Lost 2x04 – Everybody Hates Hugo
A história
se repete?
Um dos
melhores episódios de “Lost” – e
completamente diferente dos três primeiros episódios dessa temporada. Até aqui,
essa segunda temporada estava se dedicando bastante aos acontecimentos e
mistérios da Ilha, apresentando a Estação Cisne e a Iniciativa Dharma, mas “Everybody Hates Hugo” (exibido em 12
de outubro de 2005) volta a fazer algo que “Lost”
faz muito bem e que foi muito bem trabalhado ao longo da primeira temporada: os personagens. É um episódio
extremamente íntimo, que traz um flashback
interessante para Hurley, no dia seguinte ao que ele ganhou na loteria, mas
que também traz belos momentos para várias pessoas na ilha. Em segundo plano,
acompanhamos um pouco de Sayid tentando entender o campo eletromagnético da
Estação Cisne, ou Michael, Sawyer e Jin conhecendo os demais sobreviventes do
Voo 815.
Cada um
parece ter ganhado um trabalho na Estação Cisne, para garantir que o botão
continue sendo apertado a cada 108 minutos, desde que Desmond foi embora e os
deixou como seus “substitutos”. Dentre eles, Hurley é o que está mais infeliz em estar ali embaixo:
afinal de contas, o lugar é cheio de referências aos números que ele considera
amaldiçoados, e parte dele só queria ir embora dali. Hurley tem uma das
sequências mais interessantes do episódio, bem no comecinho, quando ele sonha
que está comendo tudo o que pode, e
então recebe a visita de Jin, que aparece falando inglês (gente, eu sou muito
apaixonado no Jin, não tem como), mas logo o próprio Hurley está falando
coreano e percebemos que nada daquilo é real… o que coroa a cena e nos prova
que ele está sonhando é o cara
vestido de frango, lembrando seu antigo emprego, que aparece ao lado de Jin.
O flashback de Hurley nos leva de volta ao
dia em que ele ganhou na loteria e ao dia seguinte, quando ele foi trabalhar
“normalmente”, mas acabou pedindo demissão depois de uma humilhação promovida
pelo chefe. Afinal de contas, ele não precisava mais daquilo – eu não tinha nem
aparecido. Vemos um dia de Hurley ao lado de Johnny, seu melhor amigo, que
também pede demissão e curte “um dia de folga”, com direito aos dois em uma
loja de discos ouvindo e cantando a música da Drive Shaft, a banda de Charlie.
O flashback é fofo, mas,
eventualmente, triste, porque Hurley fala tanto sobre como “não quer que as
coisas mudem” entre ele e Johnny, mas mal conseguimos entender a expressão de
Johnny olhando para Hurley no fim do episódio quando ele descobre que o amigo
ganhou na loteria e não quis contar-lhe sobre isso.
No presente,
Hurley fica responsável por cuidar da comida da Estação Cisne, impedir que as
pessoas peguem as coisas e fazer um inventário de tudo o que eles têm ali, e
isso parece pesar bastante sobre ele – até porque parece evidente que as coisas
não vão funcionar como o Jack espera, porque Kate simplesmente aparece para
pegar um pote de shampoo sem esperar autorização para levá-lo com ela e ir
tomar um banho. Gosto muito de como Hurley acaba levando Rose com ele para a
Estação, porque “não pode fazer isso sozinho”, embora ele se recuse a conversar
com Charlie sobre o que tem lá embaixo. Enquanto Hurley e Rose cuidam da
comida, Sayid tenta entender o que causa todo aquele eletromagnetismo e diz
algo preocupante em relação à quantidade de cimento jogado ali: da última vez que soube sobre isso foi em
Chernobyl.
A sequência
final do episódio é uma das melhores da história de “Lost”. Para começar que eu achei muito interessante o paralelo
direto entre o Hurley responsável pela comida, no presente, e o Hurley vencedor
da loteria, no passado, com o tempo presente e o flashback se alternando depressa para mostrar que é praticamente a mesma situação, e
Hurley teme que “a história se repita” e todos o odeiem, todos comecem a
perguntar “por que o Hurley tem tudo” e essas coisas. Então, ele decide fazer a
distribuição da comida à sua maneira, e se impõe a Jack, dizendo que se ele o
deixou responsável por isso, então tem que respeitar sua opinião: não é comida
o suficiente para 40 pessoas
sobreviverem, então ele resolve entregar logo toda a comida, um pouco para
cada, numa espécie de celebração que conta com belos momentos como o Charlie
dando a Claire um pote de manteiga de
amendoim.
Eu chorei.
Mas não foi
o único momento que eu chorei. Termino o texto falando sobre isso!
Além de toda
essa sequência da Estação Cisne e os flashbacks
de Hurley, também acompanhamos um pouco mais de Michael, Jin e Sawyer, que
acabaram de conhecer Ana Lucia e seu grupo, e então descobrimos oficialmente
que não se tratam dos “Outros”, como
inicialmente sugerido… na verdade, eles são os sobreviventes da parte de trás do Oceanic 815, e é interessante
(e misterioso) ver esse grupo se expandindo, até porque a forma como eles se
organizaram parece ser bem diferente
da forma como os sobreviventes da parte da frente o fizeram – e, talvez por
isso, parece que eles foram acometidos por qualquer doença sobre a qual já foi
falada na Ilha por Danielle Rousseau ou o próprio Desmond, preso em uma Estação
na qual está escrito “Quarentena”. Ana Lucia e os demais sobreviventes da parte
de trás estão escondidos na Estação Flecha.
Foi um
conjunto de três cenas na reta final do episódio que me tocaram profundamente e
me fizeram chorar. Primeiro, a de Claire comendo manteiga de amendoim enquanto
Charlie assiste com um sorriso genuinamente feliz no rosto; depois, quando Sun
resolveu esconder a garrafa com as mensagens deles que Claire e Shannon lhe
trouxeram mais cedo, indicando que talvez alguma coisa tenha acontecido com a
balsa, mas ela não quer alarmar ninguém, nem permitir que a esperança
desapareça… Sun é uma pessoa incrível mesmo; por fim, o homem que vem falar com
Michael, Jin e Sawyer na Estação Flecha e que pergunta se, entre os
sobreviventes da parte da frente do avião, tem uma Rose, e então ele se
apresenta como Bernard… ela estava certa
esse tempo todo, ele realmente estava vivo; e ela faz questão de guardar um
pedaço de chocolate para ele.
Esse
episódio foi LINDO. Não tem como não amar “Lost”.
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