nada sobre
isso com Jack, e tem uma cena assustadora com Mars quando ela entra para vê-lo
e, ao despertar, ele pula no pescoço dela e tenta matá-la. Ele parece muito
mais “tranquilo”, se é que se pode dizer isso, mais tarde, quando ela entra
para conversar com ele e ele pede que ela o mate, porque sabe que vai morrer de
qualquer maneira… ainda queremos saber o que Edward Mars queria dizer ao falar
para o Jack que ele “não podia acreditar em nada que Kate lhe dissesse” ou que
“ela o está seduzindo também”, mas
isso vai ter que ficar para mais tarde…
…assim como
a revelação do que Kate fez no passado,
no fim das contas. Quando fica evidente que Mars está quase morrendo e os
gritos incomodam a todos na ilha, Kate conversa com Jack sobre como, talvez,
não valha a pena deixá-lo sofrendo e gritando durante 3 ou 4 dias para ele
morrer no fim, mas nem Jack nem Kate têm coragem de fazer nada sobre isso; quem
faz é o Sawyer… ou quem tenta fazer, na verdade, porque ele tinha uma única
bala e ele acaba errando o tiro, o que só aumenta a dor de Mars e não reduz
muito o seu tempo de sofrimento. Depois que Mars morre, Kate se senta na praia
ao lado de Jack dizendo que quer lhe contar o que fez, mas Jack diz que não
quer saber, porque não importa mais – quem eles eram e o que eles fizeram antes
da queda do avião já não significa nada;
há alguns dias, “todos eles morreram e merecem a chance de recomeçar”.
Próximo
episódio… Locke.
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