Heartstopper, Volume 1 – Dois Garotos, Um Encontro (Alice Oseman)
“Garoto encontra garoto. Eles se tornam amigos. E se
apaixonam”
QUE COISINHA
MAIS FOFA! “Heartstopper” é uma
webcomic de Alice Oseman, publicada pela primeira vez na internet em 2017 e em
versão impressa em 2019, e que foi finalmente lançada no Brasil em uma edição
impressa com capa dura (!) e que é a
coisa mais fofa do mundo – a história de amor de Charlie Spring, um “aluno
dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde
que se assumiu gay”, e Nick Nelson, um garoto “superpopular, especialmente
querido por ser um ótimo jogador de rúgbi”. A história, contada em quadrinhos,
é uma delícia de se ler… com direito a diálogos fofos, muitos momentos dos dois
enrubescendo, e descobertas pessoais
importantes, a história flui com leveza e rapidez e terminamos querendo mais. O primeiro volume, de 269
páginas, mostra apenas o início desse
relacionamento.
Charlie
Spring é o único garoto abertamente gay
de sua escola – e nem porque ele resolveu compartilhar essa informação com todo
mundo, mas porque ele contou a algumas pessoas em quem confiava e a informação
se espalhou e logo todo mundo estava
sabendo… quando conhecemos Charlie, ele já não sofre mais o bullying sobre o qual ouvimos e que ele
sofreu quando foi tirado do armário,
mas isso não quer dizer que as coisas
estejam muito bem para ele. Ele está com um garoto chamado Ben, e tudo o
que Ben quer é usá-lo escondido de todo mundo – e é asqueroso ver a maneira
como Ben trata Charlie, aquelas mensagens de celular me causaram uma sensação
muito estranha. Até que Charlie
finalmente decide que é hora de acabar com aquilo tudo e diz a Ben que “não
quer mais vê-lo”. Ben, no entanto, é abusivo e ainda aparecerá de volta.
A vida de
Charlie parece mudar quando ele se senta ao lado de Nick Nelson em uma aula, e
o garoto, que é um ano mais velho do que ele, começa a falar com ele – inicialmente, ele se pergunta se Nick vai
fazer bullying também com ele, se
está falando com ele só para provocar, mas, eventualmente, ele percebe que o Nick é bem legal… bonito, simpático,
um pouco atrapalhado (a primeira grande interação deles é porque o Nick deixa
uma caneta estourar durante a aula, por exemplo, e o professor pede que Charlie
o acompanhe até o banheiro para poder abrir a porta para ele e tudo o mais), na
verdade não é difícil se apaixonar por Nick Nelson… o problema, é claro, é que,
até onde o Charlie sabe, Nick é hétero
– e não há nada pior do que se apaixonar por um hétero! Por isso, Charlie fica dizendo ao seu coração que não pode fazer isso…
Mas seu
coração não escuta.
Até porque o
Nick parece se importar muito com ele.
Ele o convida para o time de rúgbi, porque ele
é muito rápido, por exemplo, e ele acaba salvando o Charlie de Ben quando
Ben o encurrala de maneira abusiva e violenta, e a preocupação de Nick com
Charlie e a raiva que ele sente de Ben são tão genuínas que começamos a olhar
para os sentimentos de Nick com outros
olhos… Charlie sente tanta confiança nessa nova amizade que ele acaba se
abrindo com Nick e contando toda sua “história” com Ben, e é um momento muito
importante que parece deixá-los ainda
mais próximos – e cada vez mais próximos, na verdade. Aos poucos, a relação
dos dois começa a incluir abraços, por exemplo, o que parece deixar o Charlie
completamente perdido – será coisa da
cabeça dele ou Nick Nelson pode realmente estar um pouco interessado nele como
ele pensa?
Em uma das
cenas mais fofas do Volume 1 de “Heartstopper”,
Nick convida Charlie para ir à sua casa para conhecer sua cachorrinha, a
Nellie, e os dois passam um sábado muito significativo juntos… eles jogam
videogame, eles brincam na neve, Nick se preocupa com Charlie e dá um jeito de
mantê-lo aquecido para que ele não fique doente… no sábado seguinte, os papeis
se invertem e é Nick quem vai para a casa de Charlie, e é a primeira vez na
história que vemos a narrativa mudar levemente de ponto de vista e podemos ver as reações de Nick quando Charlie o
ajuda a tocar bateria, por exemplo, e eles estão sentados um do lado do outro,
com as mãos se tocando… ou quando eles estão assistindo um filme (e é “De Volta Para o Futuro”, que eu ADORO!)
e Charlie pega no sono, e então o Nick olha para ele, toca a sua mão e logo a
solta, envergonhado…
Graças a
essa proximidade com Charlie, Nick começa a pensar nos seus próprios
sentimentos – e a se perguntar se, quem sabe, ele é gay… eu acho que é algo tão adolescente isso de ir para a
internet e pesquisar coisas do tipo “Como eu sei se eu sou gay?”, embora só o fato de você ter que pesquisar isso já
é um belo indício de que hétero você não é, porque esse tipo de pesquisa é
sempre motivado por algum sentimento que às vezes a pessoa ainda não entende.
Como o que Nick está sentindo por Charlie… gosto de como Alice Oseman
pincela rapidamente, através de uma cena com os amigos de Nick observando o seu
relacionamento com Charlie, como não é legal ficar especulando a sexualidade de
alguém, e como “gay” e “hétero” não são as duas únicas opções possíveis… Nick
está se apaixonando, se descobrindo e percebendo que Charlie não é apenas seu amigo.
O clímax do
primeiro volume de “Heartstopper” vem
durante uma festa de aniversário de um cara meio babaca da escola à qual tanto
Nick quanto Charlie comparecem, e eles compartilham momentos fofos até um dos
amigos de Nick tentar empurrá-lo para cima de um crush antigo dele (isso que a
garota está na festa com a namorada dela!), e Charlie acaba ficando sozinho, é
parado novamente por Ben e, felizmente, ele consegue se posicionar contra ele
e, quem sabe, fazê-lo entender a mensagem… eventualmente, quando parece que os
eventos da festa estão se acalmando (eu pensei em milhares de maneiras como as
coisas na festa poderiam ter dado muito
errado, e fico feliz por perceber que, no fim, a ideia não era que nada tão ruim assim acontecesse), Nick e
Charlie se reencontram e percebem que o
outro é a melhor companhia que eles poderiam querer…
Então, eles
procuram um lugar mais isolado no qual possam conversar. Aqui, temos um diálogo
interessante e pelo qual muita gente da comunidade LGBTQIA+ já passou, quando
Charlie dá uma especulada e pergunta se “Nick gosta de alguém agora”, e Nick
diz que sim… quando Charlie pergunta “qual o nome dela”, Nick provoca
perguntando “o que o faz pensar que ele está falando de uma menina”, e então o
diálogo progride com Charlie perguntando se
Nick sairia com alguém que não fosse uma menina, se beijaria alguém que não
fosse uma menina… e embora para essas duas perguntas a resposta de Nick seja
“Não sei”, quando Charlie pergunta se ele o beijaria, Nick diz que “Sim” –
e eles se beijam pela primeira vez. Um beijo apaixonado e belo, muito bem
desenhado por Alice Oseman, cheio de sentimento… mas que não deixa o Volume 1
acabar totalmente feliz.
Infelizmente,
alguém está chamando Nick e ele se levanta, se afasta, parece se esconder, e
podemos sentir a cabeça de Charlie se tornar um turbilhão: Nick não quer ser
visto ali com ele? Será que Nick vai fazer com ele o mesmo que Ben fez? Será
que ele foi usado mais uma vez? Eu sei que a história de “Heartstopper” não é essa e que o Nick não vai ser um grande babaca
como o Ben era, mas, no lugar de Charlie, é impossível não pensar nessas coisas
e se sentir horrível, e tudo o que eu queria era poder abraçar o Charlie e
dizer para ele que tudo ia ficar bem…
Nick também ainda estava confuso, ele nunca tinha se visto como gay, ele nunca
tinha beijado um garoto antes, e agora ele precisa organizar os seus
sentimentos – mas eu espero que ele faça isso o mais rápido possível, porque eu não quero ver o Charlie sofrer,
nem quero ver os dois separados.
E vamos logo para o Volume 2! Eu preciso de
respostas!
Mais
reviews de Heartstopper EM BREVE!
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