Sítio do Picapau Amarelo (2005) – Dona Benta conversa com Marcela
A decisão de Dona Benta!
Comentei no
fim do meu último texto sobre o “Sítio do
Picapau Amarelo”, mas vale a pena ressaltar: EU AMO A DONA BENTA EM 2005.
Nicette Bruno foi amada como Dona Benta e será para sempre o rosto da
personagem nos corações de toda uma geração, mas Suely Franco deu sorte de
assumir a personagem em uma escrita incrível, e juntando o bom texto com a
competência de Suely como atriz, sua Dona Benta é diferente da de Nicette e, de
maneiras diferentes, encantadora. A Dona Benta de 2005, assim como vários
outros personagens, é uma pessoa com camadas, e é muito bom acompanhar um personagem
que parece real. Particularmente, eu
adoro o tom carinhoso que Suely Franco assumiu com as crianças, mas sem deixar
de ser dura, na medida certa, quando necessário. Dona Benta é uma mulher justa,
sensata e amorosa.
Como não
amar?
Depois de a
Cléo ter tentado fugir sozinha de madrugada, ter sido picada por uma cobra e
ter sido salva por João da Luz, Dona Benta teve uma conversa com Cléo, e foi
uma das cenas mais bonitas desse início de temporada, porque Cléo foi bem
sincera com Dona Benta sobre os seus sentimentos e sobre tudo o que Marcela faz
contra ela, e Dona Benta a acolheu em um aconchegante abraço de vó. Agora, ela tem que pensar no que vai fazer
para ajudar a Cléo, e isso envolve conversar com Marcela. Na manhã seguinte
à picada da cobra, Dona Benta está bastante intrigada em relação à voz que eles
ouviram durante a noite, porque gostaria de saber quem era o rapaz que o Zé
Carijó e o Tio Barnabé viram trazer Cléo, porque ele salvou a vida de Cléo e ela gostaria de agradecê-lo. Naquele
momento, tanto Cléo quanto Pedrinho já sabem quem foi.
E Cléo não
pode evitar um sorrisinho apaixonado no rosto!
João mal
consegue dormir… ele está esperando que o Pedrinho apareça para lhe dar
notícias da garota que ajudou, e então ele acaba se fantasiando para ir pessoalmente
ao Sítio do Picapau Amarelo, porque não aguenta ficar ali sem saber o que
aconteceu, e então ele aparece na casa do Tio Barnabé, fantasiado de garoto
cego, pedindo um prato de comida, e o Tio Barnabé prontamente o leva até a
cozinha de Tia Nastácia… onde Cléo e as
crianças estão tomando café-da-manhã. Confesso que, reassistindo à cena,
meu coração parecia o meu coração de adolescente em 2005, porque fiquei todo
bobo e ansioso por esse “reencontro” de Cléo e João, e realmente é uma das
cenas mais ternas desse início de
temporada. Pedrinho e Cléo o reconhecem imediatamente, mas ficam em silêncio, e
Cléo coloca um sorriso involuntário no rosto.
João retribui o sorriso.
AH, COMO
ISSO É FOFO!
Emília, que
não é burra nem nada, percebe rapidamente o que está acontecendo… João, então,
joga um diálogo inteligente que lhe permite comentar sobre “ter cobras nas
redondezas”, e então ele consegue a informação que queria saber: Cléo está bem. Cléo se levanta, sorri,
diz que “sua sorte foi que alguém a encontrou e a trouxe ali, e quem fez isso
salvou a sua vida”. O CLIMA É TÃO MARAVILHOSO E ME FAZ PENSAR TANTO EM “MALHAÇÃO” DESSA ÉPOCA. O clima é tão
escancarado, na verdade, que a gente nem precisa ser uma Emília para perceber o
que está acontecendo… quando o João vai embora, Pedrinho sai atrás dele para
conversar com ele rapidamente, e para perguntar-lhe, embora já saiba a
resposta: “Você gostou da Cléo, né?”
Como 95% dos adolescentes apaixonados em novelas, João da Luz nega, diz que nem
a conhece direito…
Mas a verdade está estampada na sua cara.
Enquanto
isso, Dona Benta aproveita para conversar com Marcela – e é claro que a
madrasta má aproveita para fazer cena.
Ela chora, ela fala que foi apunhalada nas costas, e Dona Benta é extremamente
calma, educada e política ao falar para ela que Cléo está cansada de tanto
trabalhar, mas Marcela nega tudo o que Cléo contara a Dona Benta na noite
anterior. Ela diz que isso é uma mentira deslavada da Cléo, e que ela fez tudo
para que a garota tivesse uma vida normal, mas a Cléo só pensa em ser famosa, em participar de tudo quanto é evento,
ganhar muito dinheiro, diz que ela é “uma criança ambiciosa com gênio difícil”.
Dona Benta, no entanto, parece não acreditar muito na versão de Marcela, porque
Cléo fugiu na noite anterior, correr muito perigo fazendo isso, e apenas uma
pessoa muito desesperada faria algo
assim. MUITO BEM, DONA BENTA!
Como não
amá-la, não é?
Dona Benta
aconselha Marcela a conversar com Cléo até que as duas cheguem a um acordo, e
eu entendo a esperança de Dona Benta…
mas isso é impossível. Quando Cléo vai até a biblioteca, atendendo ao pedido de
Dona Benta, Marcela está ameaçadora e
diz que elas estão de saída porque “Cléo
tem muita coisa para fazer na cidade”. Marcela é violenta, chama Cléo de
“megerinha”, e segura seu braço com força, até machucá-la. Cléo grita, se
solta, manda Marcela encontrar outra vítima porque “ela não vai mais trabalhar
para pagar suas roupas de grife e suas plásticas”, e a cena vai ficando cada
vez mais forte, ao ponto de ser surpreendente… ela termina com a Marcela dando
um tapa em Cléo (!) e dizendo que “ela vai levar uma surra daquelas”, e é então
que Cléo grita mais alto e Tia Nastácia finalmente a escuta e corre para
conseguir alguma ajuda.
O ideal
seria que a Dona Benta tivesse visto
o que estava acontecendo na biblioteca, mas ela não vê… Cléo está abalada, com
os gritos, as ameaças, o tapa e as outras agressões, como o cabelo que Marcela
não para de puxar, pelo menos até que a Dona Benta apareça. Marcela nega
qualquer acusação, enquanto Cléo implora para que Dona Benta faça alguma coisa por ela, e Marcela diz
que ela está constrangendo a Dona Benta, porque ela não pode fazer nada por
ela: “por lei, Marcela é sua responsável”. Mesmo assim, Dona Benta sugere que
Marcela deixe a Cléo ficar ali no Sítio por algum tempo, e Marcela não quer
aceitar muito isso, mas ela quer fingir e também não gosta da Cléo, então ela
acaba topando, mas ela lhe dá um prazo bem específico: ela pode ficar até completar 15 anos, nem um dia a mais. Feliz e
aliviada, Cléo abraça Dona Benta, agradecida.
De volta à
cidade, Marcela vai atrás de Saraiva, o advogado de Cléo que ela gosta de
chamar de “múmia decrépita”. Fazendo o seu costumeiro teatro, ela o chama de
“bom amigo”, conta sua versão da história da fuga da “Cleozinha”, sua “doce
enteada”, e então diz que se preocupa com o seu bem-estar e por isso quer que
Saraiva lhe entregue a herança de Cléo, para poder “lhe dar uma vida melhor”.
Saraiva, no entanto, é debochado na mesma medida que Marcela é cara-de-pau, e
eu adoro a dinâmica da cena, porque ele chega a mandá-la ir ao escritório dele
no dia seguinte, apenas para ouvir mais um pouco do seu teatro e fingir que
está entendendo, antes de dizer-lhe que nunca
vai entregar a herança de Cléo para ela e que, no que depender dele, ela nunca vai ver a cor desse dinheiro. A herança será de Cléo assim que ela completar
15 anos, e se Marcela quiser o dinheiro, “vai ter que passar por cima do seu
cadáver”.
Agora, no entanto, talvez ele tenha lhe dado
uma ideia.
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