“I just
wanna be me”
Como eu
adoro um filme de dança!
“Into the Beat”,
filme alemão da Netflix, conta a história de Katya Orlow, uma garota que vem de
uma família respeitada no ballet, mas que acaba descobrindo o hip-hop e a dança
de rua e
se apaixonando por isso. É
um filme divertido, romântico, com ótimas sequências de dança e, é claro,
bastante drama – Katya precisará tomar uma decisão em relação ao seu futuro na
dança, mas, mesmo com a decisão tomada, convencer o seu pai de que
é a dança de rua com Marlon que a faz feliz
não vai ser fácil… especialmente tendo em vista a maneira como Victor Orlow
a chama de e a anuncia aos quatro ventos como “a sua substituta”; quando Victor
sofre um acidente durante uma apresentação de ballet e fica sem poder dançar,
percebemos que essa pressão sobre Katya vai ficar
mais intensa do que nunca.
Gosto do
cenário que é construído para a história, e de todo o panorama familiar que não
é novidade, mas que sempre funciona porque
é
bastante real – ainda mais quando Victor não pode continuar dançando ele
mesmo, então existe aquela coisa de “se realizar através do outro”… quantos
pais e mães não fazem isso na vida real, ao impor um “sonho” ao filho como se o
sonho fosse do filho e não deles? Katya perdeu a mãe há poucos anos, agora está
tendo que lidar com o acidente do pai e sua nova realidade justo a apenas
algumas semanas de um teste importante para a Academia de Ballet de Nova York,
e tudo parece
demais para ela… é
quando a sua bicicleta estraga no meio da rua e ela acaba sendo ajudada por um
grupo de dançarinos de rua que se voluntariam para consertar a sua bicicleta, e
que
lhe mostram um novo mundo.
Katya se
encanta depressa pelo hip-hop. Acho que tem muito a ver com a pressão que ela
enfrenta no ballet (seja da professora, das colegas, do pai, do sobrenome que
carrega…), e como as coisas ali naquele novo espaço parecem livres, parecem
fazer as pessoas felizes. Adorei ver Katya sendo convidada para uma aula
despretensiosa nesse espaço de dança de rua quando ela vai buscar a sua
bicicleta no dia seguinte, e como ela tanto se diverte (acho que é a primeira
vez que a vemos rir de verdade) quanto demonstra talento que ainda precisa ser
trabalhado, mas que existe. Então, ela acaba se interessando cada vez mais pelo
hip-hop, pesquisando coreografias na internet, ensaiando sozinha em casa,
enquanto o pai continua colocando toda a pressão em relação ao teste para a
Academia de Ballet de Nova York… e ela continua participando das aulas.
O
protagonista do filme ao lado de Katya é Marlon, um dançarino de hip-hop
talentoso e já bastante
conceituado
naquele espaço… adoro como eles começam a se aproximar com direito a provocações
e desafios, mas como eles constroem algo bacana juntos, enquanto ele lhe dá
“aulas” para ensiná-la a trazer a dança de sua alma para fora: não algo
coreografado, não algo que ela esteja copiando de outra pessoa, mas algo que
ela esteja criando por si mesma, algo que represente o que ela está sentindo e
o que ela quer dançar. É uma delícia acompanhar as danças de Katya, a Estrela,
e Marlon, o Alien, e uma das melhores sequências do filme é quando Katya se
divide entre as suas aulas de hip-hop com Marlon e suas aulas de ballet com
Frau Rosebloom e, enquanto está sozinha em casa, os ritmos meio que se
misturam…
que delícia assisti-la
dançando!
A relação de
Katya e Marlon é bem construída, gosto de como eles se aproximam, gosto de como
ele eventualmente se abre com ela sobre a sua realidade, gosto de como um
desperta o melhor no outro, e de como ela dança com todo o coração quando eles
invadem um barco e começam a ser perseguidos, por exemplo… é ali, no hip-hop,
que Katya realmente
se realiza. E ela
tem a chance de seguir isso no futuro quando os Tigers, um importante grupo de
dança de rua famoso internacionalmente, anunciam audições para duas vagas no
grupo, e Marlon a convida a se inscrever com ele, e os dois ensaiam uma
coreografia lindíssima…
e é tudo o que
ela queria, tudo o que a faz feliz. Quando ela descobre que precisa da
autorização do pai para participar das
audições, no entanto, ela percebe que talvez ela não tenha a oportunidade de
participar no fim das contas.
Aproveito
para falar sobre algumas sequências de dança que me encantaram no filme… temos
momentos muito bons durante o filme, como a já mencionada sequência quando
Katya se divide entre o hip-hop e o ballet ou quando Katya e Marlon estão
ensaiando a coreografia deles para o teste dos Tigers, mas temos outros
momentos incríveis, como aquela sequência do metrô, que é uma das minhas
favoritas no filme! E, na reta final, quando as coisas
dão muito errado, tanto Katya quanto Marlon, em lugares diferentes,
compartilham uma versão raivosa da coreografia deles, extravasando toda a dor e
a angústia que estão sentindo, e aquilo é intenso, quase selvagem, e é a
representação perfeita de como Katya está usando a dança para mostrar o que
está sentindo por dentro… me fez pensar um pouco naquela (incrível) cena do
Billy Elliot com raiva.
O filme é
clichê? Sim, mas eu adoro um bom clichê. Adoro um romance, adoro uma dança,
adoro um pai finalmente entendendo a filha e aceitando suas escolhas e suas
paixões. Não é fácil para o
grande
Victor Orlow aceitar que sua filha não quer seguir uma carreira no ballet, mas
quando ela não aparece no teste para a Academia de Ballet de Nova York e pede
que ele assine a autorização para o teste dos Tigers, ele acaba se resignando,
a contragosto, e assinando… mas ela o convida para ir assisti-la, e deixa o
endereço da apresentação, e ele acaba chegando a tempo de assisti-la, e é uma
cena emocionante. Adorei ver a alegria de Katya ao ver o pai e o irmão e como
isso a deu um novo gás; adorei ver a surpresa e o orgulho nascendo nos olhos de
Victor; e, é claro, adorei assistir à apresentação totalmente entregue de Katya
e Marlon que garante a eles duas vagas nos Tigers.
Um bom
filme, gostei bastante!
Para reviews de outros FILMES, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário