“Eu tenho que ser novamente o Visconde de Sabugosa, o
sábio sabugo”
O RETORNO DO
NOSSO QUERIDO VISCONDE DE SABUGOSA! O Sítio do Picapau Amarelo está virado
de pernas para o ar por causa do
Viscondinho, o “Novo Visconde” que o Pedrinho fizera depois da morte do
primeiro. Ele é, no entanto, muito diferente do que todos esperavam, e eles não
podem deixar de sentir falta do Antigo Visconde, aquele velho sábio e rabugento
que eles tanto amavam. Assim, quando o pezinho de milho que brotou do túmulo do
Visconde deu uma nova espiga, Pedrinho refez um Visconde exatamente como o
primeiro, e eles esperaram até que ele ganhasse vida… quando o Visconde de
Sabugosa que conhecemos ganhou vida, no entanto, ele ganhou vida como um
boneco, pequenininho na estante de Dona Benta, e ele está apavorado com a
possibilidade de ser descoberto pelo Viscondinho, que quer porque quer
desmontá-lo.
Mas Pedrinho não pretende permitir…
“Se ele desmanchou o meu Visconde, eu vou
desmanchar ele também!”
Por
enquanto, o Visconde está escondido junto com os besouros da Emília, até que
ele ache que é seguro sair… até porque, como ele diz, ele tem que crescer e
voltar a ser o que era para poder brincar com as crianças – ele precisa virar
“boneco gente”. Tia Nastácia é a primeira que o encontra, quando vem limpar a
biblioteca, e então ela esconde o Visconde no bolso do seu avental (!), onde
ele vai ficar protegido do Viscondinho que está revirando o Sítio atrás dele para
desmanchá-lo. Tia Nastácia eventualmente mostra o Visconde para a Dona Benta e
depois para as crianças e para Emília, que estão radiantes de felicidade por
ver o pequeno e velho Visconde de volta à vida… Pedrinho diz para Emília que
agora ela só precisa “providenciar o seu crescimento” o mais rápido possível
para que ele possa estar seguro, e daí não vai precisar ficar se escondendo.
O pessoal
conversa sobre os dois Viscondes, e sobre como eles têm jeitos diferentes e os
dois podem viver em harmonia no Sítio de Dona Benta: o Viscondinho precisa
entender que a sabedoria do Antigo Visconde é importante para eles, mas esse
Visconde também tem que aprender a brincar com as crianças… Emília usa o seu
Faz-de-Conta (
“Faz-de-Conta que você é
gente”) para que o Visconde cresça e volte a ser o que era antes, e quando
os dois Viscondes se encontram agora, o Viscondinho e o Visconde Sábio, eles se
olham e
se tornam apenas um Visconde…
o Viscondinho diminui de tamanho e some para dentro do outro Visconde, que o
acolhe em seu coração e explica para todos o que Dona Benta já vinha
desconfiando há algum tempo:
“Ele era eu.
Eu era ele”. Os dois eram duas partes de um mesmo Visconde… sua alma sábia
e sua alma criança.
Dali em
diante, “A Morte do Visconde”
apresenta o que eu gosto de chamar de EPÍLOGO.
Isso porque
o Visconde e as crianças têm a ideia de
construir
um foguete e fazer uma viagem à lua. Parece uma introdução ou uma
brincadeira com outra história famosa do
“Sítio
do Picapau Amarelo”, mas é divertido pensar nas crianças
construindo um foguete para essa viagem:
Visconde fará todos os cálculos, e Emília usará o Faz-de-Conta para conseguir
os materiais necessários… mas é claro que logo a Emília já está emburrada
porque ela quer tudo do jeito dela, e quer ser a “capitã” e “pilota” do
foguete. Quando Visconde vai conversar com ela e diz que as coisas podem ser do
jeito dela, ela diz que vai ajudá-los, mas ele precisa antes terminar seus
cálculos. Quando o Visconde a deixa sozinha embaixo da jaqueira, nós só
escutamos a voz da jaqueira gritando
“Cuidado,
Emília!”, e então a bonequinha também é atingida por uma jaca, assim como
aconteceu com o Visconde.
Enquanto
isso, o Visconde parece o Visconde do início da história: querendo ser deixado
em paz e sendo mal-humorado com as crianças –
“Se vocês não ficarem me fazendo tantas perguntas e me deixarem
calcular em paz […] Nenhum computador aguentaria tanta falação ao redor dele
enquanto ele estivesse calculando”. Dona Benta, no entanto, vê mudanças no
Visconde: é o velho sábio de antes, mas tem “ideias mais arrojadas”, como essa
de
viajar à lua. Emília, por sua vez,
depois do ataque de jaca, está “abobada”, andando sem rumo e em círculos, com o
olhar perdido, quase como se ela tivesse sido
desligada… quando a colocam sentada na mesa da cozinha, ela está
sem fala e parece quase sem vida, Dona Benta diz que ela parece uma boneca de
mola, que só anda e não faz mais nada. Então, Pedrinho vai contar para o
Visconde o que está acontecendo…
…e ele
finalmente deixa seus cálculos de lado.
Visconde
rapidamente percebe que deve ter sido o último a conversar com a Emília antes
que ela ficasse assim estranha, e quando lhe perguntam
onde eles estavam, ele diz que estavam
embaixo da jaqueira. As crianças, então, procurando respostas,
rumam para a jaqueira e descobrem uma jaca no chão, e se perguntam se aconteceu
com ela o mesmo que com o Visconde, ou se ela levou um susto tão grande que
ficou em choque daquela maneira. A jaqueira até pede desculpas ao Visconde, mas
ele está
furioso, e diz que “ela tem que
ter mais cuidado com os seus frutos”. O Dr. Caramujo é chamado do Reino das
Águas Claras para ver Emília, e ele dá o seu diagnóstico:
amnésia bonecal. Ele não sabe, no entanto, o que fazer… ele diz que
eles vão ter que esperar que ela volte ao normal, e se isso demorar a
acontecer, “talvez outra pancada ajude”.
Narizinho
está preocupada com sua boneca, assim como Pedrinho sofreu pelo Visconde no
início da história, e a Tia Nastácia chega a costurar uma nova boneca para ela,
para o caso de Emília não ficar boa… afinal de contas, o Pedrinho não fez o
Viscondinho? Tia Nastácia entrega a nova boneca sem vida para Pedrinho, para
que ele leve até a prima, e diz que se não tiver mesmo outro jeito, eles podem
levar essa outra boneca para o Dr. Caramujo e pedir outra pílula falante.
Quando vê a boneca sem vida, “substituta da Emília”, Visconde imediatamente
tem uma ideia, e então a leva com
Pedrinho para presentear a Narizinho, e a nossa Emília de sempre reage quase
que imediatamente… começa a piscar, assustada, tentando espiar a nova boneca
com o canto do olho, e Pedrinho e Visconde provocam, e falam sobre a nova
boneca, como logo terão uma nova Emília ali no Sítio, talvez até melhor do que
a outra…
menos egoísta, menos teimosa…
Narizinho
não entende o plano, e fica brava com o que sugerem, e diz que não quer outra
boneca, e manda sumirem dali. Pedrinho e Visconde dizem, então, que eles mesmos
vão levá-la ao Dr. Caramujo para que ele lhe dê uma pílula falante, mas
Narizinho reage:
“Eu não quero!” E,
naquela hora, a verdadeira Emília também se levanta, furiosa:
“Eu também não quero! Seu traidor
miserável! Traidor!” E, assim, tudo volta ao normal no Sítio do Picapau
Amarelo. Eles só precisam explicar para a Emília que eles só fizeram isso pelo
seu bem, e Emília finalmente entende, e diz ao Visconde que ele pode, então,
“parar de implicar com ela”, e lhe dá um beijinho carinhoso no rosto, o que
deixa o Visconde
nas nuvens, todo
sonhador e apaixonadinho, conversando com o Sr. Vidro Azul:
“Ela me deu um beijo essa tarde, Sr. Vidro
Azul”. Amei o Visconde todo apaixonado…
E o Vidro
Azul todo sincero: “O senhor voltou mais
boboca do que antes!”
Uma das
melhores histórias do Sítio 1978.
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de Luz
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