Duna (Dune, 2021)
“One day, a
legend will be born. All of civilization depends on it”
Um dos
filmes mais esperados do ano e certamente o início de uma franquia de sucesso. “Duna” é um verdadeiro espetáculo visual
com uma narrativa em tom poético que nos envolve e nos instiga – sem ter lido o
livro, sinto que existe muita coisa ali que eu gostaria de explorar mais,
porque é evidente que, para quem é alheio a esse universo, muita coisa não pode
ser explicada em detalhes. Me interessei particularmente por toda a trama das Bene
Gesserit, e já fiquei muito contente em ver que existe planos de uma série
focando nelas, chamada “Dune: The
Sisterhood” – vou prestar atenção. O filme, que atualmente conta com 83% de
aprovação da crítica especializada e 91% do público no Rotten Tomatoes, tem um
tom e um ritmo diferente do que estamos habituados nas ficções científicas dos
últimos anos, o que não está agradando algumas pessoas.
Baseado no
livro homônimo de Frank Herbert, ou melhor, na primeira parte do livro, “Duna”
é um clássico da ficção científica com um universo riquíssimo que pode render
muito bons filmes nos anos vindouros. Eu sou apaixonado por narrativas que se
passam no espaço e exploram novos mundos, cada um com suas características,
suas crenças e seus desafios. Sempre fui apaixonado por “Star Trek”, por exemplo, que nasce mais ou menos na mesma época do
primeiro livro (“Duna” de 1965, a
primeira série de “Star Trek” de
1966), e estou amando a recente produção de “Foundation”,
série baseada em outro clássico da ficção científica, dessa vez por Isaac
Asimov. E “Duna” tem efeitos
lindíssimos para apresentar esse novo universo que é um deserto imenso, rico em
especiaria, e habitado por vermes da
areia e um povo chamado Fremen.
A
constituição do universo nessa primeira parte de “Duna” faz muito sentido e é bem-feita: o Imperador Shaddam IV
retira o domínio de Arrakis da Casa Harkonnen para entregá-la à Casa Atreides,
por quaisquer motivos que ele tiver – que envolvem uma crença na ameaça de seu
próprio poder e um plano para acabar com os Atreides de uma vez por todas.
Arrakis, por sua vez, é um planeta desértico valioso por ser a fonte de toda a
“especiaria” do mundo, uma substância que pode ser encontrada na areia do
deserto e precisa ser processada com uma série de funções, dentre elas servir
de combustível para viagens interplanetárias. Em parte, então, “Duna” é a briga pelo comando de Arrakis
entre duas ou mais forças, e a magnífica exploração de um novo universo e um
novo povo… mal posso esperar para conhecer mais dos Fremen no próximo filme.
É nesse
contexto todo que conhecemos Paul Atreides, interpretado por Timothée Chalamet,
um rapaz que vai herdar o poder da Casa Atreides e que está particularmente
interessado em Arrakis. Paul é um personagem fascinante, e não tanto pelo seu
futuro poder, embora eu ache que ele vai dar um trabalho interessante àqueles
que tentaram acabar com sua família, mas principalmente pelos poderes de visão
que ele tem e que o fazem ser chamado de “Escolhido/Predestinado”. A mãe, mesmo
contra a vontade da ordem, o treinou nos poderes das Bene Gesserit, e ele ainda
tem um longo caminho a percorrer, mas alguns poderes se manifestam,
relacionados aos ensinamentos da mãe ou não… os sonhos que ele tem durante todo
o filme, com a morte de Duncan ou a aparição de Chani, interpretada pela
Zendaya, por exemplo.
Se Paul
Atreides é quem eles esperam que seja o “Kwisatz Haderach” de fato ou não,
embora eu acredite que seja, o que importa no momento é o quanto ele se envolve
na trama de Arrakis, o quanto estuda sobre o seu povo, sobre maneiras de andar
em segurança no deserto para não atrair os vermes e coisas assim. E sua conexão
com o deserto é misteriosa e interessante, o que o faz ficar tempo demais para trás enquanto a Casa
Atreides é brutalmente atacada em um dos seus primeiros dias no planeta
desértico, como parte de um plano dos Harkonnen e, possivelmente, do próprio
Imperador. A sequência é interessante e um dos poucos momentos de ação no
filme, mas rende ótimos momentos tanto no deserto quanto depois, quando o pai
de Paul é capturado e ele tem um plano para acabar com o (assustador) barão,
tentando envenená-lo.
Sem sucesso.
Paul e a
mãe, Jessica, acabam sendo capturados e conseguem escapar na cena que é uma das
minhas favoritas porque, como eu disse desde o começo, um dos elementos que
mais me fascinou no filme foram as Bene Gesserit. Paul acaba conseguindo usar a
“voz” com sucesso talvez pela primeira vez, um poder que faz as pessoas
obedecerem o que quer que ele mandar, e é o suficiente para que ele faça alguém
tirar a mordaça da mãe e a mãe, com anos de treinamento de Bene Gesserit,
consegue fazer todo o resto em uma sequência de arrepiar. Achei impressionante
e assustador, porque o efeito da voz é meio que de um filme de terror, mas minha vontade era de continuar ali e
continuar explorando tudo o que eles eram capazes de fazer. Mas, uma vez
livres, eles precisam escapar… e atravessar o perigoso deserto até um lugar
seguro.
Talvez com os Fremen.
O filme é
contemplativo, e por isso talvez não agrade à audiência que estava buscando um
filme repleto de ação, guerras interplanetárias ou qualquer coisa assim… de
fato é um filme longo e com um ritmo mais lento, o que permite a apreciação do
universo belamente construído e nos instiga a questionar o que vem pela frente. Acho que “Duna:
Primeira Parte” faz um excelente trabalho encantando àqueles que já são
apaixonados pelo universo do livro de Frank Herbert e estão familiarizados com
os diferentes planetas, organizações e suas características, mas também faz um
excelente trabalho apresentando o universo àqueles que nada sabiam sobre “Duna”, e que podem agora começar a
explorar isso tudo. Vejo, aqui, uma ótima introdução e um potencial imenso para
uma série de filmes de sucesso cujo universo e fascínio vai crescendo a cada
novo lançamento.
A construção
de cenários e desafios é muito bem-feita, e eu gostei dessa sequência final do
filme – a ideia dos vermes da areia, por exemplo, em paralelo à maneira segura de
andar pelo deserto, ou as condições climáticas extremas e as roupas especiais
desenvolvidas por quem sempre viveu no
deserto… Paul e Jessica conseguem atravessar o deserto, escapar de um verme
gigante, escapar de um prédio onde mais visões de Paul se concretizam e,
eventualmente, encontrar os Fremen, onde Paul finalmente conhece a garota com
quem tem sonhado desde o começo do filme, e precisa enfrentar um duelo para
continuar ali. Agora, Paul pretende concluir o trabalho e o sonho do pai e
trazer paz a Arrakis e às Casas, e o filme termina sem a sensação de conclusão,
porque ele literalmente termina no
meio da história. Precisaremos de uma “Parte Dois” para terminar, ainda, o
primeiro livro.
“This is
only the beginning”
Será que
veremos, também, “Messias de Duna” e “Os Filhos de Duna”?
Para reviews de outros FILMES, clique aqui.
Olha eu aqui me apaixonando cada vez mais por ficção científica. Eu estou completamente fascinado por "Duna", e já estou querendo explorar muito esse universo. Acho que já me tornei um grande fã. Achei boa a escolha de uma narrativa mais lenta, porque assim o filme conseguiu passar bem a trama dessa primeira parte para o público que não é familiarizado com o universo de "Duna". Tirando alguns detalhes, você sai do cinema com a sensação de que entendeu e conseguiu se envolver com a história.
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