Navillera – Episode 1
Existe “tarde” para um sonho?
QUE ESTREIA
PERFEITA! Fazia muito tempo que eu queria começar a assistir “Navillera”, e eu a guardei como um
tesouro precioso que assistiria nessas férias, ocasionalmente assistindo ao
trailer novamente e sempre me emocionando, esperando o momento em que
vivenciaria a história completa protagonizada por Chae-Rok, um bailarino de 23
anos com uma carreira promissora à frente, e Deok-Chul, um senhor de 70 anos
que sempre sonhou em dançar ballet, mas que foi proibido pelo pai. E, com um episódio, eu já estou
completamente apaixonado – e me perguntando se eu terei estrutura emocional
para assistir a essa história, porque eu
já chorei bastante nesse primeiro episódio. “Navillera” é sensível e intensa, e faz um brilhante trabalho, em
sua estreia, apresentando seus personagens isoladamente, e as várias tramas que
podem ser desenvolvidas.
Primeiro, preciso
elogiar a estética da série. “Navillera”
tem uma fotografia belíssima e sequências de dança que enchem os olhos e nos
fazem assistir com um brilho no olhar e um sorriso no rosto – exatamente como o
Deok-Chul. O par de protagonistas também nos comove, cada um à sua maneira, com
uma interpretação tocante, e mal podemos esperar para ver como será a dinâmica
deles nos próximos episódios, e como um vai ser importante na vida do outro…
Song Kang interpreta Chae-Rok, que tem um tom sério e quase melancólico, uma
determinação admirável e um futuro brilhante pela frente; Park In Hwan
interpreta Deok-Chul, que tem uma fofura admirável e um carisma imenso que faz
com que torçamos por ele desde o começo. É muito fácil se identificar com os
personagens e gostar deles, e esse é um grande feito para esse excelente
primeiro episódio.
Começamos o
episódio conhecendo Deok-Chul – ele está completando 70 anos, está aposentado
há alguns, e o avanço da idade e a morte de um amigo próximo está fazendo com
que ele pense a respeito de algumas coisas. Durante anos de sua vida, por
exemplo, ele trabalhou para sustentar a família, sem fazer as coisas que queria
ter feito… e a verdade é que ele parece levar uma vida infeliz. Foi bastante
triste acompanhar Deok-Chul durante o episódio, enquanto ele conversava com
amigos, um deles entregador em uma hamburgueria, por exemplo, e falava sobre
como “os dias demoravam para passar”, ou mesmo aquela sequência do seu
aniversário, que é, na verdade, um espetáculo de uma família egoísta que não
depende mais dele… Deok-Chul se torna, rapidamente, um personagem que nós
queremos proteger de qualquer coisa.
Quando está
voltando do velório de um amigo, Deok-Chul acaba passando por uma companhia de
ballet e encontra um garoto jovem ensaiando – e ele fica fascinado. Ele assiste em silêncio e admiração e sai sem dizer nada
quando é notado, mas aquilo fica em sua mente. Adoro como a paixão de Deok-Chul
pelo ballet fica claramente expressa em vários momentos, seja pela maneira como
ele olha para Chae-Rok dançando, ou como ele vê, num ponto de ônibus, a
propaganda de uma apresentação do “Lago
dos Cisnes” e decide comprar ingresso… Deok-Chul é, provavelmente, a pessoa
mais animada daquela plateia durante
todo o espetáculo, e a alegria com que ele aplaude ao fim, o brilho apaixonado
nos olhos… ele chega a comentar com a esposa, mais tarde, sobre como foi à
apresentação e como não tinha outros velhos como ele nem no palco nem na
plateia…
E então ele diz que quer dançar ballet – mas
que sabe que é muito tarde. Esse deve ter sido o primeiro momento do
episódio que me fez chorar, e eu percebi que será algo recorrente durante “Navillera”. Deok-Chul fala sobre como
quem não deixou que ele dançasse era o pai, e agora o pai já estava morto,
então talvez ele pudesse dançar… mas é
tarde para ele. O flashback do
episódio é uma das coisas mais tristes, porque vemos Deok-Chul na infância já
FASCINADO pelo ballet, se colocando na pontinha dos dedos para poder olhar pelo
vidro na porta enquanto um ensaio acontecia dentro do teatro, e ele dissera ao
pai, naquela ocasião, que “queria voar como eles” (isso me lembrou bastante “Billy Elliot”), mas o pai foi
categórico, perguntando se ele queria dançar maquiado como aqueles homens ou se
ele queria continuar pobre o resto de sua vida.
Ali, o pai enterrou seu sonho… e Deok-Chul
cresceu com essa vontade eterna.
Em paralelo,
o episódio também apresenta Chae-Rok, e eu gostei muito de como “Navillera” tem camadas: seus
personagens são complexos e cheios de histórias para contar. A primeira vez que
vemos Chae-Rok é através dos olhos de Deok-Chul, quando o vemos ensaiar sozinho
– e é, realmente, algo belíssimo de se assistir (e não só porque o Chae-Rok é
absurdamente lindo e eu passei o episódio todo babando por ele, mas também porque eu adoro ballet e o seu talento
é evidente). Chae-Rok é um bailarino iniciante, mas com um potencial brilhante
– e Ki Seung-Joo confia nesse potencial. Gosto de como “Navillera” traz toda essa dureza do ballet, todo o sofrimento e
prática constante que estão envolvidos em uma apresentação perfeita, mas em
conjunto com o amor pela arte, porque Chae-Rok claramente adora aquilo e quer
ser parte desse universo.
Mas ele
também tem muitas outras coisas com que se preocupar…
Seung-Joo
gostaria que Chae-Rok abandonasse o seu emprego de meio-período como garçom em
um restaurante, por exemplo, mas Chae-Rok precisa trabalhar para se sustentar e
não pode abandonar o emprego – Seung-Joo acha que ele o fará no momento certo,
quando sua ambição for grande o suficiente. Chae-Rok é um personagem
interessantíssimo: bastante fechado, ele pouco fala nesse primeiro episódio,
porque ele é bastante sozinho e guarda muito de todos os seus problemas para si
mesmo, externando-os, talvez, apenas através da dança… é por isso que sua dança
é tão repleta de emoção, e é por isso
que Seung-Joo lhe cobra, justamente dizendo que “lhe falta emoção nesses
últimos treinos”, porque ele sabe quanto mais Chae-Rok pode oferecer. Ele só
quer que Chae-Rok ofereça o melhor que pode nas audições que estão para acontecer…
Às quais ele não comparece.
As audições
coincidem com a soltura de seu pai da prisão – e nos perguntamos o que ele vai
fazer. O episódio ainda guarda em mistério o motivo que levou o pai à prisão e
a natureza da relação de pai e filho, mas entrega momentos emotivos belíssimos
nessa trama, quando Chae-Rok vai à audição, mas acaba indo embora antes de ter
a chance de se apresentar… ele pensa em
não estar lá para buscar o pai, mas não tem coragem de realmente fazer isso,
então ele corre. Outro momento do episódio que me comoveu muitíssimo foi
quando Chae-Rok esperou pelo pai, do lado de fora da prisão, e ele nunca saiu,
e quando ele perguntou na recepção, descobriu que o pai tinha sido solto mais cedo naquele mesmo dia, então eles se
desencontraram… acredito que tenha sido algo planejado pelo próprio pai,
que lhe liga com poucas palavras sobre como conseguiu um emprego e entrará em
contato.
As lágrimas de Chae-Rok me atingiram em
cheio!
Os caminhos
de Chae-Rok e Deok-Chul estão prestes a se encontrar naquela sala de ensaio – Deok-Chul já o assistiu ensaiando e os
dois já estiveram em um mesmo ônibus, mas está chegando o momento de eles se conhecerem de verdade. Quando um dos
amigos de Deok-Chul, que estava no hospital e nunca era visitado pela família,
se suicida sem nunca realizar o seu sonho de construir seu próprio barco,
Deok-Chul resolve que o mesmo não pode acontecer com ele: ele quer realizar seu sonho. Acho que “Navillera” é em grande parte sobre isso: sobre você viver o que
você quer viver, sobre você não deixar a vida passar para, no fim, ter a
sensação de que “você não fez nada do que queria fazer”. Então, Deok-Chul
retorna ao lugar onde viu Chae-Rok ensaiar pela primeira vez, e quando Chae-Rok
lhe pergunta o que ele está fazendo ali, ele diz que quer dançar ballet.
As cenas são
emocionantes e ternas. Chae-Rok o encaminha a Seung-Joo e tira a
responsabilidade das mãos, e a verdade é que um senhor de 70 anos não é levado a sério quando diz que quer aprender
a dançar ballet… mas Deok-Chul está tão determinado e parece tão convencido
que eles acabam olhando para ele duas vezes. No primeiro dia, ele fica para
assistir, encantado. No segundo, mesmo que Seung-Joo diga que ele não pode
ficar ali, ele está lá de novo, e ajuda na limpeza da sala. A maneira como ele pede para que Seung-Joo o
deixe aprender ballet ali é de partir o coração, e ele acaba o convencendo
eventualmente, quando Seung-Joo o vê tentando emular os passos do seu banquinho
mesmo, e se senta ao seu lado, perguntando por
que ele quer aprender ballet, e ele diz que esse sempre foi seu sonho e que
ele gostaria de tentar…
Ele diz que “não tem problema se ele não
conseguir”, mas ele quer pelo menos tentar.
EU JÁ ESTAVA
AOS PRANTOS DE NOVO NESSE DIÁLOGO TODO!
Então,
Seung-Joo decide ajudar Deok-Chul e vê, ali, uma oportunidade de ajudar,
também, Chae-Rok a alcançar seu potencial máximo, porque talvez Deok-Chul tenha
no olhar toda a emoção que Seung-Joo espera que Chae-Rok volte a colocar em sua
dança… como era lá no início, quando eles
se conheceram. Então, quando Chae-Rok chega para o próximo ensaio, ele
encontra Deok-Chul lá, e Seung-Joo anuncia que é ele quem vai lhe dar aulas de ballet… Chae-Rok recebe a
informação em choque, em um primeiro momento, e eu acho que esse início vai ser
turbulento, mas eu também acho que Chae-Rok e Deok-Chul têm tudo para se
tornarem grandes amigos e para fazerem uma imensa diferença um na vida do
outro, e eu mal posso esperar para ver toda a construção dessa narrativa.
Sentindo que “Navillera” vai se
tornar um dos meus grandes amores.
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