Além da Ilusão – Matías sequestra Violeta
“Senhoras e senhores… estamos aqui hoje pra julgar uma
adúltera”
Quando
Isadora fez uma viagem com Joaquim para o Rio de Janeiro, ela partiu furiosa com Violeta por tê-la visto
beijando Eugênio – ainda mais por saber que pessoas como o Rafael e a Heloísa
já sabiam disso, apoiam e não lhe disseram nada… eu entendo, de verdade, alguns
sofrimentos de Isadora que vão culminar em sua “fase rebelde” (dentre eles o
trauma com que cresceu, que não é apenas a morte da irmã e, de certa maneira,
do pai, mas o fato de ter ouvido o pai acusá-la de ser responsável pela morte
de Elisa, o que um peso muito grande com o qual se viver), mas é bem difícil
defendê-la nessa trama contra Violeta – felizmente, quando Isadora retorna do
Rio de Janeiro, ela tem uma sequência bem bonita com a mãe, provando que “Além da Ilusão” ainda tem acertos muito
grandes, apesar de alguns problemas, porque aquela cena foi muito bem escrita e
muito bem atuada.
Ainda
nervosa e “decepcionada”, Isadora diz à mãe que está magoada, que a mãe foi
desonesta e “traiu um homem doente”, e embora eu não tenha concordado com
nenhuma palavra que ela disse ali, eu fiquei muito feliz por vê-la colocando o que pensava para fora –
porque essa é a base de um relacionamento saudável, e é muito bom que exista
esse diálogo sincero… é assim que mãe e filha se acertam. Até porque Violeta
também é muito sincera, e diz que ainda é jovem, diz que está, sim, apaixonada
e que sente por Eugênio algo ainda mais forte do que jamais sentiu por Matías,
e embora isso choque Isadora e, talvez, a deixe ainda mais brava, Violeta
continua falando, porque diz que não quer
mais mentir para ela – e o que ela sente por Eugênio ou por Matías não tem
nada a ver com o que sente por ela. A FORÇA IMPRESSIONANTE QUE ESSA CENA TEM!
Violeta
ainda diz que pode, sim, sufocar o que sente por Eugênio para ser fiel à
promessa que fez no altar e para que Isadora nunca mais sinta vergonha dela, e
é nesse momento que Isadora percebe, finalmente, o quanto ela está sendo
insensível – o quanto a mãe também sofre e ela não está percebendo isso, porque
só está pensando nela mesma, em seu próprio sofrimento e “vergonha”.
Eventualmente, então, a cena acaba sendo uma sequência sensível e lindíssima
que termina com as duas fazendo as pazes, e a Isadora até falando algo que é
importantíssimo para a relação delas: como Violeta é a mulher mais forte que
ela conhece, e que a admira demais. As duas sorriem, se abraçam, um abraço
sincero, cheio de amor, carinho e o que estava faltando nesse momento: compreensão. Heloísa, assistindo ao
abraço escondida e sorrindo representa o público.
Mas a vida
de Violeta está cada vez mais difícil, e agora ela vai ter que lidar com a loucura
do marido – “Você achou que eu tinha
esquecido a sua traição? Ledo engano. Chegou a sua hora”. É interessante
como o personagem de Matías foi concebido, porque ele tem, naturalmente, seus
momentos de loucura e lucidez, mas é interessantíssimo como uma coisa interfere
em outra, e como a sua “loucura” tem a ver com quem ele era, com quem ele
sempre foi: então, ele se lembra do fato de a Violeta tê-lo traído, mesmo que
finja não lembrar, e ele a sequestra para “fazer justiça”, retornando ao seu
papel de juiz, dizendo que está ali
para “julgá-la por seu crime”. Depois de planejar tudo em detalhes, Matías
consegue dopar Leônidas, fugir do quarto trancado, invadir o quarto de Violeta
e levá-la, amordaçada, para um antigo galpão. Tudo é desesperador.
A sequência
do sequestro é angustiante, pesada de se assistir, e as atuações brilhantes de
ambos – Antonio Calloni está incrível em todas suas cenas, e a maneira como
Malu Galli atuou com os olhos nos impactou profundamente, demonstrando todo o
medo e o desespero da personagem… QUE PRAZER ASSISTIR A ATUAÇÕES TÃO
BRILHANTES, mesmo que as cenas sejam perturbadoras.
O fato de Matías se portar como um “juiz” me chamou muito a atenção, porque
achei muito bem bolado, e eu adorei como Violeta entra em seu jogo, que é a única
coisa que ela podia fazer naquele momento, e se porta também como se estivesse
em um julgamento, pedindo autorização para falar, se declarando culpada,
dizendo que foi fraca, mas também aproveitando para emendar em coisas que
precisavam ser ditas: como ela não é
culpada pelo sofrimento que tem passado há 10 anos, por exemplo…
Violeta
ARRASA na argumentação, entrando, sim, no jogo e na história de Matías, porque
era a única forma de tentar
“controlá-lo”, mas dizendo tudo o que pensa: falando sobre como, há 10 anos,
não perdeu apenas a filha, mas também o marido, e como ela foi obrigada a se
mudar para o engenho e se tornar sócia da tecelagem, porque o marido foi
internado e ela tinha que trabalhar para sustentar a família, e ela nunca se
sentiu tão sozinha quanto naquele momento… sincera e dizendo tudo o que
precisava, Violeta pede “absolvição”, dizendo o que quer dizer e, também, o que
ele quer ouvir: ela diz que está arrependida e, estando ou não, era o que ela
precisava dizer para se manter viva –
e, inusitadamente e diferente do que eu esperava, ela acaba “se livrando”
sozinha do sequestro, embora agora esteja aprisionada a um “acordo” que fez com
ele…
Sem contar o medo que está sentindo.
Infelizmente,
está impossível continuar vivendo com Matías… ele é um perigo à segurança de
todos!
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