Outro invento destruído…
As crianças
não gostam de ver o Visconde de Sabugosa trancado em seu laboratório,
trabalhando em suas invenções e sem lhes dar atenção – eles sentem como se ele estivesse
“os excluindo da brincadeira”, mas a verdade é que o Visconde é um sábio sabugo
que precisa se concentrar para que trabalhe bem. Mesmo um pouquinho rabugento e
pedindo que eles se retirem do laboratório enquanto ele está fazendo alguma
coisa, o Visconde corre animadamente para mostrar para ele as suas novas
invenções assim que elas estão prontas…
ele
quer compartilhar com eles tudo o que descobriu. Por isso é que doeu tanto
assistir às crianças brigando para ver quem ia usar o “binóculo” do Visconde
para ver o mundo invisível primeiro, porque eles acabam
destruindo o que o Visconde levou o último mês inteiro para criar.
É crueldade!
Depois de
muito sofrimento e de o Visconde os perdoar, Visconde faz umas mudanças em seu
invento, que agora é um equipamento para ouvir os pensamentos e conversar com
insetos e com árvores, como a jabuticabeira. É tão bom ver o Visconde novamente
naquele estado de
alegria plena
quando percebe que seu invento funciona, então ele sai correndo para contar
para a Dona Benta e para chamá-la, porque quer que ela seja testemunha do seu
sucesso… então, temos uma cena linda da Dona Benta conversando com a
jabuticabeira, agradecendo aos anos de alegria que ela deu a todos,
especialmente aos seus netos. Tio Barnabé, empolgado, também quer conversar com
a árvore, e fica todo emocionado, dizendo que nunca imaginou que um dia poderia
falar com uma árvore que quer tão bem. Por fim, é a vez da Tia Nastácia, que
até desmaia de emoção.
Toda a
sequência é muito fofa!
As crianças,
no entanto, demoram para ter a chance de usar o invento do Visconde… com razão,
depois de seu último invento ter sido destruído por eles, Visconde foge com a
sua nova máquina quando as crianças chamam por ele – e eu não o julgo, ele só
estava tentando proteger o que criou. Emília, inconformada, fica gritando:
“Sabugo velho! Sabugo de uma figa! Ranzinza!
Rabugento!” As crianças o chamam de egoísta, mas Visconde tira seu tempo
para aproveitar sua invenção sozinho, e se senta ao lado da jaqueira para
conversar com ela – é tão bom ver o Visconde feliz, realizado, e é tão injusto
ver Pedrinho, Narizinho e Emília dizendo aos quatro ventos que “não acreditam
que o invento dele funciona” ou que estão com raiva dele e que mais cedo ou
mais tarde ele vai correr atrás deles para mostrar o invento… no fim, é claro,
quem acaba correndo atrás do Visconde são elas.
Elas não se aguentam.
Mais tarde,
então, Pedrinho, Emília e Narizinho pegam a invenção do Visconde e a levam
justamente para a jaqueira, e Visconde os segue. Então, as crianças ganham a
prova de que o invento do Visconde
funciona
sim, porque Pedrinho consegue conversar com a árvore, inclusive quando a
árvore conta que ela sempre foi capaz de escutá-los e de entendê-los, Pedrinho
diz que ela “deve saber o segredo de muitas pessoas”, e a jaqueira confirma,
dizendo inclusive que sabe segredos da Emília… brava e querendo impedir que a
jaqueira conte alguma coisa para o Pedrinho, ela pula para tirar os fones de
ouvido dele, e então
as crianças fazem
exatamente o que fizeram da outra vez, e eu não pude evitar o sentimento de
RAIVA tomando conta de mim: não acredito que as crianças foram capazes de
estragar outro invento do Visconde,
depois de tudo!
É UM
SOFRIMENTO MUITO GRANDE. Eu fiquei muito triste pelo Visconde, porque ele não
merece nada disso… nós amamos aquele sabugo inventor, e as crianças foram muito
irresponsáveis e insensíveis ao não terem o cuidado com as coisas que ele
inventa! Visconde está arrasado e em dobro, e quando as crianças carregam a
caixa quebrada de volta para ele para pedir desculpas e para pedir que ele a
conserte, Visconde está desanimado demais até para tentar… Pedrinho e Narizinho
tentam animá-lo, tentam motivá-lo a trabalhar nas coisas que ele tanto gosta,
mas a frustração e a raiva do Visconde são maiores – então, ele pega a caixa de
cima da mesa, a joga no chão e começa a gritar e a xingar, dizendo que “nunca
mais vai inventar nada”. As crianças ficam assustadas com a reação dele, mas a
verdade é que
ele tinha todo o direito.
Sozinho,
então, o Visconde vai se sentar novamente embaixo da jaqueira, e dessa vez
consegue conversar com ela mesmo sem usar o seu invento, que foi destruído – e
ele não tem certeza se aquilo está acontecendo de verdade ou se ele está
sonhando, mas é verdade, porque a jaqueira chega a dar informações ao Visconde,
como o fato de o Zé Carneiro e o Malasartes terem sido transformados em patos
pela Cuca…
e a jacaroa está prestes a
enfeitiçar o pessoal no Sítio do Picapau Amarelo para que eles tenham uma
vontade incontrolável de comer pato. Assustado com a possibilidade, o
Visconde pensa em sair e ir correndo contar para todo mundo para que não peguem
nenhum pato do galinheiro, mas ele nem tem a chance de sair dali, porque uma
jaca muito madura acaba caindo da jaqueira e acertando o Visconde em cheio…
e aquilo é demais para ele.
Agora, o
Visconde morreu… voltou a ser apenas um
simples sabugo de milho sem vida.
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