A Favorita – A primeira reportagem de Zé Bob sobre Donatela
“Você mordeu meu braço, sua canibal!”
João Emanuel
Carneiro não nos ajudou a gostar de
Donatela – porque essa era a sua proposta para “A Favorita”, na verdade. Ele estava subvertendo o gênero e tudo o
que já sabemos sobre vilãs e mocinhas de telenovelas para tirar conclusões de
uma trama que ele ainda não queria que
mostrasse nenhuma… assim, Donatela, que pode ser a mocinha tanto quanto a
Flora, parece o oposto do que esperamos de uma mocinha: rica, preconceituosa,
deslumbrada e exagerada. É fácil se irritar com a Donatela, é fácil julgar as
suas ações (especialmente quando ela está falando mal do Cassiano, porque
aquilo não me desce!), mas eu confesso que a personagem se torna muito
divertida quando divide a cena com Zé Bob… e isso ficou evidente desde o
primeiro momento em que os vimos juntos, na festa de aniversário de Lara, onde
ele ficou tagarelando sem parar sobre a breguice
da festa.
E Donatela
deu corda, apenas para atacá-lo depois!
Bem… Zé Bob
estava lá para cobrir a festa de aniversário da “filha de uma socialite
cafona”, e foi exatamente o que ele fez, não poupando ataques na matéria que
escreveu… furiosa, então, Donatela invade
a redação do jornal assim que lê a publicação, e está indignada, pedindo
satisfações, e eu ADORO como o Zé Bob é debochado durante todo esse momento,
sem precisar dizer nada – na verdade, justamente
por não dizer nada. Donatela está exaltada, fazendo um escândalo no jornal,
gritando para quem quiser ouvir, e Zé Bob continua completamente pleno,
digitando sem nem levantar o rosto para olhar para ela em nenhum momento, como
se ela não estivesse ali… e é claro que se você já esteve numa posição em que
quer brigar com alguém e essa pessoa não
lhe dá a mínima, você sabe o quanto isso só nos deixa ainda mais irritados – “E
olha pra mim quando eu tô falando com você!”
Donatela
ameaça até comprar o jornal só pelo prazer de colocá-lo na rua, mas Zé Bob
continua impassível durante todo o tempo (“Vai
se fazer de salame?”), inclusive quando ela ameaça colocar fogo na redação
para que ele olhe para ela, ou quando pega o seu computador e joga no chão… é a
primeira vez que Zé Bob olha para ela, mas com uma expressão de desinteresse e
indiferença FANTÁSTICA, então ele toma o último gole do seu café, pega sua
bolsa e sai… sem dizer absolutamente nada.
Donatela não desiste, o segue, até entra no carro quando ele entra para ir
embora, e ele não titubeia: liga o carro e vai
embora, para o choque dela… mas foi ela que entrou. A cena é perfeita, mas em
algum momento, com Donatela falando sem parar nos ouvidos dele fechados dentro
de um carro, embaixo da chuva, ele acaba respondendo – chega um momento em que
não dá mais para segurar.
E, no meio da confusão, eles sofrem um
acidente.
Não é nada
lá muito grave, nenhum dos dois se machuca, mas a cena fica cada vez mais perfeita… Zé Bob se
oferece para ajudá-la a sair do carro, e quando ela entrega sua bolsa antes de
dar a mão, ele pega a bolsa e joga longe, direto
em uma poça de água suja, e quando os dois estão fora do carro e brigando
sem parar, ELES ACABAM SE BEIJANDO – acho que foi a melhor maneira de silenciar
toda aquela briga, e é perceptível a tensão
sexual entre eles, para dizer a verdade…
quando ela se separa dele e vai atrás da bolsa, temos o prazer de ver a
Donatela andando de salto na grama e caindo na lama, e vendo que o celular está
quebrado… quando Zé Bob começa a andar para ir embora, ela o segue: afinal de
contas, ela não quer ficar sozinha. E ela
quer brigar um pouco mais… os dois brigam pelo celular dele, por exemplo,
com direito a ela mordendo o braço dele (?) tentando pegá-lo.
Com a
mordida de Donatela, Zé Bob derruba o celular e depois o chuta para longe,
jogando-o diretamente em um bueiro, o que quer dizer que eles não têm nem como pedir ajuda… numa espécie de “aposta”, quando
ela diz que “consegue se virar” ou qualquer coisa assim, ele diz que se ela
conseguir uma carona para eles ele vai escrever um novo artigo a elogiando da primeira
à última linha, e Donatela realmente
consegue uma carona – de um jeito meio arriscado, se você me perguntar, porque
ela mostra os peitos no meio da rua para que um caminhoneiro pare, e então ela
consegue ir embora, e quando ela entra no caminhão, ela fecha a porta (“Ele não vai não”) e deseja sorte a Zé
Bob… durante toda essa sequência, eles apresentam a deliciosa e divertida
química que apresentaram na primeira cena deles juntos, na festa de aniversário
de Lara.
É ótimo!
Os dois se
enfrentam de forma similar quando, na falta de uma vaga melhor, Donatela manda
o Silveirinha parar em uma vaga especial mesmo, e então Zé Bob se volta contra
ela novamente – na verdade, ele se volta contra quem quer que esteja dentro do
carro, mesmo antes de saber que se trata de Donatela, e quando os dois se
enfrentam, as risadas são garantidas! Amei o Zé Bob tirando a chave da ignição
antes que ela tenha a chance de ir embora, e diz que quem vai tirar o carro dali é a polícia, e ela vai levar uma multa e
perder a carteira, “pra aprender”. Interessante perceber que quando eles
estão brigando pela chave, Donatela
está toda em cima de Zé Bob, e a Flora acaba vendo a cena… assistindo agora e
sabendo o que vem a seguir, eu só penso em uma coisa: EU QUERIA TER VISTO MAIS
DA REAÇÃO DE FLORA. Mas o autor ainda estava contendo as informações…
Para mais
postagens de “A Favorita”, clique
aqui.
Comentários
Postar um comentário