David e os Duendes de Natal (Dawid i Elfy, 2021)
“O que importa é a conexão”
Uma
lindíssima história sobre como a magia e o espírito natalino não tem a ver com
presentes, mas com o sentimento e a companhia. “David e os Duendes de Natal” é um filme polonês, disponível na
Netflix, que conta a história de dois amigos improváveis: David, um garoto de
11 anos que se mudou para a cidade grande recentemente e que teme que o Natal não vai mais ser a mesma coisa agora que
não estará com toda a família reunida, e Albert, o mais eficiente duende do
Papai Noel, que começa a se perguntar como seria “viver um Natal de verdade”, e
resolve ir até a terra dos humanos para isso. Além de um elenco cativante e de
uma mensagem muito bonita, “David e os
Duendes de Natal” consegue captar o espírito natalino com perfeição, em um
filme recheado de momentos hilários que certamente fizeram a minha noite – terminei o filme me sentindo leve, feliz… e
natalino.
Albert é um
duende espevitado, mas com um ego imenso porque foi eleito “o melhor duende”
por cinco anos consecutivos, e ele acredita que a melhor maneira para fazer com
que as pessoas gostem dele é dando
presente… em parte, isso se deve ao próprio Papai Noel, que trabalha uma noite por ano entregando presentes
no mundo todo e só fala sobre isso –
ele não quer ter nenhum tipo de contato com seres humanos porque, quando teve, as coisas não terminaram muito bem para ele.
Temos uma sequência divertida do Papai Noel visitando diferentes lugares do
mundo em diferentes séculos, sempre sendo confundido com um ladrão, até o
momento crucial em que ele é atacado por uma senhora que costumava ser uma
garotinha muito querida, mas que agora o acerta com um vaso de plantas na
cabeça… então, o Papai Noel está
traumatizado.
Foi por isso
que o Papai Noel criou a invisibilidade para ele, o seu trenó e os seus
duendes… assim, ele não corre nenhum risco enquanto visita o mundo humano na
noite de Natal, entra por chaminés e entrega presentes – Albert, no entanto,
fica pensando sobre um Natal no qual um garotinho chamado David e o pai dele acenaram para ele… na verdade, David não
viu nada, mas o pai disse que o trenó pilotado pelo duende Albert estava
passando naquele momento, e David acenou; quando Albert acenou de volta, ele
sentiu uma conexão e uma emoção que nunca tinha sentido antes… assim, ele
decide viver um Natal de verdade no ano
seguinte. Ele não sabe como as pessoas podem “amá-lo” se não podem vê-lo e
saber que ele existe, então resolve “ir para onde as pessoas podem vê-lo”, e busca
David, que se mudou de cidade com os pais: agora, ele mora na Varsóvia.
A vida de
David na Varsóvia não é a que ele mais gosta, embora não possa reclamar: ele
tem uma boa casa, um bom quarto, mora perto da ópera… mas os pais estão o tempo todo preocupados em trabalhar, e o Natal vai
ser bastante solitário para o garoto, que estava acostumado com uma árvore de
Natal, uma ceia e toda a família reunida, contando histórias. Uma das
coisas que mais me encantou em “David e
os Duendes de Natal” foi a maneira como o filme consegue equilibrar o drama
e a comédia, entregando momentos divertidíssimos e leves em paralelo com uma
mensagem bonita e momentos sentimentais, como o David tentando mostrar para
Albert um Natal de verdade – afinal
de contas, é isso o que Albert está buscando quando aparece acenando para ele e
transforma um caminhão que quase o atropela em um brinquedo.
Albert não
tem noção nenhuma… e isso acaba o tornando cativante – travesso e equivocado,
mas cativante. Enquanto o seu espírito natalino cai, ele busca a ajuda de Albert,
que é um amor, e fica contente por não
estar mais sozinho tão perto do Natal… agora, ele tem um amigo para fazer
companhia, e amenizar um pouco o sofrimento que envolve não apenas a saudade de
como sua vida era antes de mudar para Varsóvia, mas também do bullying que sofre na escola por ser o garoto novo ou por aparecer para a
peça com uma roupa de coelhinho ao invés de uma roupa de rei mago, que era o
que o pai deveria ter comprado para ele… mas ele não se importa, a princípio,
porque foi o “Alfaiate Mágico” que fez para ele. A pureza e a inocência de
David são adoráveis, mas é cruel assistir às risadas da plateia quando ele
entra no palco vestido de coelho…
Felizmente, Albert está lá para fazer uma
transformação no meio da peça!
O duende
resolve dar uma série de presentes a David – e só não o faz mais porque o
garoto consegue impedi-lo. Primeiro, ele transforma a árvore de Natal da mãe em
um boneco gigante dele mesmo, e uma noz em uma bateria, que era o grande desejo
do pai de David, e depois ele resolve sair pelo mundo ajudando todas as pessoas
e dando presentes… que nem sempre são os
presentes que as pessoas querem de fato, como quando ele transporta aquele cara
do shopping para um barquinho no meio do nada. E, enquanto Albert vaga pela
cidade distribuindo presentes e tentando entender como os humanos funcionam,
seu espírito continua diminuindo, o que preocupa tanto a Sra. Noel que ela
convence o Papai Noel a vir ao mundo humano, mesmo com todos os seus medos –
não imaginei que me divertiria TANTO com o Papai Noel vestido de “encanador”.
Todo o filme
é extremamente carismático, e nos conquista facilmente!
A ausência
de Albert deixa David triste por dois motivos: primeiro, porque ele tinha
finalmente encontrado um amigo e agora ele está sozinho, de novo; segundo,
porque os pais querem saber o que aconteceu com a árvore de Natal e por que tem
uma bateria na sala de casa, mas não acreditam na história do “duende de
Natal”. É desesperador para o garoto contar de novo e de novo a mesma história
sem que acreditem nele… em algum momento, ele começa a inventar uma série de
coisas nas quais acha que os pais acreditarão mais facilmente: que ele roubou aquela bateria, por exemplo.
Até que ele finalmente reencontra Albert, agora um duende enfraquecido, quase
sem poderes, prestes a perder todo o seu espírito, mas que não entende como
isso está acontecendo – afinal de contas, ele saiu distribuindo presentes para
todo mundo e nada mudou.
David
entende antes dele: mesmo que Albert tenha distribuído uma série de presentes,
ele não presenciou um Natal de verdade
– e é disso que ele precisa para recuperar o seu espírito! Então, David e
Albert começam uma lindíssima jornada rumo ao interior, pegando carona nas
estradas ou andando sozinhos pela neve, em busca de um Natal de verdade, como o
David conhecia na casa dos seus avós, mas cada vez parece mais que eles não vão chegar a tempo – conforme o
espírito natalino de Albert se aproxima de 0%, ele vira um bonequinho e diminui
até desaparecer. Uma das cenas mais lindas e mais tristes do filme é aquela do
David desesperadamente dividindo um chocolate com Albert, ao lado de uma
fogueira, para representar a ceia de Natal, mas nem isso adianta… Albert vira
um bonequinho e David corre o mais rápido que pode.
Quando ele
chega à casa dos avós, no entanto, ele descobre que não está tendo um “Natal de verdade” lá… não tem árvore na sala,
não tem ceia de Natal, não tem visgos pela casa… então, ele coloca Albert
protegido em seu quarto enquanto acelera todo mundo para preparar o Natal, e
seus pais, o Papai Noel e a Sra. Noel também chegam. Eventualmente, e mais
rápido do que eu imaginei, Albert retorna à vida – David encontra suas pegadas
na neve e o encontra para um abraço apertado, aliviado e repleto de amor… é uma
escolha criativa interessante, porque a “transformação” do Albert de boneco de
volta em gente não é algo grandioso, cheio de efeitos especiais nem nada disso:
é algo muito mais íntimo e belo, e Albert está confuso, inicialmente, assim
como David, que quer saber como ele conseguiu voltar à vida sem a ajuda de
ninguém… mas Albert não tem tempo de
explicar…
É Natal, ele tem presentes a entregar!
A mensagem
final do filme reforça a ideia de que o que realmente importa no Natal não são
os presentes, mas a conexão entre as pessoas – no fim, Albert não podia receber
a ajuda de ninguém para recuperar seu espírito natalino: ele tinha que fazer isso ele mesmo. Mesmo que David o tenha amado o tempo todo, o espírito de Albert não
cresceu com isso, buscando apenas ser amado; ele só recuperou o seu espírito quando
ele retribuiu o amor… é preciso amar
para que se viva de verdade! Com medo de nunca mais ver o David, Albert sentiu
que também o amava, e o seu amor é que se converteu em seu espírito e o fez
retornar. É muito bonito e muito simbólico, e “David e os Duendes de Natal” me emocionou muito mais do que eu
esperava, e terminei o filme chorando – certamente, é um dos meus favoritos de
Natal, tanto é que o escolhi para ser postado hoje, nessa data tão importante.
FELIZ NATAL, VALORIZE A CONEXÃO COM AS PESSOAS AO SEU REDOR, O AMOR!
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