A Favorita – O emprego de Flora
“Se você não tivesse medo, não estaria aqui agora”
As coisas
não estão fáceis para Flora… e, no que depender de Donatela, elas ficarão cada
vez piores. Depois de passar 18 anos presa, condenada por assassinato, Flora
saiu da cadeia disposta a recuperar tudo o que Donatela “roubou” dela,
inclusive sua filha, e cada momento em que as duas se encontram e se confrontam
é uma sequência icônica – Cláudia Raia e Patrícia Pillar são realmente
INCRÍVEIS, assim como a escrita de João Emanuel Carneiro, que nos instiga com a
pergunta: quem está dizendo a verdade?
Flora está lentamente tentando reconstruir a sua vida, sem receber o menor
apoio do próprio pai, o Pedro, mas ela conseguiu um emprego em uma lanchonete
e, inclusive, um lugar para morar… tudo bem que, como ex-presidiária, ela teve
que aceitar trabalhar 8 horas por dia sem carteira assinada e pela metade do salário das outras pessoas.
Mas é o que
ela tem por enquanto!
Com o seu
primeiro salário, Flora vai até a casa de Pedro para devolver parte do dinheiro
que ele enviou para ela quando ela saiu da cadeia, e aqui temos uma cena
fortíssima dos dois, na qual ela fala que passou 18 anos presa por causa de um
crime que a queridinha dele cometeu.
Pedro fala sobre como a mãe de Flora morreu por causa de toda essa história, de
desgosto, e Flora pede que ele olhe para ela, perguntando se ele não acredita
em nada do que ela está dizendo, e ele responde: “Não. Eu não acredito em você, Flora”. É um tanto forte! Flora vai
embora dizendo que o restante do dinheiro ela vai pedir que alguém entregue, e
Pedro vai imediatamente falar com Donatela, para chamar Flora de “vagabunda” e
de “ex-presidiária”, enquanto Donatela ele chama de “filha”, e independente do
que saibamos do futuro da novela, aquilo me causou angústia.
Desesperada
com as informações, Donatela diz que ela precisa mandar Lara para fora do país urgentemente, “nem que tenha que ser na
marra”, e Lara chega a tempo de ouvir essa conversa – “Por que esse medo todo que eu encontre a Flora, hein, mãe?” Lara
enfrenta Donatela, perguntando qual será a grande tragédia se ela encontrar a
Flora, se Donatela acha que ela vai se jogar nos braços de Flora, chorar e
chamar de “mamãezinha” a mulher que matou o seu pai. Lara diz que não é mais uma criança (“O trauma já rolou, mãe. O estrago já foi
feito!”), e Pedro tenta ficar do lado de Donatela, dizendo que Flora é
dissimulada e que vai mentir para ela, mas Lara diz, veementemente, que é capaz
de se proteger sozinha e que Donatela pode tirar da cabeça a ideia de mandá-la
para fora do país, porque ela não vai… nem
amarrada. E quando Donatela joga a carta do “enquanto morar sob o meu
teto…”, ela dança de vez.
Porque Lara diz que talvez ela não queira
mais morar ali…
Wow.
Eventualmente,
Lara vai pedir desculpas e dizer que as fotos da festa, que Donatela quis
mostrar para ela, estão lindas, mas Donatela faz todo um drama sobre como ela é
uma louca destrambelhada e como Lara não gostou da festa que ela fez para ela,
porque nunca gosta de nada que ela dá, dizendo que “não é a mãe que precisava
ser” e tudo o mais… sinceramente, esse
drama e essa chantagem emocional da Donatela me IRRITAM. Não adianta vir me
falar o que acontece no Capítulo 56: eu
sei, e ainda assim consigo achar a Donatela irritante e essas cenas dela
com a Lara me enervam. “Não era bem essa
mãe que você queria ter, né? Fala a verdade, filha. Mas foi o que a vida te
deu”. Eventualmente, elas fazem as pazes e acabam abraçadas, pelo menos até
a próxima briga das duas, porque elas sempre estão brigando por algum motivo.
Enquanto
isso, a Dona Irene está morrendo de raiva
da Donatela… a verdade é que ela nunca gostou de verdade da Donatela e
nunca confiou 100% na sua história sobre a morte de Marcelo, e agora a Flora
está começando a provar que pode dizer a verdade, conseguindo expor, por
exemplo, a maneira como Dodi está roubando o Gonzalo. Irene acaba indo até a
suposta “firma de telemarketing” de Dodi e encontra apenas um galpão sujo e
vazio, que acaba estando cheio de pessoas “trabalhando” quando Irene volta no
dia seguinte, acompanhada de Gonzalo… Dodi
é esperto, e conseguiu ainda contornar a situação por um tempo. Mas Irene
não acredita em Dodi, e acha que Donatela está ao lado dele nisso tudo… e Flora
incentiva essa desconfiança, dizendo que ela vai investigar e vai entender que
é Flora quem está dizendo a verdade… eventualmente, e não demora muito para
isso, Dodi acaba sendo realmente desmascarado e expulso da casa.
Donatela
acaba descobrindo onde Flora está trabalhando e vai até a lanchonete para acabar com a sua vida mais uma vez… ela
volta a oferecer dinheiro para Flora sumir
da cidade e da sua vida, dessa vez 300 mil reais, e a manda escrever,
também, uma carta de despedida a Lara – mas Flora se recusa. A cena é intensa e
também gera angústia, porque Donatela humilha Flora constantemente, dessa vez
perguntando quantos anos ela vai ter que trabalhar ali para juntar todo esse
dinheiro (100 anos?), mas Flora responde muito bem, dizendo que Donatela acha
que é grande coisa estar lhe oferecendo 300 mil reais, mas o que ela, Donatela,
compra com esse dinheiro? Três vestidos como aquele que está usando? Quatro
botas? Isso para ela não é nada.
Então, achando que Flora quer mais dinheiro, Donatela aumenta a oferta… oferece
500 mil, 800 mil, um milhão…
Mas Flora
não aceita! Ela diz que tudo o que é seu
ela vai recuperar, e o reinado de Donatela está com os dias contados. E
Donatela pode até dizer que não está com medo, mas está: “Se você não tivesse medo, não estaria aqui agora. Você só tá me
perseguindo, só tá me infernizando desse jeito porque você tá com medo. Quer
saber de uma coisa? Se eu fosse você, também teria medo de mim, porque eu sou
uma sobrevivente do inferno, e uma sobrevivente é capaz de tudo. E quando eu
digo tudo, é tudo mesmo”. Gente, eu estou me permitindo assistir à novela
novamente e tentar viver as emoções como se fossem da primeira vez e preciso
dizer: A FLORA ARREBENTOU DEMAIS! E eu fiquei bravo com a Donatela gritando
para fazer escândalo, para descobrir quem é o dono do lugar, e depois do
expediente ela volta à lanchonete para denunciar a Flora.
Ela conta
para o dono da lanchonete que Flora é uma assassina, e mostra uma matéria de
jornal para provar o que está dizendo, e então Flora, mais uma vez, PERDE TUDO.
O cara chega no quartinho em que ela estava morando gritando, chamando ela de “pilantra”, “sem vergonha” e “cínica”, e
então ela é expulsa dali e ainda perde o emprego que tinha conseguido… ela diz
que é inocente e que, mesmo que não fosse, ela já cumpriu a sua pena, mas ela é
expulsa sem dó. Interessante “A Favorita”
mostrar essa realidade de uma ex-presidiária, e é impossível não torcer por
Flora nessa reta inicial da novela – ela realmente parece a mocinha injustiçada
que precisa provar a sua inocência e deixar de sofrer… e, para mim, esse é o
grande encanto de “A Favorita”, e
cenas como essa da Donatela acabando com a vida de Flora realmente me dão certa
agonia.
Ela está na
rua de novo, e Dona Irene nem pode ajudá-la…
Ela não pode correr o risco de Donatela
saber que elas estão se encontrando!
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