Lost 2x08 – Collision
“What good
would it be to kill you, if we're both already dead?”
Que episódio
intenso, mas preciso dizer: é difícil
suportar a Ana Lucia, né? “Collision”,
exibido em 23 de novembro de 2005, é o primeiro episódio que mostra o flashback de alguém que não conhecemos
desde o início da série: é hora de explorar o passado dos sobreviventes da
cauda do avião. É interessante estar de novo a essa “modalidade” de flashback, porque sentimos novamente que
temos todo um passado que não conhecemos e que vai nos ajudar a entender a
personalidade de um personagem no presente – mas o episódio não é o suficiente
para que passemos a gostar de Ana Lucia nem nada. Quer dizer, nós até a
entendemos parcialmente, e sua história é forte, mas acho que “The Other 48 Days” fez um trabalho
muito melhor gerando empatia por ela do que o próprio “Collision”. De qualquer maneira, “Lost” continua caminhando perfeitamente.
Que série!
Que série!
O episódio
continua de onde os dois últimos pararam: o
momento em que Ana Lucia atira em Shannon e a mata. Imediatamente
percebendo que errou feio, Ana Lucia
surta e continua fazendo tudo errado.
Ela ataca Sayid quando ele pula sobre o Sr. Eko, e depois manda que alguém o
amarre, e eu acho impressionante essa mentalidade
de Ana Lucia, tentando se manter “no controle”, embora ELA TENHA ACABADO DE
MATAR UMA PESSOA DO OUTRO GRUPO. É claro que não tem mais como continuar a
jornada até o acampamento na praia e, no fundo, ela sabe disso, mas ela não tem
um plano – como Sayid, amarrado em uma árvore, diz: ela só tem culpa e uma arma na mão. Ana Lucia é descontrolada e é
difícil ter empatia por ela, especialmente porque ela passa o tempo todo gritando, e isso é algo que me incomoda
profundamente.
Seus flashbacks são parecidos: ela acha que
tudo se resolve apontando uma arma para
outras pessoas – mesmo quando apontar uma arma não é estritamente
necessário. Descobrimos que Ana Lucia é uma policial que foi afastada do cargo
depois de uma troca de tiros, e que agora está voltando ao trabalho, mas me
parece evidente que ela não é uma boa
policial. Ela é justamente aquele tipo de policial que se acha poderoso e
invencível porque tem uma arma na mão… o tipo de policial que mata antes de
fazer perguntas e que a gente questiona as ações. Assim, vemos Ana Lucia agir
daquela forma prepotente dela continuamente, e se recusar a prender o cara que
atirou nela e a mandou para o hospital, por um motivo simples: ela quer cuidar disso ela mesma e do jeito
dela. Então, ela vai atrás do cara que atirou nela e conta para ele que estava grávida, antes de lhe dar vários
tiros.
Como sempre,
“Lost” consegue apresentar e
desenvolver a personalidade de um personagem com maestria, e conseguimos
entender as camadas de Ana Lucia, porque o seu trauma é fortíssimo – mas isso
não quer dizer que eu sou obrigado a gostar dela. Mesmo o seu grupo está
começando a duvidar dela, e eu adoro vê-los se separando enquanto percebem que ela não sabe mais o que está fazendo. O
Sr. Eko é o primeiro a fazê-lo, quando Ana Lucia parece disposta a deixar
Sawyer morrer sem um médico, mas ele o pega, o coloca nos ombros e o leva até
os sobreviventes. Michael, por sua vez, é enviado de volta à praia para buscar
algumas coisas para Ana Lucia em troca da liberdade de Sayid. Depois, Bernard
se separa do grupo, dizendo que ele precisa encontrar os outros sobreviventes e
reencontrar sua esposa, e Libby também se separa dela eventualmente.
Ana Lucia
vai ficar sozinha… mas, pelo jeito, ela
sempre esteve.
O Sr. Eko,
carregando Sawyer nos ombros, acaba chegando até Jack e Kate, que estavam
jogando golfe e agora precisam resgatar uma bolinha que caiu longe do campo, e então eles correm de volta para a Estação
Cisne, onde eles podem finalmente cuidar dos ferimentos de Sawyer, da infecção
e da febre que tomou conta dele – destaque para a maneira como Jack é incapaz
de fazê-lo tomar um remédio, mas Kate sussurra em seu ouvido e consegue dar o
comprimido. O Jack ficou se mordendo
durante a cena toda, mas como eu acho o Jack irritante em 90% do tempo, eu
achei um máximo. Inclusive, pensar nisso me deixa apreensivo, porque Jack é
bastante chato e Ana Lucia é uma
versão piorada dele, o que será desses dois juntos? Ele reconhece o nome quando
o Sr. Eko a defende dizendo que “ela cometeu um erro”, e decide ir falar com
ela.
Mas não sei como o grupo vai recebê-la…
embora Sayid fosse o principal problema e eles têm uma conversa fortíssima.
Por fim,
adorei ver os reencontros quando os grupos se reúnem. O Sr. Eko e Libby não
tinham nenhuma relação com os demais sobreviventes, mas eu gostei bastante de
ver o Sr. Eko na Estação Cisne e estou curioso para ver como vai ser a dinâmica
dele com John Locke. Mas dois encontros foram profundamente emocionantes:
primeiro, o de Rose e Bernard. Ela SEMPRE soube que o marido estava vivo, e o
momento em que eles se veem, se abraçam e se beijam me trouxe lágrimas aos
olhos; o segundo reencontro emocionante foi o de Jin e Sun, e eu sabia que ia chorar quando eles se
reencontrassem, porque eu já chorei quando eles se despediram no fim da primeira
temporada, e eles são dois dos meus personagens favoritos em “Lost”. É tão bom ver a alegria deles
correndo um para encontrar o outro, se abraçando, se beijando. Eles mereciam esse alívio.
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