Além da Ilusão – Davi lê pensamentos!
“Eu vou ler a mente da Iolanda. Eu vou me livrar dela”
Dessa vez,
um plano de Joaquim está dando certo… pelo menos até o roteiro apresentar
qualquer trama conveniente demais que vá favorecer o Davi/Rafael – sei lá, vai
ver daqui a pouco ele vai estar lendo mentes ou algo assim. Desde que Joaquim
trouxera Iolanda de São Paulo, supostamente mãe de um filho de Rafael, Isadora
está arrasada… ela resolveu finalmente se abrir para o amor e viver um grande
romance, mas isso apenas provou para ela o que ela mais temia: que o amor causa sofrimento. Agora,
traumatizada e ouvindo demais os conselhos de Úrsula, a pior conselheira
possível, Isadora não quer mais saber de nada com Rafael, e está permitindo que
o Joaquim se aproveite da situação para se aproximar e a consolar. E, de
quebra, Joaquim ainda aproveita para falar mal de Rafael, falando sobre como
ele “foi tirar satisfação” e causou confusão no cassino, por exemplo.
Enquanto
Heloísa observa Joaquim se aproximar de Isadora em um momento de fraqueza,
Violeta procura Rafael para conversar com ele e instruí-lo a não dar motivos
para que Isadora sinta pena de
Joaquim – mesmo que eles não possam mais ficar juntos, nenhum deles quer que
Isadora fique com Joaquim, não é? Joaquim, no entanto, continua jogando bem, em
uma trama bastante enrolada de segredos e chantagens: ele diz a Iolanda que ela
precisa se mudar para a casa de Rafael,
e Iolanda inicialmente não pensa em fazer isso, mas acaba sendo convencida por
Margô, que se propõem a fazer isso chantageando Úrsula para que ela convença
Joaquim a dividir a bilheteria do espetáculo com ela… Margô é uma personagem de quem estou gostando bastante, porque ela é
egoísta, fria e inteligente, sem chegar a ser maldosa – interesseira,
talvez… mas esperta.
Então,
Iolanda aparece com Toninho no colo anunciando a Rafael que veio morar com ele e, sinceramente, toda
essa história está se tornando cansativa – porque a autora conseguiu tornar o
Davi/Rafael um personagem insuportável. Ele se faz de santo, mas acaba sendo um
mala, um chato e um grosseiro, e o seu complexo de bonzinho é hipócrita e
irritante. Infelizmente, desenvolvi um ranço do Rafael e de tudo o que o
roteiro lhe entrega de mãos beijadas que eu estou me cansando de assistir às suas cenas e às suas tramas. Quando
Iolanda vasculha as coisas de Davi, em busca de alguma informação sobre o
impostor, ele aparece furioso, e embora ele tenha razão para ficar bravo e para
mandar Iolanda não mexer nas suas coisas,
alguma coisa na sua expressão e no modo que ele fala faz com que eu sinta asco
do personagem… ele a chama de “sonsa, cínica e mentirosa”.
O problema, é claro, é que ele TAMBÉM É
sonso, cínico e mentiroso…
Mas não reconhece isso.
As coisas
vão piorar, é claro. Isadora está chorando constantemente e fazendo um drama
que é típico de uma adolescente ainda
mais nova do que ela de fato é, mostrando uma imaturidade que pode até ser
justificada pelo fato de que é o seu
primeiro amor, e por poucos minutos ela quase se esquece de tudo e os dois
se aproximam do lado de fora da igreja, falam sobre o seu amor e sobre como
está difícil manter-se afastados, quase se beijam e tudo – mas Isadora fica
furiosa, então, quando vê Iolanda entrando na casa de Rafael, e eles brigam de
novo, o clima pesa, e ela resolve se afastar definitivamente… tanto que ela
está prestes a cair na lábia do Joaquim, que a convidou para ir para o Rio de
Janeiro em uma proposta interessante de trabalho como estilista. E é claro que ele pretende estar a postos
para acompanhá-la, se ela o aceitar como companhia.
Enquanto
Isadora se aproxima de Joaquim, Davi “se lembra” de um dom que ele tem, que é o
de ler pensamentos. Retornamos a uma
cena lá no início da novela na qual Davi “adivinha” o telefone de Elisa, e
embora aquele flashback esteja ali
numa tentativa desesperada da autora de dizer algo como “Eu não tirei essa
habilidade do nada”, ele ressalta a incoerência de esse “dom” não ter sido
usado em outras situações… quer dizer, Davi passou por uma série de coisas e
isso foi simplesmente esquecido, né?
Sem contar que me parece extremamente conveniente. É o clássico deus ex-machina, uma solução milagrosa
que a ficção apresenta quando parece que os personagens estão encurralados.
Davi pede a ajuda de Augusta, dizendo que vai treinar com ela, e então ele está
literalmente lendo pensamentos em uma
sequência forçadíssima e um tanto quanto vergonhosa.
E é assim
que ele vai se livrar de Iolanda, em mais uma jogada conveniente e forçada do
roteiro – está cada vez mais difícil gostar do Davi e, em parte, da novela… em
uma conversa com Iolanda, então, Davi consegue tirar dela uma informação: “Pablo? O nome do pai do Toninho é Pablo?”
Realmente, eu não sei como ele conseguiu essa informação, a não ser por
legilimência. A cena é inacreditável, e toda a forçação acaba me deixando com
um misto de vergonha, raiva e canseira. Talvez eu abandonasse a novela se eu
não tivesse uma dificuldade imensa para isso depois de ter começado – e também
se não fosse porque a novela tem outras partes de que gosto bastante, como a
história de Heloísa… é um prazer assistir
a todas as cenas de Paloma Duarte, sempre salvando os capítulos mais enfadonhos
e forçados. Agora, Davi precisa ir atrás do Pablo jogador de facas que foi
embora com o circo e deixou Iolanda grávida…
E adivinhe? O circo de Pablo está vindo para
Campos. É claro.
Davi não
precisa de mais nada na vida… ele tem uma autora que faz tudo por ele sem
esforço.
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