tick, tick… BOOM! (2021)
“Actions
speak louder than words”
A história
de Jonathan Larson, um compositor talentoso e cheio de ideias que está prestes
a completar 30 anos e ainda tentando emplacar o seu primeiro musical na
Broadway, enquanto vive a realidade de Nova York no fim dos anos 1980 e início
dos anos 1990… dirigido por Lin-Manuel Miranda e protagonizado por Andrew
Garfield, “tick, tick… BOOM!”,
adaptado do musical homônimo, é um filme emocionante sobre a vida de Jonathan
Larson, que viria a se tornar um dos nomes mais conhecidos do teatro musical
graças a “Rent”, que estreou na
Broadway em 1996 e ficou 12 anos em cartaz… um musical que realizava o sonho de
Jonathan Larson e o projetava para a fama e para o reconhecimento, mas que ele
nunca teve a chance de ver estrear, porque morreu inesperadamente na madrugada
antes da primeira apresentação Off-Broadway.
“Rent” é um dos meus musicais favoritos
– eu adoro os temas abordados, eu adoro as músicas, adoro os personagens… sendo
fã de “Rent” há muitos anos (e tendo
reassistido ao filme recentemente), assistir a “tick, tick… BOOM!” é uma experiência ainda mais intensa, porque
conseguimos ver como Jonathan Larson levou em consideração uma sugestão de sua
agente, que, depois da dificuldade para vender um musical que ele escreveu
durante 8 anos, sugere que “ele escreva sobre algo que ele conhece”. Assim, Jon
Larson se volta a temas como a homossexualidade, a falta de dinheiro e o HIV –
temas importantes de “Rent” e que
faziam parte da vida de Jonathan Larson e das pessoas ao seu redor. É
interessante como podemos reconhecer, em “tick,
tick… BOOM!”, personagens e eventos que inspiraram o que conhecemos e
amamos em “Rent”.
“tick, tick… BOOM!” é um sucesso de
crítica e público, se tornando rapidamente um musical aclamado e com grandes
chances de premiações. Atualmente, o filme tem uma taxa de aprovação no site
Rotten Tomatoes de 88% da crítica especializada, e de 96% do público, e
realmente é uma composição comovente que nos guia pela realidade difícil de um
artista tentando criar e, mais do que isso, tentando chamar a atenção de alguém
que veja o seu talento e o valorize, tudo enquanto busca equilíbrio – ele ainda
precisa encontrar uma maneira de se sustentar, tentar manter um relacionamento
saudável e assistir de maneira impotente enquanto alguns de seus amigos mais
queridos estão morrendo ao seu redor. Adoro como o filme tem um tom de bastidores da Broadway, mostrando um
pouco do processo criativo por trás da montagem de um musical, e o que isso
custa às pessoas.
Andrew
Garfield está fascinante no papel de Jonathan Larson. Com maestria, ele dá vida
a um homem talentoso, sonhador e desesperado: ele acha que, chegando aos 30
anos, ele já devia ter emplacado um sucesso… Sondheim já o tinha feito na sua
idade, por exemplo! Andrew consegue conferir verdade a Larson, mostrando suas
facetas, sua genialidade, e as relações ao seu redor, especialmente com Susan,
a sua namorada, e com Michael, seu melhor amigo. Andrew é intenso e profundo em
sua atuação, e se entrega em um filme com uma montagem ágil e interessante que
mescla a vida de Jonathan Larson com números musicais grandiosos e
reconstruções de como foi a montagem original de “tick, tick… BOOM!”, protagonizada pelo próprio Larson. O resultado
é exatamente o que se espera desse filme: algo teatral e uma bela ode a todo
esse universo…
Um lugar
paradoxalmente cruel, brutal e mágico.
Devo dizer
que “tick, tick… BOOM!” me deixou
com uma vontade IMENSA de assistir a uma montagem de “Superbia”. Durante oito anos de sua vida, Jonathan Larson compôs o
que ele acreditava que seria sua obra-prima: um musical moderno de rock que se
passava em um futuro distópico, mas que falava sobre a realidade, sobre o mundo
em que vivemos, sobre as pessoas ao nosso redor… um musical para o qual ele ainda precisava escrever uma música
impactante para a protagonista feminina durante o segundo ato, e que ele se
realiza ao finalmente conseguir, completando sua obra e encantando a quem a
assistia no primeiro workshop – mas
não o suficiente para que ele tivesse investimento para montar o musical… acho que as pessoas falharam em entender que
o musical não falava, no fim, sobre aeronaves e robôs. Ele precisaria
começar de novo.
Dessa vez,
escrevendo sobre o que conhece… gosto muito do ápice emocional ao que o filme
chega em seu clímax, depois que Superbia não deu certo e que Jonathan Larson
cogita abandonar tudo, porque não pode passar mais vários anos de sua vida
servindo mesas, sofrendo para pagar o aluguel e a luz, enquanto escreve um novo
musical que talvez ninguém vai querer montar e, então, ele precisará começar de
novo… e de novo e de novo e de novo. E isso coincide com o momento em que seu melhor
amigo descobre que tem HIV e que está “com o tempo contado”, e Michael o
incentiva a não desistir dos seus sonhos e de quem ele é, porque só existe um Jonathan Larson em Nova York… e
ele não pode desistir de compor para que todos escutem o que ele tem a dizer.
As cenas de Jon e Michael são emocionantes e “Why” é uma das músicas mais lindas e tristes do filme.
É
interessante, também, assistir ao filme caçando referências, buscando o que de “Rent” nasceu dos momentos da vida de
Larson que estamos acompanhando. Talvez Mark tenha bastante do próprio Larson;
talvez Maureen tenha um pouquinho de Susan; talvez Michael seja,
surpreendentemente, uma inspiração tanto para Roger quanto para Benny e
Collins; talvez a busca de Larson por uma música perfeita para Elizabeth em “Superbia” encontre um paralelo com a
busca incessante de Roger por uma música em
“Rent”; talvez, enquanto Larson se pergunta por que isso tudo tem que acontecer a Michael e as palavras do
amigo sobre como “seu tempo está contado” ecoam em sua mente, Larson comece a
pensar sobre a contagem de tempo e como podemos “medir um ano em nossas vidas”;
talvez a morte de seus amigos tenha sido homenageada na morte de Angel.
Larson de fato escreveu sobre o que conhecia…
e por isso “Rent” é uma obra
atemporal e importantíssima, e “tick,
tick… BOOM!”, que chegou a ser encenada de maneira pequena pelo próprio
Jonathan Larson em 1990, é uma homenagem bonita e merecida a esse grande
compositor que nunca pôde desfrutar do sucesso de sua obra. O musical sobre a
sua vida foi reestruturado por David Auburn em 1996, depois da morte de Larson,
e estreou no circuito Off-Broadway em 2001, ganhando várias outras versões ao
longo dos anos. Com a brilhante direção de Lin-Manuel Miranda e com o belíssimo
trabalho de Andrew Garfield em uma de suas melhores atuações, agora “tick, tick… BOOM!” é um filme capaz de
perpetuar esse legado e de nos lembrar do nosso amor pelo teatro. Certamente um dos melhores musicais que eu
vi esse ano!
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Oie!!!
ResponderExcluireu achei o clima bem de Rent, e acredita que só me toquei que era baseado em história real, quem era de fato, quando falaram sobre Rent? hahaha a desligada né?! Mas achei o Andrew incrível no papel!!! Uau! Que ator fantástico, cativante... gostei muito muito, as vezes até esquecia que era ele hehehehe Gostei bastante, mas não tanto quanto Rent <3 hehehehe paixão! Vou até assistir novamente também!!!!
Um beijãozão :*
Eu adoro o Andrew, e ele estava mesmo muito incrível no papel! <3
Excluir(Eu também ainda prefiro Rent, mas as relações com Rent me fizeram gostar mais ainda do filme haha)