Lost 2x20 – Two for the Road

“You need help”

WOW. Há algo sobre “Lost” que nos prende, e é isso o que eu venho constantemente comentando no blog enquanto revejo uma das minhas séries favoritas – “Two for the Road”, exibido em 03 de maio de 2006, é um episódio praticamente impecável, e é particularmente interessante pensar que é um episódio tão bom, sendo focado em pessoas tão chatas. Eu não gosto muito de Ana Lucia, por exemplo, Christian Shephard tampouco é dos meus personagens favoritos e nem preciso falar sobre o Jack, né? Personagem mais insuportável impossível. Ainda assim, eles protagonizam um episódio intenso e importante que deixa tudo engatilhado para a reta final dessa temporada – e que temporada! Ansioso, no entanto, para o retorno de Desmond, e para explorarmos mais sobre os Outros, o que será grande parte da terceira temporada.

O flashback desse episódio, centrado em Ana Lucia, é bastante interessante – especialmente pelas conexões que ele tem com outros personagens já conhecidos. Retornamos a um ponto pouco depois de Ana Lucia ter matado o homem que atirou nela, e a mãe, sabendo que foi ela, diz que ela precisa de ajuda. Ana Lucia termina trabalhando como segurança em um aeroporto, e conhece Christian Shephard, o pai do Jack, enquanto ele se prepara para ir para a Austrália: ela está ali porque não pode mais ser uma policial, afastada do seu cargo, e ele está ali porque não pode mais ser um médico, já que o filho o denunciou porque ele estava bebendo. É um encontro inusitado que leva a um plot inesperado: Christian a convida para ir à Austrália com ele e “trabalhar como sua guarda-costas” – assim, entendemos o que Ana Lucia estava fazendo em Sydney.

Gosto bastante do flashback de Ana Lucia na Austrália, porque podemos ver as sementes de um crescimento pessoal para a personagem, que começa a se mostrar disposta a mudar e procurar ajuda, como a mãe sugerira, e ainda temos a introdução de uma nova trama, pena que é para o Jack: aparentemente, ele tem uma irmã. Ana Lucia acaba abandonando Christian depois de ele ser agressivo com a mãe de sua filha, e quando ele a convida para entrar em um bar e beber, como estavam fazendo no aeroporto quando se conheceram, ela diz que não vai fazer isso – então, Ana Lucia o deixa no bar em que já vimos Christian bebendo com Sawyer… inclusive, Sawyer aparece brevemente no flashback, quando Christian abre a porta do carro e bate nele. Por fim, Ana Lucia está prestes a embarcar no Voo 815 quando liga para a mãe em uma cena emocionante.

A personagem precisava disso.

Na ilha, acompanhamos Ana Lucia conversando com “Henry Gale” quando ele tenta matá-la – e sabemos o que ela faz com pessoas assim: exatamente o que ela fez com Jason no seu último flashback. É John Locke quem a salva de “Henry”, mas não conta a verdade a Jack… bem, talvez as coisas pudessem ter sido diferentes se houvesse mais comunicação no grupo, mas eles não são um grupo unido. Ana Lucia sabe exatamente o que quer e sabe muito bem como conseguir isso: ela quer uma arma e se Sawyer não está disposto a entregá-la de bom grado, ela pode convencê-lo… e, quem sabe, aproveitar um pouco também. A cena de Ana Lucia e Sawyer transando à beira do riacho é inesperada, mas interessante, e embora a cena não mostre Ana Lucia conseguindo a arma, por fim, sabemos que é exatamente o que ela conseguiu… não sei como Sawyer não notou…

Quer dizer, ele teve que vestir a calça de novo e não percebeu que estava sem a arma?

Em paralelo (e, eventualmente, descobrimos por que essa era uma parte tão importante do episódio), acompanhamos um pouco de Hurley e Libby, enquanto ele tenta preparar algo especial para ela, seja tocar uma música para ela no rádio que ele e Sayid encontraram, ou organizar um piquenique em uma praia bonita… as cenas dos dois são ternas, mas agora olhamos para elas de outra perspectiva, depois de termos visto Libby no Santa Rosa no último flashback de Hurley: em dois momentos, Hurley faz comentários que deixam Libby alarmada, seja falando sobre como assistia “Os Flintstones” no “hospital”, ou então comentando que o vinho “pode ajudá-lo a lembrar de onde a conhece” – nesses dois momentos ela reage brevemente, então ela provavelmente sabe de onde Hurley a conhece. O episódio traz bons momentos para eles…

Mas Hurley não pensou bem no piquenique e esqueceu coisas como “uma toalha”.

O episódio também traz o retorno de Michael, depois de Jack e Kate terem ido até “a linha dos Outros que não podem cruzar”, e eu acho impressionante como o chato do Jack se acha tanto, mas é incapaz de se perguntar por que eles conseguiram “encontrar” o Michael. Michael está de volta à Estação Cisne, e acorda falando sobre como encontrou o acampamento dos Outros, sobre como eles são uns 20, só têm duas armas e eles podem vencê-los. Tudo é orquestrado para que Jack, convencido como sempre, saia da escotilha em direção à praia para conseguir com Sawyer as armas (eu fico com uma raiva IMENSA do Jack em detalhes como ele chegar tomando o livro das mãos do Sawyer e o jogando na fogueira… precisava mesmo daquilo? Ele achava que isso ia ajudar a convencer Sawyer a entregar as armas? Jack é arrogante demais, não aguento!).

Enquanto Jack, Kate e Locke confrontam Saywer na praia (e, de alguma maneira, só então ele percebe que está sem a arma que estava antes de encontrar Ana Lucia na mata, embora isso não faça sentido), Ana Lucia se prepara para matar “Henry”, mas não consegue fazê-lo… então, Michael diz que “ele consegue”, e quase acreditamos nele, porque ele realmente tem raiva dos Outros e quer recuperar Walt, mas logo as coisas viram em um plot twist interessante e competente: depois de conseguir a arma e a combinação do cofre, Michael pede desculpas, mas atira em Ana Lucia… quando Libby aparece, estando na escotilha apenas para buscar toalhas para o seu piquenique, ela também leva tiros de Michael, e então ele abre o cofre para soltar “Henry”, e atira no próprio braço para parecer que ele escapou… foi para isso que ele voltou, é claro que tinha um motivo para os Outros terem soltado Michael, claro que o mandaram para lá com uma missão.

Eles são traiçoeiros, maldosos… mas são espertos, sabem o que estão fazendo.

Acho que não vou sentir falta de Ana Lucia. Fico triste com a morte de Libby, no entanto. E coitado do Hurley!

 

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Comentários

  1. Ainda bem que você tem o mesmo sentimento que eu para com o Jack. Eita personagem insuportável. O cara se acha o bam bam bam, o manda-chuva do pedaço. Ele pode ter tudo e decidir tudo, pode vasculhar a barraca dos outros, jogar as coisas fora, etc… Acho que a série precisava de um personagem principal um pouco mais velho e com mais sabedoria. As pessoas só decidiram deixar ele como "líder” porque ele ajudou como médico. É ridículo ver o John Locke obedecendo ele. Eu já tinha assistido Lost há um tempo e só não estava assistindo de novo porque eu me lembrava do chato do Jack.

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    1. Eu não suporto o Jack, acho ele irritante e passo raiva quase o tempo todo hahahaha Mas eu não acho que precisávamos de um protagonista mais velho e mais sábio, porque ele corria o risco de ser pedante, e de fugir à premissa da série que é justamente de nenhum deles ser perfeito. O Jack é INSUPORTÁVEL, mas todos os personagens são muito humanos, imperfeitos, construídos em zonas cinzentas e esse é um dos charmes de Lost haha

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