Heartstopper, Volume 2 – Minha Pessoa Favorita (Alice Oseman)
Namorados.
Tão
encantador quanto o primeiro volume, “Minha
Pessoa Favorita” dá sequência à história de amor de Charlie Spring e Nick
Nelson, com certo destaque ao Nick descobrindo um pouco mais sobre ele depois
daquele “inesperado” beijo com Charlie em uma festa… Alice Oseman novamente
entrega uma história incrível com uma sensibilidade tremenda, e é tão bom ver
essa jornada de Nick se construindo enquanto ele aceita, primeiro para si mesmo
e depois para os outros, os sentimentos que têm por Charlie. Nick está em um
dos momentos mais importantes de sua vida, e certamente está rumando para uma vida muito mais feliz, afastando-se de
“amigos” tóxicos e descobrindo um novo mundo no qual ele pode simplesmente ser
ele mesmo… tudo isso com a companhia e o apoio incondicional de Charlie, que
não poderia estar mais apaixonado.
Fico feliz
por todo o drama que acompanhou a
finalização do primeiro volume não ter sido estendido por muito tempo aqui –
Charlie está arrasado depois de Nick ter saído correndo do primeiro beijo
deles, está achando que “estragou tudo”, está se culpando por isso, e está se
perguntando se eles ainda podem ser amigos depois do beijo… enquanto isso, Nick
também está se martirizando porque sabe que Charlie deve estar confuso e
pensando um monte de coisas por ele ter fugido depois de ser beijado, e ele não
consegue escrever uma mensagem para Charlie, porque sente que precisa conversar com ele pessoalmente…
e é o que ele faz na manhã seguinte, indo até a casa de Charlie para conversar
com ele, o que o pega desprevenido, e enquanto Charlie pede um milhão de
desculpas, Nick se aproxima dele e percebe que quer beijá-lo novamente…
E o faz.
Achei lindo
ver Charlie e Nick se beijando – e eles fazem bastante isso durante esse
segundo volume! Espero que a Netflix honre isso com muitos beijos de Charlie e
Nick na série! Agora que está começando a entender seus sentimentos, Nick quer
estar cada vez mais próximo de Charlie, os dois compartilham uma série de
momentos fofos na escola, mas ele ainda não está pronto para que todos saibam
sobre o relacionamento deles, por isso pede que Charlie mantenha isso em
segredo – o que, confesso, me deixou extremamente apreensivo em um primeiro
momento. Charlie não aprece associar sua atitude à de Ben, mas eu o fiz e
fiquei apavorado porque, embora Nick seja uma pessoa muito mais incrível que o
Ben jamais será, entrar em um relacionamento “escondido” para alguém que já é
assumido é extremamente cansativo… e não
sabia se o Charlie merecia isso.
Felizmente,
o Charlie é extremamente compreensível, Nick é muito carinhoso com eles, e os
momentos que eles compartilham são tão significativos que fazem tudo valer a
pena… e o Nick o trata na escola como sempre o tratou, ou até com mais calor, fazendo questão de estar sempre
por perto e de cuidar dele quando ele se machuca no treino, por exemplo. Por isso, todo mundo começa a notar que
alguma coisa está acontecendo. Temos sequências bem interessantes do Nick
buscando entender mais de sua orientação sexual, enquanto o Charlie tem uma
fala muito interessante sobre como ele não precisa definir agora o que ele é,
se é gay, bissexual ou pansexual, por exemplo, porque isso não importa de
verdade… o que importa é o que ele sente.
Ao mesmo tempo, no entanto, Nick quer poder dizer o que ele é, e percebe que
ele é bissexual, no fim.
Conforme o
relacionamento avança, embora ainda seja mantido em segredo, chega a hora de um sair com os amigos dos outros.
Charlie convida Nick para jogar boliche com ele e com os amigos na celebração
do seu aniversário, por exemplo, e Nick está todo apaixonado e envolvido com o
Charlie durante toda a noite, enquanto Tao, um dos melhores amigos de Charlie,
fica apreensivo e bravo – e eu não posso dizer que eu não entendo o Tao. Posso
até ficar um pouco chateado com ele inicialmente, mas entendo, por fim, que ele
está apenas tentando proteger o Charlie porque não quer que ele se machuque:
até onde Tao sabe e pode ver, Nick é apenas um garoto hétero que pode estar
brincando com ele ou até debochando dele… Charlie
sabe que isso não é verdade, mas seus amigos não têm como saber. E ouvir
parte dessa conversa deixa o Nick pensativo.
O que não
quer dizer que ele esteja pronto para assumir para todo mundo o namoro deles
ainda… vemos Nick pisar na bola, mas não conseguimos ficar bravos com o Nick
porque ele está em um momento delicado de sua vida, e ele tem um coração imenso
– e um amor grande por Charlie. Quando ele convida Charlie para ir ao cinema
com os seus amigos, apostando que Harry, o “amigo” mais babaca que ele tem, não
vai estar lá, as coisas dão perigosamente errado porque Harry está, sim, lá, e
ele está disposto a constranger e humilhar o Charlie de todas as maneiras
possíveis, o provocando e o enchendo de perguntas descabidas que o deixam muito
mal – no fim, Charlie vai para casa meio chateado e Nick confronta Harry, que
diz que “Charlie deve estar acostumado”, o que faz um alarme soar na mente de
Nick: Charlie não pode “se acostumar” a
ser tratado dessa maneira.
Não é justo.
Não é certo.
Violência
pode não ser a solução… mas eu adorei ver
o Harry levar um soco.
Tudo isso
contribui para a construção de um Nick muito mais aberto aos seus próprios
sentimentos, de uma maneira ou de outra. Temos um momento importantíssimo dele
entrando em um ensaio da orquestra no qual ele olha apaixonado para o Charlie e
acaba contando, para uma amiga sua que é lésbica, que ele e o Charlie estão saindo… parece pequeno, mas esse é UM DOS
MELHORES MOMENTOS NA VIDA DE UMA PESSOA LGBTQIA+, aquele momento em que você
diz em voz alta pela primeira vez que você é gay, bissexual ou que está saindo
com alguém… aquilo é libertador, uma sensação indescritível. E o Charlie, é
claro, fica todo bobo e feliz quando o Nick conta para ele sobre ter contado
para Tara e a namorada dela – afinal de contas, ele contou sobre eles para
alguém, ele “saiu do armário” para alguém, o que é, sim, UMA GRANDE COISA.
O Volume 2
de “Heartstopper” também traz um
momento maravilhoso de Charlie e Nick na
praia – se o primeiro volume teve aquele dia tão significativo para eles
brincando na neve (inclusive, é o presente de aniversário de Nick para Charlie
nesse volume!), o segundo volume os leva sozinhos para passar um dia na praia,
com direito a uma declaração de amor fofíssima que deixa o Charlie todo bobinho
e ainda mais apaixonado… e eu devo dizer que esses momentos apaixonados na
praia são momentos muito típicos de BLs, e Alice Oseman traz isso para a sua
história muito bem. Com declarações, fotos fofíssimas se beijando em uma cabine
fotográfica e uma sensação deliciosa de liberdade tomando conta de ambos, Nick
chama Charlie de “seu namorado” pela primeira vez, e é muito gostoso acompanhar
a emoção e felicidade de Charlie por isso.
Além de
agora eles serem OFICIALMENTE NAMORADOS, Nick também fala sobre como está pronto para falar sobre isso com as
pessoas… ele não vai fazer um anúncio público na escola nem nada disso, mas
ele quer poder contar para as pessoas de quem gosta que ele é bissexual e que
está namorando Charlie, e também quer que Charlie possa contar isso para as
pessoas – para Tori, a irmã mais velha de Charlie que já percebeu tudo, por
exemplo. O segundo volume termina em um momento poderoso e emocionante no qual,
depois daquele maravilhoso dia na praia, Nick chega em casa e conversa com a
mãe, meio sem jeito, e conta que Charlie
é seu namorado, e ela o acolhe em um abraço carinhoso e compreensível, e diz
que o ama, o agradecendo por ter contado. É
um momento tão lindo, tão intenso e tão real… me lembra muito de mim mesmo
contando para a minha mãe.
Eu chorei
como Nick chorou… e ela me acolheu com todo o amor do mundo como a mãe do Nick
fez.
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