The Time Traveler’s Wife 1x02
As coisas que não podem ser mudadas…
LINDÍSSIMO,
INTENSO, TRISTE… QUE EPISÓDIO PERFEITO! Como eu comentei na minha última review, eu sou apaixonado pelo livro “A Mulher do Viajante no Tempo” há anos,
e a adaptação de Steven Moffat para a TV me empolgou desde que fora anunciada –
e, depois de um primeiro episódio incrível, ganhamos um segundo episódio de tirar o fôlego. Profundamente humano,
belo e emocionante, o segundo episódio de “The
Time Traveler’s Wife” trouxe uma série de momentos memoráveis que nos
permitem conhecer um pouco mais de
Henry, ao mesmo tempo em que Clare também o conhece, quando os dois estão em
seus tempos “corretos”. O episódio começa trazendo, novamente, os comentários
de Clare e Henry no mais velho que os vemos, e apresenta a ideia de que ele
normalmente viaja dentro do período no qual viveu – mas nem sempre.
Esse
conceito é importantíssimo tanto para esse episódio quanto para uma das cenas mais emocionantes do livro, mas que
devemos acompanhar na série só lá perto
do seu fim – quem leu o livro e conhece a história a identificou brevemente
durante esse episódio. O segundo episódio é focado, principalmente, na relação
de Henry com a mãe – e a sua morte traumática quando ele tinha 8 anos… e 9 e 16
e 23 e 24 e 32 e assim por diante. Aquela introdução foi um dos momentos mais
fortes, tristes e impactantes que já vimos em uma série: o pequeno Henry, de 8
anos, estando no carro com a mãe quando acontece um acidente e ela morre
decapitada – e todas as demais versões dele que aparecem ao seu redor,
inúmeras, de todas as vezes em que ele viajou no tempo mais uma vez para aquele
dia horrível e precisou reviver a morte de sua mãe.
O conceito
de “tristeza” é apresentado em uma conversa do Henry com a Clare pequena, na clareira,
quando ela pergunta inocentemente sobre os pais dela e, quando Henry diz que “a
mãe era cantora”, Clare foca no fato
de ele ter dito “era” e pergunta o que aconteceu… mas ele não quer falar sobre
isso com ela, não naquele momento – até porque é algo que Clare precisa ouvir
mais velha, quando estiver pronta para entender o tamanho daquele trauma. Mas
Henry faz uma reflexão interessante quando Clare comenta que “ele ficou
triste”, dizendo que é na tristeza que você conhece uma pessoa… quando se está feliz, você pode se divertir
com alguém, mas quando você está com alguém triste e pergunta por que essa
pessoa está triste, então você pode conhecê-la. E é assim que a Clare de 20
anos vai começar a conhecer, por mais
irônico que pareça, o Henry de 28.
Mesmo depois dos outros 152 encontros.
A Clare de
20 anos não está muito empolgada com o Henry que acabou de conhecer… ele é um
babaca, ao que tudo indica, e ela passou a sua vida esperando por ele, se
moldou ao seu redor, e agora descobre, de repente, que não gosta tanto dele
assim. Depois de uma sequência inusitada e divertida em que eles ficam
“discutindo” no metrô, Henry convida Clare para um “segundo encontro”, um
almoço dessa vez – segundo ele, isso os impede de repetir o que fizeram da
última vez, em que o encontro foi um jantar, que foi “ficar bêbado e transar”. Agora, eles podem conversar de fato. E é
uma conversa bem interessante que guia todo o episódio de maneira lindíssima,
até com uns toques de diversão, como quando Henry conta para Clare como e quando
o pai descobriu que ele viajava no tempo: o
pai o pegou transando com ele mesmo quando tinha 16 anos.
Bem, eu não
posso julgar o Henry… faria o mesmo.
Mas a grande
força do episódio está, é claro, na morte de Anette e na relação de Henry com
ela. É interessante a noção de que, apesar de estar morta, Henry poder ainda
encontrar a mãe algumas vezes, poder ouvi-la cantar, poder até conversar com
ela, conhecer-se quando tinha um ano de idade, presenciar o pedido de casamento
que o pai fizera a ela… são momentos muito bonitos e significativos que ele
pode viver – e acho que isso tudo é um tanto melancólico, mas melhor do que a
alternativa. Ver a força dos diálogos e das atuações quando Henry conta para
Clare sobre quem era a mãe foi impactante, porque Anette era uma cantora de
ópera famosa e Clare conhece a história de sua morte, e então ela percebe tudo
pelo que Henry teve que passar… tudo pelo que Henry ainda tem que passar,
porque não consegue se impedir de retornar àquele momento.
A cena da
morte de Anette é brutal e aterrorizante e o sofrimento de Henry em diferentes
épocas de sua vida também. É curioso encontrar o Henry de 28 anos, ou até mais
do que isso, que aprendeu a viver com a dor e a apreciar pequenos momentos em
que ainda pode estar com a mãe, por mais curtos que sejam, ao lado do Henry de
apenas 8 anos, aquele que acabou de
perder a mãe… enquanto o Henry de 28 anos não tem paciência com o Henry
pequeno e não quer saber sobre “seus problemas pessoais”, o Henry de 8 anos tem
a necessidade de falar sobre o que aconteceu – e, eventualmente, o Henry adulto
precisa lidar com isso. Outra das cenas mais fortes do episódio acontece no
museu, quando o Henry de 8 anos reencontra a mãe, meses antes de sua morte, e
corre para abraçá-la, e ela acaba brigando com ele, porque acha que ele está
“matando aula”.
Chorei demais em toda aquela cena.
Henry também
decide, naquele momento, que talvez seja a hora de contar a verdade para o
Henry de 8 anos – ele vem o encontrando e o treinando há algum tempo, desde que
ele viajara pela primeira vez, e mentiu falando sobre “outros viajantes no
tempo”, mas acha que o pequeno Henry pode saber da verdade… e, no fundo, o
pequeno Henry já sabia que aquele homem que aparece misteriosamente para ele e
que o ajudou no dia do acidente da mãe, por exemplo, é ele mesmo, mas não tinha
parado para aceitar isso, mas tudo faz sentido: ele sabe tudo o que vai
acontecer, ele sabe tudo de que o Henry vai precisar, com uma precisão
assustadora, então o Henry de 28 anos ajuda o Henry de 8 anos a encarar a
realidade: eles são a mesma pessoa. A
lágrima escorrendo dos olhos do Henry criança… outra cena emocionante e muito
bonita, a dinâmica deles perfeita!
Por fim,
ganhamos aquela sequência final PERFEITA na qual Henry faz o mais próximo que
pode de “apresentar Clare à sua mãe”, a levando até a biblioteca onde ele
trabalha e lhe mostrando uma série de fotos e lembranças que guarda da mãe, em
uma caixa, parcialmente escondida dele mesmo, porque é muito tentador – quando
ele fica agitado, nervoso ou bêbado, e pensa demais no passado, às vezes ele
acaba viajando… e muitas vezes é para aquele dia fatídico que o puxa com uma
força gravitacional impressionante; por isso existem tantas versões dele
naquela primeira cena do episódio, naquele acidente horrível. Mas agora, por
Clare, ele quer mexer nessas recordações, esperando que possa se manter ali,
com ela – e é uma cena emocionante que fica melhor a cada segundo, enquanto
eles olham fotos e escutam uma gravação da mãe cantando.
Henry
explica a Clare que a mãe costumava “responder perguntas” dos fãs no fim de
suas apresentações, e então pausa a fita, uma fita que ele nunca escutou antes, e pergunta a Clare o que ela gostaria de
perguntar para a sua mãe – e ela pergunta como
duas pessoas ficam juntas, no final. É um toque brilhante e emocionante que
a viagem no tempo torna possível quando Henry solta a fita e escuta a voz da
mãe, citando o nome de Clare Abshire, a sua pergunta e a respondendo,
“conversando” diretamente com Clare, porque sabe que, em algum momento, ela
estará ouvindo isso… e isso é possível porque um jovem a parou do lado de fora
do teatro, antes da apresentação, e pediu que ela respondesse essa pergunta a
Clare, sabendo que aquilo seria gravado. A FORÇA DESSA CENA É INDESCRITÍVEL.
Lindíssimo, simplesmente lindíssimo. Chorei a cena toda.
Eu amo esse
livro, eu amo essa história e, agora, eu amo essa série. Que perfeição!!!
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