Um Menino Chamado Natal (A Boy Called Christmas, 2021)

Acredite no impossível!

Baseado no livro homônimo de Matt Haig, “Um Menino Chamado Natal” é dos filmes natalinos mais encantadores que eu assisti nos últimos anos! Contando a história de Nikolas, um garoto que sai em uma aventura rumo ao extremo norte para encontrar o pai e falar-lhe sobre o Vilarejo dos Duendes, “Um Menino Chamado Natal” é uma história diferente e repleta de referências sobre como o futuro Papai Noel deu início à noite mágica que chamamos de “Natal” – tudo para dar esperanças a um reino. O filme tem um toque de melancolia e poesia que o torna ainda mais profundo, tocante e belo, e certamente é uma viagem emocionante rumo à magia do Natal e ao que podemos encontrar de melhor dentro de nós mesmos, além de ser, também, um espetáculo visual! Atualmente, o filme conta com uma aprovação de 84% da crítica especializada no Rotten Tomatoes.

O filme começa com a adorável Maggie Smith interpretando a Tia Ruth, uma senhora que está vindo passar a noite de Natal cuidando de umas crianças e tem uma história para contar para elas: a história sobre como o Natal surgiu. Eu adoro a Maggie Smith, e certamente é um conforto ouvir uma história narrada por ela, e também adorei as interferências das crianças, que estão continuamente incomodadas com o fato de que a história parece ser muito triste, e eles não veem como ela pode, de algum modo, chegar a um final feliz – tampouco podem imaginar como isso vai ajudá-los, já que eles estão sentidos e sem vontade de celebrar o Natal porque a mãe morrera recentemente. Mesmo assim, Ruth pede que eles a escutem… afinal de contas, felicidade completa não existe e nada nunca chega ao fim, então como eles podem querer um “final feliz”?

A história de Nikolas começa em uma cabaninha pequena e gelada, com pouca comida, algum tempo depois de a mãe de Nikolas também ter morrido. Quando o Rei anuncia uma busca até o extremo norte por “esperança”, o pai de Nikolas, Joel, resolve se juntar à viagem na esperança de que a recompensa seja boa e signifique comida e roupas quentes para o filho – durante os meses em que estará fora, no entanto, Nikolas fica aos cuidados da Tia Carlotta, uma tia malvada digna das madrastas de contos de fadas, que não lhe dá de comer e o faz dormir do lado de fora da cabana, por mais frio que seja… tudo piora conforme o tempo passa e Joel não retorna, e Carlotta é cruel o suficiente para fazer uma sopa a Nikolas usando um boneco de nabo que a mãe fizera para ele e era uma das poucas lembranças que ele tinha dela… ali, Nikolas chega ao limite.

Durante a briga com a tia, ela joga o gorro (vermelho e com as pontas brancas) que a mãe de Nikolas fizera no fogo, mas o garoto consegue resgatá-lo a tempo e percebe que uma parte queimada do gorro revela, agora, algo escondido dentro dele, na parte interna do tecido: um mapa que o levará diretamente para o Vilarejo dos Duendes. Agora, com o seu ratinho de estimação, Miika, que ele acabou de ensinar a falar, Nikolas ruma para o extremo norte seguindo o mapa da mãe e na esperança de encontrar o pai e lhe contar como chegar até os Duendes. E eu adoro viver essa aventura ao lado de Nikolas. O cenário gelado e pouco acolhedor é lindo, e é interessante como os elementos clássicos do Natal são utilizados no filme, seja o gorro, aqui um presente de sua mãe, ou a rena, que é um animal que Nikolas ajuda ao retirar dela uma flecha que lhe causava dor…

…e, ali, a rena se torna sua amiga.

O filme é bastante rico e cheio de momentos, o que quer dizer que Nikolas chega ao Vilarejo dos Duendes muito antes do que eu imaginei que chegaria: seguindo o mapa da mãe, ele chega a um lugar aparentemente vazio, e sofre ao encontrar a faca do pai e se perguntar o que aconteceu com ele. Depois de desmaiar e passar algum tempo com o gelo caindo sobre ele, Nikolas é descoberto por dois duendes que performam um feitiço de esperança, “criassonho”, nele, e então ele retorna à vida: bem e aquecido. E são eles que o ensinam a enxergar o Vilarejo dos Duendes, um lugar onde ele já chegou, mas que não consegue ver até que acredite nele. Eu adorei como o filme deu um toque de realidade a tudo, sem exagerar nas cores e na magia, mas, também, sem deixar de ser mágico e encantador – assim, acreditamos que aquele é um lugar real.

E queríamos ser parte daquele lugar.

Quer dizer… se não fosse pela Mãe Vodal. Vodal é a atual líder dos duendes, uma mulher dura que proibiu todas as festas e as alegrias – inclusive, ela quer acabar com o Natal, no melhor estilo Grinch. Alguns dos duendes, no entanto, que se intitulam “A Resistência”, continuam fazendo festas clandestinas porque essa é a natureza dos duendes. É interessante notar que, apesar de suas atitudes condenáveis, Vodal não é, de fato, uma vilã, porque ela está tomando medidas radicais e desnecessárias achando que está fazendo o melhor aos duendes na esperança de protegê-los dos humanos cruéis: afinal de contas, eles receberam ali uma humana, há muito tempo, mas ela ficou pouco tempo; recentemente, eles receberam mais humanos e foram surpreendidos com o sequestro do Pequeno Kip. Conclui-se, então, que não se pode confiar nos humanos.

Preso pelos duendes, Nikolas conhece uma Fadinha que só pode dizer a verdade, e ela é uma participação rápida e encantadora – achei que ela acompanharia Nikolas depois de ajudá-lo a escapar do Vilarejo dos Duendes para encontrar o Pequeno Kip e trazê-lo de volta, mas ela acaba ficando para trás. Mesmo assim, ela rende divertidos momentos, seja dizendo a verdade ou ajudando o Nikolas a voar numa vibe meio “Peter Pan”, e eu achei que seria ela que faria a rena de Nikolas voar pela primeira vez… mas ainda não. Ao escapar dos Duendes, Nikolas encontra o acampamento dos homens enviados pelo Rei e o Pequeno Kip preso em uma gaiola… e o pai com esses homens, acreditando que está fazendo o certo. Nikolas tem um momento intenso, aqui, mostrando o quanto está decepcionado com ele e o quanto ele parece ter se esquecido da mãe…

Então, durante a noite, o pai vai contra todos os homens enviados pelo Rei e ajuda Nikolas e Kip a escaparem, e aqui temos uma das cenas mais trágicas e tristes do filme. É lindo ver a fuga dos garotos na rena, ver Joel no trenó puxado por ela, numa vibe bem natalina, e Nikolas, que agora possui um pouco de magia de duende dentro de si por causa do criassonho, é quem está quase fazendo a rena voar pela primeira vez, para escapar daqueles que os perseguem, mas Joel percebe que ela não vai conseguir levantar voo carregando o peso extra do trenó, e corta a corda que o prende aos garotos… então, a rena sai voando, levando Nikolas e Kip em segurança adiante, de volta ao Vilarejo dos Duendes, mas Joel despenca de um penhasco rumo à morte certa e, nesse momento, enquanto Nikolas gritava em dor, eu estava quase protestando como as crianças com Ruth:

Como ela podia chegar a um final feliz a partir desse ponto?

É interessante, então, como “Um Menino Chamado Natal” não é exatamente o que se espera no sentido de não ser uma história em que tudo ocorre perfeitamente e com um final 100% feliz, mas também fala com cuidado sobre a dor de se perder alguém amado, e essa era a mensagem que Ruth estava tentando passar as crianças que perderam a mãe – ao retornar, desalentado, para o Vilarejo dos Duendes, levando o Pequeno Kip com ele, Nikolas não sabe mais o que fazer nem para onde ir, e ele tem uma conversa linda com a Fadinha da Verdade na qual ele pergunta se um dia a dor vai embora e, como ela não pode mentir, ela diz que “não”, mas ela completa dizendo que “ele vai aprender a viver com essa dor, e isso o tornará mais forte”. E, de certa maneira, ele encontra um lar junto aos Duendes, ao descobrir que a humana que os visitara há tantos anos fora, é claro, sua mãe…

Lumi.

Por isso ela o chamava de “Natal” desde sempre: aprendera essa palavra com os Duendes.

A reta final do filme é o toque especial que o deixa ainda mais perfeito: emocionante e repleto de belas mensagens, o filme termina com Nikolas sendo parte do Vilarejo dos Duendes e recebendo um pião de presente, e ele percebe que só teve um brinquedo na vida e o que aquilo o faz sentir: e percebe, imediatamente, que aquilo pode ser a “esperança” que o Rei busca. Como os duendes são ótimos artesãos e sabem fazer lindos brinquedos, eles se põem a trabalhar, com a ajuda de Nikolas, fazendo um brinquedo para cada criança do reino, então, durante a noite, Nikolas monta na sua rena voadora com um saco vermelho às costas e vai falar com o Rei, que o acompanha de casa em casa para deixar um brinquedo de presente para cada criança. É uma sequência linda e divertida, com direito a mais referências do Natal como o Nikolas descendo pela chaminé para conseguir entrar nas casas…

Mais do que o presente, o que importa é o que as crianças sentem ao despertar no dia seguinte e perceber que receberam um… a sensação de que alguém se importa, e é essa alegria que sentem naquele momento que, eventualmente, se transforma em esperança, e é essa esperança que faz toda a diferença. Certamente, um filme lindíssimo! E, agora, fico me perguntando se em 2022 ganharemos uma nova adaptação de Matt Haig. Além de “Um Menino Chamado Natal”, Matt Haig escreveu no mínimo mais dois livros infantis com a temática natalina, “A Garota que Salvou o Natal” e “O Papai Noel e Eu” – com o sucesso de “Um Menino Chamado Natal”, eu vejo a possibilidade de uma adaptação de “A Garota que Salvou o Natal” para o próximo ano, talvez… sei que eu ficaria muito feliz se essas adaptações se tornassem uma tradição natalina.

Apaixonado pelo filme! BEM-VINDO, NATAL!

 

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