O confronto de Pedrinho e Alcibíades.
A RETA FINAL
DE “O MINOTAURO”.
“O Minotauro” tinha
muito mais a oferecer do que o seu título sugere… foi uma verdadeira viagem
deliciosa pela Mitologia Grega e por figuras históricas, como Fídias, Péricles,
Heródoto… além de presenciarem o famoso confronto de Teseu com o Minotauro no
Labirinto na Ilha de Creta, o pessoal do Sítio ainda pôde presenciar outros
momentos bacanas da Mitologia Grega como o voo de Dédalo e Ícaro e a preparação
para o casamento de Ariadne com um deus, Dionísio. Agora, no entanto, que viram
tudo o que tinham para ver na Grécia Antiga e o Rei Minos está
novamente disposto a mandá-los para o
calabouço e eventualmente para a execução, Emília e os demais resolvem usar a
palavra mágica, o pirlimpimpim, e escapar dali de uma vez por todas… e
reencontrar Dona Benta e Tia Nastácia em Atenas.
Assim, a
reta final de
“O Minotauro” se passa
inteiramente em Atenas, enquanto eles estão se preparando para o teatro, mas
sabendo que precisam voltar para casa logo, porque Rabicó aparece dizendo que
“o Sítio está de pernas para o ar” porque Dona Benta deixou o Zé Carneiro como
administrador e ele se tornou um verdadeiro tirano: Malasartes já foi embora, o
Tio Barnabé está pensando em ir também, e até o Saci está sofrendo nas mãos
dele. Nas palavras do Rabicó:
“Dona
Benta, se a senhora não voltar pro Sítio já, eu não sei o que é que vai
acontecer”. O retorno, no entanto, não é imediato. Dona Benta pretende
ficar mais um pouco porque já confirmou sua presença no teatro, e Pedrinho tem
uma “batalha” a resolver agora que o chato do Alcibíades invocou com ele e quer
desafiá-lo a uma “luta pelo amor de Narizinho” de qualquer jeito.
Infelizmente,
Alcibíades se tornou insuportável, e essa é a última imagem que guardamos do
personagem… não o rapaz galante e educado do início, mas o rapaz arrogante e
encrenqueiro do final. Completamente equivocado, Alcibíades vai falar com
Pedrinho com um insuportável ar de superioridade, o desafiando a uma briga, e o
Visconde explica que eles são visitas ali e não costumam fazer confrontos com
seus anfitriões, até porque Dona Benta não gostaria que isso acontecesse, e
Pedrinho concorda, dizendo que pode parecer desculpa, mas não é, porque
Alcibíades nunca lhe fez nada e ele também não fez nada a ele,
então por que brigariam? Muito sensato o
Pedrinho, diga-se de passagem! Quando Alcibíades insiste no confronto, Pedrinho
diz que “não briga com ninguém à toa, não”, e diz que ele terá que explicar bem
o motivo de querer brigar com ele se eles nem se conhecem direito…
E Alcibíades diz que “quer provar-se à
Narizinho”, ou qualquer coisa assim.
Pedrinho tem
ótimos momentos nessa sequência toda, como quando Alcibíades diz que “ele é um
guerreiro ateniense”, por exemplo, e Pedrinho responde:
“Muito metido, por sinal. Mas não se preocupe que a gente vai ter a
nossa lutinha”. Pedrinho e Visconde vão falar com Dona Benta para saber o
que fazer, e a verdade é que eles estão em um dilema horrível, porque Dona
Benta tem razão ao dizer que não é certo que eles briguem, mas Visconde também
tem razão ao dizer que o Alcibíades foi bastante arrogante, e eles não podem
simplesmente deixar que ele fique rindo da cara do Pedrinho… podem? Narizinho
chega a
proibir Alcibíades de brigar
com o seu primo, dizendo que “não gosta dessas bobagens”, mas é claro que
Alcibíades não escuta, e a briga se mantém, inclusive com a participação dos
grandes figurões de Atenas, que decidem por uma guerra de braços.
O momento é
cheio de tensão, e não vou mentir dizendo que eu não fiquei
torcendo para que o Pedrinho vencesse o
arrogantezinho ateniense, mas a guerra de braços acaba terminando empatada.
Nenhum dos dois está muito satisfeito com o empate, no entanto, então Emília
tem uma ideia: ela decide que a melhor maneira de provar a todos que o Pedrinho
é o mais forte é fazendo uso de algo que Teseu sempre lhe dizia lá no Labirinto:
que ele era filho de Héracles! Então, ela decide retornar no tempo para falar
com Teseu e fazê-lo colocar uma espada em uma pedra, no melhor estilo Rei
Arthur, uma espada que só poderia ser retirada por um filho ou descendente de
Héracles… E EMÍLIA TEM CERTEZA QUE O PEDRINHO VAI CONSEGUIR TAL FAÇANHA! Assim,
o tira-teima começa lá na praia em que parte da história de Teseu e Ariadne se
desenvolveu.
A cena é
divertida, Emília explica as regras, Dona Benta comenta que se a espada só pode
ser tirada pelo filho de Héracles “então vai ficar ali para sempre”, mas
torcemos por Pedrinho de todo modo. Alcibíades vai primeiro e, felizmente,
não consegue nada. Pedrinho também tem
muita dificuldade, e então Emília se aproxima dele para lhe dar uma ideia, e
então Pedrinho grita aos céus para invocar Héracles e pedir que a sua força
desça sobre ele, e enquanto Alcibíades ri com deboche, Teseu aparece dizendo:
“Vamos, Pedrinho. Mostre de quem você é
filho”. Não sabemos bem como (embora desde o começo já possamos desconfiar),
mas alguma coisa muda em Pedrinho naquele momento e quando ele tenta novamente
retirar a espada da pedra,
ele consegue
dessa vez. E eu fiquei tão feliz em ver a derrota de Alcibíades tendo que
reconhecer Pedrinho como “um descendente dos heróis”.
Muito bom!
Agora, o
pessoal pode finalmente
voltar para casa
– de volta às suas roupas normais, eles começam as despedidas e recebem algumas
coisas de recordação, como sandálias que Aspásia manda fazer para as mulheres,
ou uma escultura de Fídias que é um presente para Dona Benta… até o Pedrinho,
que faz as pazes com Alcibíades, lhe deixa o bodoque de lembrança. E então
vemos a galerinha de volta no Sítio de Dona Benta, e sabemos que
mais uma aventura chegou ao fim, mas muitas
outras nos esperam à frente… como o Pedrinho fica cheio de se achar e de
contar vantagem por ser descendente de Héracles, supostamente, Emília acaba
soltando, de uma forma bem rude, tadinho, que “ele só venceu porque ela usou o
Faz-de-Conta”. Ela até diz que não ia contar nada, mas como ele está lá “todo
posudo”, ela conta:
“Faz-de-Conta que ele
é mesmo filho do tal Hércules, o Grande”.
E pronto.
Não vou
mentir que
eu fiquei com dó do Pedrinho
todo tristinho depois de a Emília dizer isso para ele, mas gostei de como a
história resolve isso com bastante bom-humor, eventualmente, com o Pedrinho
ainda se sentindo “forte” por derrubar o varal ou quebrar a porta do celeiro,
quando na verdade o tronco que segurava o varal estava cheio de cupim, segundo
a Tia Nastácia, e a porta do celeiro estava com as dobradiças podres, segundo a
Dona Benta. No fim da história, temos um momento muito bacana em que todos se
sentam juntos na sala, assim como fizeram no início, mas dessa vez para fazer
“um balanço da viagem”. Para falarem sobre tudo o que viveram, sobre as pessoas
que mais gostaram de conhecer, para falar sobre o que aprenderam, e é um
momento muito gostoso de se acompanhar, com gostinho mesmo de encerramento. Amo
esse
“Sítio do Picapau Amarelo”.
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