Cuidado com o Anjo – Marichuy descobre quem são seus pais!

“¿Cómo se te ocurre que la pueda querer?”

Por muito tempo Cecília buscou sua filha, e desde aquela conversa com o Padre Anselmo, em que descobriu que fora enganada por Estefanía e por Isabella, Cecília tenta, sem sucesso, chegar até Marichuy para contar-lhe a verdade e tentar fazê-la entender o porquê de tê-la abandonado, mesmo que Marichuy se recuse a saber qualquer coisa sobre os seus pais. Acontece que muita coisa também estava acontecendo em sua própria vida, com o retorno de Viviana (aquela inútil) a afastando de Juan Miguel, a fuga para a fazenda, o parto complicado de seu próprio filho… agora que Marichuy está de volta ao México, no entanto, a verdade está muito próxima de ver à tona, e vem de uma maneira muito peculiar, quase casual. É um comentário de Omar, que ainda a chama de “Lírio”, se referindo a Estefanía como “a também filha do pai de Marichuy”.

Wow.

Furiosa com a informação, Marichuy vai até a casa dos Velarde, e encontra apenas Patrício por lá. Sua primeira reação é perguntar se aquilo é verdade, e ela já completa dizendo que “ele não precisa ter medo”, porque ela não quer NADA dele, nem o seu dinheiro, nem o seu sobrenome – tudo o que ela quer é a verdade. Marichuy é muito forte e determinada quando diz que ela se basta a se mesma, que tudo o que tem conquistou sozinha, mesmo com todas as peças que a vida lhe pregou, e ele, arrogante, teimoso e irredutível, também não abaixa a cabeça, diz que ela é “biologicamente” sua filha, porque tem o seu sangue, mas ele não a considera desse modo. Depois disso, Marichuy diz que vai embora e que ele nunca mais vai vê-la, e ele ainda tem a audácia de chamá-la de “ingrata”, mesmo depois de tê-la tratado daquela maneira.

Agora e antes, quando ela morou na casa.

Marichuy está certa em responder a Patrício com toda a sinceridade que tem. Diz a ele que eles nunca fizeram falta e que, graças a Deus, ela subiu na vida, mesmo que aos tropeços. É uma cena MUITO FORTE, mas que me faz amar Marichuy ainda mais. Até o Patrício fica meio pensativo quando ela vai embora. Cecília, por sua vez, acha que Marichuy e seu filho precisam ir morar na casa dos Velarde, e vai atrás de Marichuy, cheia de esperanças, mas Marichuy é dura com ela, mas não dura de um modo errado. Eu acho que tudo o que Marichuy diz a Cecília, embora seja, também, muito forte, ela disse porque era como se sentia e, correta ou não, ela tinha motivos para se sentir daquela maneira. Desse modo, ela colocou tudo para fora com toda a honestidade que podia, por mais que isso doesse em Cecília. Cecília precisava entender aquilo tudo também.

Não podia só esperá-la de braços abertos.

 

“Fome de comida? Ou fome de carinho? Qual das duas você acha que é pior? E não pense que no Orfanato tínhamos fartura de comida! Às vezes brigávamos por um único pedaço de pão!”

 

Marichuy expressa a sua dor na infância de saber que tinha pai e mãe, mas ao mesmo tempo não tinha ninguém, e embora Cecília tente explicar-lhe que, às vezes, há mais amor na renúncia do que ela pensa, Marichuy não quer escutá-la. Eu NÃO discordo de Cecília, tampouco julgo a sua decisão no passado, mas eu realmente acho que Marichuy sofreu com isso, e aquela é a verdade de como ela se sente agora… ela não está preparada para perdoá-la ainda, e não acho que seja um processo fácil. Também compreendo Marichuy! Aqui, ela diz que “aquilo que se ama se defende com as mãos, com os pés, com a vida toda se necessário”, enquanto Cecília explica o seu medo do que aconteceria com a filha se ela realmente chegasse a morrer com ela nos braços… por fim, ela pergunta se Marichuy “nunca a perdoará”, e ela diz que a perdoa, sinceramente, mas não significa que vai aceitá-la como mãe.

E dá para culpá-la?

Cecília pede que possa beijá-la como mãe, mas Marichuy se recusa, e aqui ela diz o que estava sentindo em uma espécie de monólogo que parte nosso coração. Marichuy diz que ela nunca esteve presente para ela, suas mãos nunca a acalentaram quando estava triste, ela nunca cantou uma canção de ninar… Cecília não ouviu suas primeiras palavras, não estava com ela para levantá-la quando caiu dando os primeiros passos, nem quando caiu o primeiro dente; não estava para dar bronca quando ela fez algo errado, ou com ela quando ficou doente; nunca lhe deu um beijo quando merecia, nem tampouco conselhos, nunca foi cúmplice de seus segredos… tudo o que Marichuy aprendeu, ela aprendeu na rua. Por isso, ela pergunta: “¿Cómo se te ocurre que la pueda querer?” Doeu, tudo isso doeu demais, mas aquela é a verdade de Marichuy e, nesse momento, Cecília tem que respeitá-la.

Ainda que vá embora com o coração partido.

Marichuy ainda completa o seu depoimento com algo que é o mais forte de tudo, e aqui a culpa corrói Cecília mais que nunca. Marichuy diz que “não sente nada por ela”, porque quando morou lá na casa dos Velarde, Cecília a iludiu… Marichuy aprendeu a amá-la de verdade, mas ela voltou a abandoná-la, porque assim quis o marido. Ali, escolheram outra no lugar dela, e a mandaram embora, com acusações de ladra e tudo! E é isso que mais dói para Cecília, talvez, o fato de ter tido a oportunidade recente de conquistar o verdadeiro amor de Marichuy, e a desperdiçou. Novamente. Depois disso tudo, Cecília nem tem o que responder. Acena com a cabeça e diz que vai embora. Antes de partir, no entanto, ela garante que voltará… diz que independente de quantas vezes Marichuy a rejeite, ela sempre voltará, até que ela se dê conta do quanto a ama.

São cenas lindas. Tristes, fortes… mas lindas.

 

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