Bem-vindo a
Kumandra!
Eu estou
completamente apaixonado por tudo nessa animação…
“Raya e o Último Dragão” é o mais novo filme da Disney, e é uma
história bonita, divertida e emocionante do início ao fim. Eu adoro as
histórias que finalmente estão sendo contadas atualmente, quando podemos viver
uma trama repleta de aventura sem a necessidade de um “Príncipe Encantado” nem
os antigos clichês que viveram por tanto tempo.
“Raya e o Último Dragão”, além de ter um visual lindíssimo e uma
bela história, também tem uma galeria de personagens carismáticos que fazem com
que o filme seja memorável. O filme começa em um cenário pós-apocalíptico, com
uma amazona solitária percorrendo o mundo em busca de uma maneira de salvar
esse mundo fragmentado – em parte por causa dela. A jornada de Raya, então, é
tanto pelas terras de Kumandra quanto dentro de si mesma.
Só assim ela pode reunificar o país e salvar
as pessoas que foram transformadas em pedra.
Na primeira
parte do filme, Raya nos conta como chegamos a esse cenário pós-apocalíptico da
primeira cena. Há 500 anos, o reino de Kumandra vivia em paz, em um mundo que
era povoado por dragões, que lhe traziam paz, água e harmonia – até que as
terras fossem atacadas por Druuns, criaturas assustadoras que devoravam tudo o
que viam pela frente e transformavam os humanos e dragões em pedra… o mundo
parecia perdido, até que o último dragão, Sisu, concentrasse toda sua magia em
uma pedra e a usasse para espantar os Druuns de uma vez por todas. Raya até
comenta sobre aquele era o momento de todos se unirem e agradecerem a Sisu pela
sua magia, mas os humanos se voltaram uns contra os outros brigando pela pedra
mágica, e então Kumandra se desfez… fronteiras foram traçadas e as diferentes
“nações” passaram a se odiar.
Agora, 500
anos depois, o pai de Raya, que é o guardião da Pedra Mágica de Sisu, sonha com
a reunificação de Kumandra, embora ela pareça impossível… as cinco nações,
agora nomeadas com diferentes partes de um dragão (Coração, Cauda, Presa,
Coluna e Garra), parecem não saber conviver em harmonia, e quando o Chefe Benja
os convida todos ao Coração, para um jantar, Raya, uma garota inocente, acaba
cometendo um erro gravíssimo… ela confia em quem não devia, a Princesa Namaari,
da Presa, e a convida para ver a Pedra Mágica de Sisu – e é claro que ela tenta
roubá-la, e sinaliza para todos onde a pedra está escondida. Ali, todas as cinco
tribos lutam pela pedra, e quando eles a derrubam, os Druuns se erguem mais uma
vez e assolam novamente o mundo, causando caos e destruição…
o Chefe Benja é um dos que viram pedra, e
Raya vive com essa culpa.
Seis anos
depois, retornamos ao início do filme, aquele cenário pós-apocalíptico com Raya
sendo uma amazona solitária, em busca do último dragão, seguindo uma antiga
lenda que ela espera que a leve até Sisu – e é muito legal vê-la encontrando o
dragão. Essa é, ainda, a introdução do filme, e a querida Sisu faz sua estreia
sendo totalmente diferente do que podíamos esperar, pelas lendas, mas sendo
absolutamente encantadora, porque ela é um dragão meio desajeitado, talvez não
tão talentosa quanto seus irmãos, e com um
timing
de comédia realmente fenomenal. Além de ser linda. Raya espera que Sisu possa
fazer o que fez mais de 500 anos atrás, quando usou sua magia para derrotar os
Druuns, mas nem tudo é como a lenda conta, e talvez ela não consiga sozinha…
por isso, ela e Raya se colocam a reunir as 5 partes da pedra quebrada há 6
anos.
E essa é uma
jornada DELICIOSA. É aqui que está a alma do filme: essa constante aventura por
diferentes cenários, cada uma das partes da antiga Kumandra tendo sua própria
cara e personalidade, e cada pequena conquista é admirável. Enquanto reúnem
diferentes partes da Pedra Mágica, Sisu vai ganhando diferentes poderes, que
foram de seus irmãos (poderes como brilhar, se transformar em humana, névoa…),
e Raya vai ganhando companheiros em sua aventura, formando um grupo muito interessante.
Eu estava fascinado pela estética do filme e pela sinopse curiosa e instigante,
mas foram os vários cenários e possibilidades, além dos vários personagens
carismáticos, que me conquistaram de fato… no fim, eu queria continuar nesse
mundo de Kumandra por muito mais tempo, conhecendo cada detalhe e cada uma
dessas pessoas.
Além de Tuk
Tuk, o tatuzinho de Raya que é uma gracinha, e da Sisu, que é um verdadeiro
espetáculo à parte, outros personagens que se juntam a Raya são: o “Capitão
Boun”, um garotinho de 10 anos que vive sozinho em um barco, para escapar dos
Druuns que levaram toda sua família, e que rende ótimos momentos divertidos; a
bebezinha Noi, que é uma graça, mas um tanto quanto assustadora, porque Raya a
conhece quando é enganada por ela e ela rouba as partes da pedra que Raya está
reunindo, mas seus talentos como ladra acabam sendo bastante úteis
eventualmente; e Tigon, um homem que vive sozinho depois de os Druuns terem
levado sua família também. Esse é o cenário desolador de Kumandra atualmente,
depois que as brigas entre os humanos fizeram com que o cenário fosse propício
para o retorno e destruição dos Druuns.
Um dos
momentos mais bonitos do filme acontece quando Sisu adquire o poder de
controlar a água e a chuva, e então ela meio que “voa” em volta do barco deles,
em um momento simples e bastante emocionante do filme… também é nesse momento
que Sisu leva Raya de volta para casa, de volta para o Coração, que foi onde
tudo começou, não só há 6 anos, mas também há mais de 500: foi ali que os
irmãos confiaram nela para que ela usasse a Pedra para derrotar os Druuns, e
Sisu conta toda a história, de como eles juntos construíram aquela Pedra, e ela
foi apenas a escolhida…
ela não sabe por
quê, mas confiaram nela. E percebemos que é o que Raya vai ter que fazer
agora: desde que foi enganada por Namaari, Raya desistiu de
acreditar nas pessoas, mas Sisu a mostra
que ela vai ter que voltar a fazer isso se quiser derrotar os Druuns dessa vez.
Como foi há
mais de 500 anos. Confiando um no outro.
Então, Raya
vai até Presa para falar com Namaari e, quem sabe, conseguir a última parte da
Pedra do Dragão, e nós mesmos queremos acreditar em Namaari naquele momento,
mas a verdade é que ela ainda é muito influenciada pela mãe, e foi angustiante
acompanhar o momento em que Raya confia nela e ela a trai novamente, e é Sisu
quem paga por isso, levando um tiro – e, com a morte do último dragão, a água
também se vai de Kumandra e não há mais nada que possa deter os Druuns. É
desesperador, com os Druuns atacando por todos os lados, o poderoso Reino da
Presa ruindo, e o grupo formado por Raya, Boun, Noi e Tigon fazendo de tudo
para salvar as pessoas daquele lugar e afastar os Druuns, mas eles percebem,
eventualmente, que eles não vão conseguir.
Que
só existe uma maneira de fazer isso, e é unindo as 5 partes da Pedra Mágica.
Como Namaari
se recusa a entregar a sua, Raya então resolve dar o primeiro passo e entrega
para ela a sua própria parte da Pedra, para que ela os reúna todos e derrote os
Druuns – e, ao fazê-lo, Raya é a primeira a se transformar em pedra. É a
recriação da cena com os dragões, há mais de 500 anos, e agora Namaari vai ter
que fazer o que Sisu fez na época. Quando todos entregam suas partes da pedra
para Namaari e são devorados por Druuns, Namaari pensa em fugir, mas percebe
que confiaram nela e que ela não pode fazer isso, então ela se abaixa para
montar a Pedra Mágica e, como Sisu, ela afasta todos os Druuns, salvando
Kumandra… os Druuns são derrotados e a chuva traz de volta todos que viraram
pedra, inclusive o Chefe Benja e, dessa vez, OS DRAGÕES. É uma sequência tão
bonita dos dragões voando e, depois, trazendo Sisu de volta à vida.
UM MOMENTO
EMOCIONANTE.
O filme é
lindíssimo. Ele tem toda uma mensagem contra o egoísmo da humanidade, a busca
por poder, a inveja… fala sobre a necessidade de se confiar nas pessoas, de
deixar diferenças de lado e unir-se, e faz isso tudo através de uma narrativa
repleta de cor, cenários diferentes, muita aventura e, por isso, é um
verdadeiro espetáculo, tanto aos olhos quanto ao coração. Uma animação que deve
agradar às crianças, por causa do seu visual deslumbrante e dos personagens
divertidos e carismáticos que o compõem, mas também deve fascinar os adultos
pelos mesmos motivos, além do tom reflexivo que ele eventualmente proporciona.
“Raya e o Último Dragão” é uma das
melhores animações que eu assisti nos últimos anos, e não é à toa que ela está
com 94% de aprovação no Rotten Tomatoes. Realmente, é um filme
espetacular, para se assistir, sorrir,
chorar, pensar e guardar no coração.
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