Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, 2021)

“You can’t outrun who you really are”

PARA MIM, O MELHOR FILME DO UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO MARVEL! Ainda estamos iniciando a Fase Quatro nos cinemas, e “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” é o meu filme favorito trazido pelo estúdio até aqui! Com um elenco que é bonito, carismático e talentoso e um roteiro bem-escrito e conduzido que equilibra brilhantemente o drama, a diversão e as sequências de ação, “Shang-Chi” está batendo recordes pelo mundo todo e conquistando crítica e público, atingindo a incrível marca de 93% de aprovação da crítica e 98% de aprovação do público (!) no Rotten Tomatoes. Eu estava muito no hype desse filme, ansiosíssimo pela estreia, e foi meu retorno ao cinema depois de 18 meses, por causa da pandemia (isso que eu costumava ir ao cinema toda semana), e eu não poderia ter voltado em melhor estilo… o filme é perfeito em todos os sentidos.

As expectativas eram altas, e elas foram todas superadas.

“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” é um filme importantíssimo para a Marvel. Além de trazer um elenco asiático encabeçado pelo chinês Simu Liu, o filme ainda introduz toda uma nova mitologia ao universo que começou a ser explorado nos cinemas em 2008, com “Homem de Ferro” (é muito bacana ver o que a Marvel construiu no cinema nesses anos e como evoluímos desde 2008), o que o coloca em paralelo a outros filmes como “Pantera Negra”, que nos trouxe todo o universo e tecnologia de Wakanda, pela primeira vez, ou “Doutor Estranho”, que abriu as portas do UCM para a magia. “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” traz ao UCM novos estilos de luta e representatividade, sim, além de um universo todo novo e mágico que apenas começamos a explorar com aquela primeira visita a Ta Lo. Sabemos que existe muito mais a conhecer.

E eu mal posso esperar para conhecê-lo!

O filme já começa com tudo – e eu confesso que fui pego de surpresa ao ver aquela cena do ônibus, que foi o destaque de um dos trailers lançado, já no início do filme. É uma ótima maneira de iniciar o filme, para dizer a verdade, porque já entramos no ritmo de ação, com direito a risadas com a Katy e uns primeiros suspiros por Shang-Chi, até então ainda chamado de “Shaun”. Shang-Chi é parado no ônibus por alguém que está atrás do pingente de família que ele traz no pescoço, e embora Katy tente livrá-lo da confusão perguntando ao cara se “o Shaun parece alguém que sabe lutar”, ela não poderia estar mais errada, porque Shang-Chi dá um SHOW em uma sequência de ação extremamente bem-coreografada e que ainda conta com efeitos incríveis. Aquela sequência toda me deixou sem fôlego e era o quê? Os primeiros 10 minutos de filme?

E, dali em diante, o filme só cresce e melhora!

Shang-Chi é um personagem incrível – e Simu Liu dá vida a ele da melhor maneira possível, e eu estou adorando acompanhar, pelas redes sociais, sua vibração com o sucesso que o filme está fazendo nos cinemas, porque é MERECIDÍSSIMO. Conhecemos Shang-Chi como um manobrista em um hotel de luxo, mas sabemos que ele é muito mais do que isso quando ele luta daquela maneira no ônibus, derrubando um extenso grupo de assassinos muito bem treinados, e então Shang-Chi pega um avião para Macau, atrás da irmã, sabendo que virão atrás do pingente dela também, e começamos a explorar o seu passado e como ele foi treinado para ser um assassino desde os 7 anos de idade. Shang-Chi é disciplinado, determinado e inteligente, e eu já estava torcendo por ele desde as primeiras cenas.

É importante que um filme nos faça amar seus protagonistas. É assim que compramos a ideia e embarcamos no que quer que eles queiram nos contar!

A história de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” explora os tais dez anéis mencionados no título, armas poderosas e antiguíssimas que estão em posse de Xu Wenwu, o pai de Shang-Chi, há mais ou menos 1.000 anos. Xu Wenwu sempre foi um homem egoísta e sedento por poder, e ele teve uma pequena fase na sua vida, quando conheceu Jiang Li, na qual ele se tornou um homem melhor… eventualmente, no entanto, a esposa foi assassinada por homens que vieram atrás dele cobrando uma dívida (!), então ele voltou a colocar os dez anéis no braço e buscou vingança, ensinando aos filhos que “uma dívida de sangue se paga com sangue”. Foi assim que Xu Shang-Chi e a irmã mais nova, Xu Xialing, foram treinados durante anos como assassinos pela poderosa e perigosa organização dos Dez Anéis. Xu Wenwu, por sua vez, voltou a ser o mesmo homem egoísta e sanguinário de sempre.

Eventualmente, Shang-Chi acabou fugindo dos Dez Anéis e indo para os Estados Unidos, onde se “transformou” em Shaun e tentou viver uma vida longe disso tudo – para a qual ele é arrastado de volta agora. Acompanhado de Katy, ele desembarca em Macau em busca da irmã, e acaba caindo em um clube de lutas no qual reencontramos Wong (!), e no qual Shang-Chi é obrigado a lutar na arena principal – e obrigado a tirar a sua camisa, o que os fãs agradecem, porque wow. A pessoa contra quem ele vai lutar, como era de se esperar, é uma assassina treinada: Xu Xialing, sua irmã e dona desse império de lutas, construído depois de ela se dar conta de que Shang-Chi não voltaria por ela, conforme prometido, então ela foge sozinha das garras de Xu Wenwu e dos Dez Anéis. Agora, os dois precisarão se unir para proteger o segundo pingente.

Os eventos do filme são bem construídos, e o roteiro consegue embasar seus acontecimentos e desenvolver seus personagens ao mesmo tempo em que entrega brilhantes sequências de ação, como aquela na qual Shang-Chi precisa enfrentar os assassinos do lado de fora daquele prédio e tememos pela vida de Katy, que tenta se salvar cantando “Hotel California”, mas acaba sendo salva mesmo por Xialing. Katy, e eu preciso falar dela, é interpretada por Awkwafina, e ela é um dos maiores destaques desse filme. Divertida e inteligente para soltar seus comentários nos melhores momentos possíveis, ela nos entrega algumas das melhores cenas do filme, conforme já tínhamos percebido lá na cena do ônibus. Awkwafina tem o timing perfeito para a comédia e nos conquista com poucos minutos de filme, e então ficamos sempre esperando pelo próximo momento dela.

Como ela em Ta Lo treinando o arco-e-flecha.

Ta Lo é um dos lugares mais encantadores que o Universo Cinematográfico Marvel já nos apresentou. Descobrimos, eventualmente, que Wenwu está roubando os dois pingentes que Jiang Li dera aos filhos para descobrir um mapa até Ta Lo, o lar de Jiang Li, porque acredita que a esposa está sendo mantida prisioneira atrás de uns Portões em sua terra natal – é evidentemente uma armadilha, uma tentativa das criaturas das trevas sugadoras de almas para serem liberadas de volta nesse mundo, mas Wenwu está cego demais por sua obsessão e está disposto a destruir Ta Lo para conseguir o que quer. Então, Shang-Chi e Xialing percebem que eles precisarão chegar a Ta Lo antes do pai para avisá-los e ajudá-los a impedir o avanço do exército dos Dez Anéis. Para isso, eles ganham a inesperada ajuda de Trevor (hilário) e Morris (uma criatura mítica fofíssima).

Gosto muito de como “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” está constantemente se reinventando, e a ótima sequência do labirinto na floresta (cuja angústia me fez lembrar de “Maze Runner”) culmina em uma passagem por dentro de uma cachoeira até um novo mundo, um lugar mágico habitado por grandes guerreiros e as mais lindas criaturas que são originárias de lendas da região. O visual e o estilo do filme mudam drasticamente quando chegamos a esse lugar encantador, e é muito rápido para que comecemos a torcer por cada pessoa ali e para que queiramos garantir a segurança daquele lugar contra o exército dos Dez Anéis liderado por Wenwu. Shang-Chi e Xialing começam um treinamento como guerreiros de Ta Lo, e eu adorei como Katy também consegue seu espaço e, quem sabe, encontra finalmente o que quer fazer da vida.

Toda a estadia do trio em Ta Lo é a construção perfeita para o clímax que acontece ali mesmo. Quando Wenwu e seu exército atravessam a floresta sem problemas até aquele lugar no único dia do ano em que a passagem se abre, uma guerra entre Ta Lo e os Dez Anéis se inicia, e é uma sequência épica e desesperadora que conta, inclusive, com um embate importante entre pai e filho – Shang-Chi está mais intenso e decidido do que nunca, tendo decidido que a mãe só morrera por culpa do pai e agora ele estava vindo para destruir o seu lar, então ele faria o que foi treinado para fazer: “pagar uma dívida de sangue com sangue”. Sabemos, no fim, que o coração honrado de Shang-Chi não será capaz de matar o próprio pai, mas isso não quer dizer que não tenhamos uma cena de ação brilhante entre eles, e passamos a odiar Wenwu cada vez mais.

Wenwu teria matado o próprio filho, ainda o acusando de ser culpado pela morte da esposa (!), mas, felizmente, Shang-Chi é ajudado pela Grande Protetora depois de cair no lago e chegar muito perto da morte. Enquanto a guerra entre Ta Lo e os Dez Anéis continua e Wenwu vai sozinho até o Portal e começa a liberar as criaturas sugadoras de alma no mundo, Shang-Chi ressurge do fundo do lago acompanhado de um grande dragão que vai fazer toda a diferença na sequência final. Não existe outra maneira de dizer isso além de: ISSO TUDO É F*DA DEMAIS! Os Dez Anéis se unem a Ta Lo contra as criaturas das trevas, vendo que não podem vencê-las sozinhos, enquanto Shang-Chi tem um novo embate com o pai, e é LINDO DEMAIS ver todo o seu poder depois desse retorno, vê-lo adquirir, por exemplo, o poder dos Anéis. Primeiro 5, depois outros 5…

Naquele segundo embate de pai e filho (que é uma luta incrível e os efeitos estão impecáveis), Shang-Chi teria facilmente vencido e teria cumprido a promessa de matar o pai se quisesse… mas ele não é como o pai. De todo modo, o pai acaba morrendo, depois de tanto tempo de “imortalidade”, por causa da criatura que ele mesmo libera no mundo por causa de seu egoísmo e incapacidade de escutar e entender. Antes de morrer, no entanto, ele entrega de bom-grado os dez anéis ao filho – e estávamos ansiosos para ver o Shang-Chi lutar em posse dos dez anéis. A conclusão do clímax é impactante, e consegue equilibrar um pouco de tudo, trazendo o embate das criaturas mitológicas (o dragão vs o sugador de almas) e a participação de cada um dos seus personagens principais… Katy com o arco-e-flecha em um tiro decisivo, Xialing com a sua corda e Shang-Chi usando os dez anéis brilhantemente para, por fim, explodir a criatura do mal.

Que sequência de tirar o fôlego. Há muito tempo que não via um clímax tão bom!

“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” chega para fazer história no Universo Cinematográfico Marvel e para mostrar que ainda temos muitos quadrinhos e muitos personagens a explorar! O filme termina com Shang-Chi e Katy voltando à sua “vida normal” depois desses dias intensos salvando o mundo, mas parece que eles não terão muito tempo para vida normal de agora em diante – eles estão em um restaurante quando são chamados por Wong através de um portal (!) para uma reunião com Bruce Banner e Carol Danvers sobre a origem dos Dez Anéis, que, ao que tudo indica, é diferente de tudo o que eles conhecem e mais antigo do que os 1.000 anos em que esteve em posse de Wenwu. “Shang-Chi” ainda traz uma das melhores cenas pós-créditos da Marvel, que é aquele momento MARAVILHOSO de Shang-Chi e Katy levando Wong ao karaokê!

Eu amei esse filme do início ao fim, e esses personagens são incríveis. Estou muito feliz por esse sucesso!

 

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