Sítio do Picapau Amarelo (2005) – Pedrinho, o mediador de Cléo e João

“Ah, não! Vocês brigaram de novo!”

Pedrinho tem toda a calma e maturidade que João da Luz e Cléo não parecem encontrar quando eles estão juntos – você sabe, adolescentes são complicados. Eles já brigaram, eles já tentaram conversar, eles já voltaram a brigar… depois de ter sido grosso com a Cléo ao tentar fugir de suas perguntas insistentes, João decide ir até o Sítio do Picapau Amarelo para encontrá-la, pedir desculpas e lhe entregar uma flor, mas ele acaba não tendo muito tempo para conversar com ela se não quiser ser descoberto por ali por algum adulto. Mesmo assim, antes de ir embora, João deixa uma flor para Cléo no quarto de Narizinho, e Cléo fica toda feliz quando encontra a flor, porque já o tinha com ela, e presume que ele veio ali para falar com ela. Por isso, ela resolve que é sua vez de tomar uma iniciativa, e ela vai até a casinha na árvore para falar com ele… e já vai entrando.

Até parece que eles vão conseguir conversar civilizadamente pela primeira vez, mas as coisas começam fofas e eles acabam se desentendendo no final das contas. Ela diz que veio agradecer pela flor que ele deixou para ela, e ele sorri, todo fofo, e pede desculpas por ter sido grosso no Arraial, mas Cléo não desiste de entender do que ele está fugindo, e quando ela pergunta mais uma vez e ele continua sem querer falar sobre isso, os dois se estranham. Ela o acusa de só ter querido falar com ela e fazer as pazes para garantir que ela não ia contar o seu segredo para ninguém, e então vai embora. Enquanto isso, João da Luz fica triste para trás e conversa consigo mesmo: “Eu só tenho vergonha. Tenho vergonha de dizer a minha história pra você”. Enquanto a Cléo se prepara para voltar para o Sítio de Dona Benta, brava novamente, ela acaba sendo descoberta pela Cuca…

…e é levada para a sua caverna.

João escuta os gritos que pedem por socorro, e decide que precisa salvá-la, achando, inclusive, que a culpa é dele, porque ela só veio para a mata para falar com ele. Todo herói, João da Luz chega à caverna e manda a jacaroa soltar a Cléo, dizendo que é ele quem ela quer: “Eu queria propor uma coisa… você solta a Cléo e eu fico no lugar dela”. É claro que isso faz o coraçãozinho de Cléo pular, um pouco mais apaixonada por ele agora, e quando João a manda ir embora e insiste para que ela vá, ela diz que vai buscar ajuda, e procura o Pedrinho e o Saci imediatamente – e os dois são experientes em confrontos contra a Cuca, o que quer dizer que não demora muito para que todos estejam bem e à salvo de volta na casinha da árvore, e naquele momento temos uma vaga esperança, novamente, de que tudo vai ficar bem entre João da Luz e Cléo… mas ainda não.

Pedrinho pergunta como a Cuca pegou a Cléo, e diz para o João que ele podia ter levado a Cléo até o Sítio, mas João diz que a Cléo saiu bufando e nem deu tempo (“Ah, não! Vocês brigaram de novo!”), e Cléo diz que eles só brigaram porque João não quis contar do que tanto ele se esconde, dizendo que “ele acha que se ela souber vai contar pra todo mundo”, e diz não suportar que duvidem dela, e então o João solta a verdade de uma vez por todas: “Eu sou um fugitivo de uma instituição”. João conta que fugiu de um “reformatório pra menores infratores” por roubar um pão, e fala que não queria contar para ela porque sabia que ela ia ficar justamente com essa cara de choque e que nunca o entenderia, porque, segundo o que João acredita, ela nasceu em berço de ouro e “nunca precisou obedecer um estranho porque não tem um pai ou uma mãe pra defendê-la”.

E ele não podia estar mais errado, né? Mas como ele saberia?

Pedrinho tenta intervir, tenta dizer que João também não sabe do que está falando, mas já é tarde – brava, Cléo bate na cabeça de João com um coco (!), e então ela vai embora – novamente os dois bravos e magoados. “Até nunca mais, bicho do mato!” “Isso, vai mesmo. Filhinha de mamãe, patricinha, metida a besta!” Os dois sofrem horrores. Cléo chora sozinha na biblioteca de Dona Benta, porque o que o João falou lhe atingiu, e Pedrinho conversa com o próprio João, dizendo que ele não podia ter falado aquelas coisas para a Cléo, e que ela foi embora chorando. João acha que ela é uma patricinha e que nunca vai entender um “vira-lata” como ele, mas o Pedrinho é sensacional: “Só porque você não tem um pai e uma mãe pra ficar te paparicando? Ela também não tem”. GENTE, COMO NÃO AMAR A MATURIDADE DESSE PEDRINHO? E João Vitor ARRASA na atuação. Fofo e competente!

Chocado com as informações do Pedrinho, João diz que não sabia de nada disso, e agora ele quer conversar com a Cléo mais uma vez, e pede para que ele leve um recado a Cléo: que o encontre na beira do riacho para conversarem. Cléo, ainda magoada, diz que não vai, mas Pedrinho também é extremamente calmo ao conversar com a Cléo, explicar algumas coisas, e insistir em prol do seu amigo, e como a Cléo naturalmente estava inclinada a aceitar o convite de João, ela acaba aceitando ir. O problema é que enquanto o Pedrinho e a Cléo rumam para a beira do riacho e o João colhe frutas para dar de presente para a Cléo, a Iara o observa de longe, finalmente prestes a conquistar o seu objetivo e transformá-lo em pedra: “Ou eu o arrasto pro fundo do riacho ou eu não sou a Mãe d’Água”. Então, ela só precisa cantar para enfeitiçá-lo… e ele está perdido.

Fiquei feliz por Cléo e Pedrinho chegarem bem no momento em que João está sendo levado pela Iara, porque pelo menos Cléo não fica pensando que ele a deixou plantada ou qualquer coisa assim. Pedrinho cobre os ouvidos e conta a Cléo o que está acontecendo, e Cléo não podia estar mais preocupada – ela quer pular no riacho e salvar o João, mas o Pedrinho diz que eles não podem se precipitar e chama o Saci. Enquanto isso, Iara desperta o João de seu transe por um tempinho, apenas para que ele perceba onde está e o que está acontecendo, e então ela o transforma em estátua de pedra. Na superfície, Cléo decide usar as bijuterias e maquiagens da Patty Pop, que estavam com ela (porque ela ia com a Patty Pop e a Narizinho para o Arraial dos Tucanos), para apelar para o lado mais vaidoso da Iara, a Mãe d’Água, e distraí-la enquanto ela salva o João.

Então, o Saci fica responsável por “distrair” a Iara, enquanto Cléo pula sozinha no riacho para ir atrás de João da Luz, e ela o encontra transformado em pedra… é um momento bonitinho e triste, sempre embalado por “Nós Dois”, da banda Jukabala, na qual Cléo lamenta o estado de João e diz que “a Iara não podia ter feito isso com ele”, porque “ela ainda tinha tanta coisa para falar”. O “Sítio do Picapau Amarelo” sempre usou alguns elementos de contos-de-fadas em suas narrações, e Cléo acaba usando um recurso do gênero ao se aproximar de João e dar-lhe um beijo… um beijo que o transforma em gente novamente. João da Luz não se lembra de nada do que Cléo estava falando enquanto ele estava transformado em pedra, ainda, mas os dois estão ganhando uma nova chance – será que é hora de Cléo e João da Luz pararem de brigar e se entenderem?

 

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