A Favorita – Donatela vs Silveirinha
“Um monte de lixo! Um monte de estrume!”
Já começou a
queda de Donatela… quando saiu da cadeira e reencontrou Donatela depois de 18
anos, Flora prometera que ela perderia
tudo, e que “seu castelinho de areia ia desmoronar”, e agora vemos isso
acontecer cada vez com mais clareza – para mim, o mais angustiante é ver a Lara
se voltando contra Donatela, como se não tivesse sido criada por ela nos
últimos 18 anos! Para Donatela, no entanto, um dos maiores baques foi o
Silveirinha, alguém que ela julgava ter acolhido quando ele mais precisou,
alguém que esteve ao seu lado e que ela amou como se fosse um pai, e que agora,
graças às desconfianças e investigações do Zé Bob, ela descobre que a odiava e
estava tramando com Flora esse tempo todo.
Gosto da intensidade de tudo em “A Favorita”, e o resultado é uma novela
que nos prende a cada capítulo, em uma história bem concebida e bem conduzida.
Depois das
desconfianças de Zé Bob, Donatela só precisa de uma confirmação concreta, e ela
fica esperando na frente da casa de Silveirinha, escondida, até vê-lo chegar
com Flora, como se fossem melhores amigos…
então, ela entra para fazer o seu show – que, convenhamos, era mesmo necessário
nessa situação. Donatela está furiosa, e quando ela entra na casa desejando aos
dois “a morte mais lenta e dolorosa possível”, ela olha para a casa de
Silveirinha, na qual nunca esteve (!), e vê troféus e recordações da época em
que ela e Flora eram “Faísca e Espoleta”, e então ela percebe que tudo é ódio e
rancor porque ela parou de cantar, mas ela diz que estendeu a mão para ele, que
o tirou da sarjeta, e a Flora o defende, dizendo que Donatela só o colocou para
ser seu empregado pelo prazer de humilhá-lo… e eu acho que ela não estava muito errada.
Donatela
fala muito de como “acolheu” Silveirinha, mas ela sabia, sim, ser bem babaca
com ele!
Silveirinha,
então, finalmente coloca para fora tudo o que sente por ela: nojo, ódio,
desprezo… “Se você não tivesse todo o dinheiro
que você tem, sabe o que você seria? Um monte de lixo! Um monte de estrume!”
Silveirinha diz que quando seu castelinho de areia cair, ela vai voltar para o
esgoto, de onde ele a tirou e de onde
ela nunca devia ter saído – as cenas são fortes, mas, de alguma maneira
bizarra, eu estava rindo muito de todo o
diálogo… acho que era a sensação catártica de uma discussão como essa em
que todos os sentimentos são colocados para fora, independentemente de quem
está certo ou errado. Silveirinha chama Donatela de “porca cafona”, “caipirona
nojenta” e diz que as pessoas só a bajulam porque ela é rica, mas na verdade
ela é burra, estúpida, grossa… e Donatela
ouve tudo, meio incrédula e meio horrorizada, tentando sair como superiora,
dizendo que “essa inveja e esse ódio se reverte para quem tem isso dentro de
si”.
Antes de ela
ir embora, Silveirinha diz que “tem mais uma coisa”, e cospe na cara dela…
“O que é teu tá guardado”, ela responde.
Enquanto
Donatela sai, Silveirinha fica gritando, dizendo que “vai encomendar para o
diabo em pessoa um pãozinho que ele vai amassar e ela vai comer de joelhos, sua
desgraçada”. Depois, Donatela leva Irene e Lara para o apartamento em que Flora
supostamente mora, para mostrar para elas que ela está enganando a todo mundo e
que está morando com o Silveirinha, e é uma sequência um tanto desesperadora,
porque Donatela está enlouquecida, tentando fazer as pessoas acreditarem nela, e ninguém acredita – e isso é apenas uma
prévia do que está por vir em relação
ao crime que aconteceu em 1988. Eu não sei como pude, sabendo tudo o que vem a
seguir e a revelação do Capítulo 56, ainda achar aquela cena divertida, mas a
verdade é que eu acabei rindo muito da
Donatela enquanto ela tentava, desesperadamente, provar o que estava dizendo,
mas sem chegar a lugar nenhum.
A dissimulação da Flora! Impagável!
Flora pensou
em tudo… em absolutamente tudo. Donatela fala que ela não teve tempo de arrumar
tudo, que deve ter uma mala com roupas em algum lugar por ali, mas não tem… ela
diz que tem alguns outros detalhes que ela não pode ter arrumado, como as
comidas na geladeira ou o lixo, mas Flora pensou em tudo. É uma cena
desesperadora e uma clara vitória de Flora. Lara está desesperada e em
silêncio, como se a mãe estivesse louca e não dissesse coisa com coisa, então
Donatela fica ainda mais brava, começa a acusar Flora de um monte de coisas,
depois se volta “contra” a própria Lara, a segura dizendo que ela não vai
embora antes de escolher em quem acredita,
diz que precisa escolher entre ela e Flora, e é uma sequência um tanto
violenta… Irene ajuda Lara, que vai embora correndo sem precisar responder às
perguntas de Donatela.
Donatela,
então, resolve cumprir a ameaça que fizera a Silveirinha quando disse que “o
que era dele estava guardado”, e então ela invade a casa de Silveirinha, uma
casa que ela tinha dado de presente
para ele há muito tempo, e então O DESPEJA. Ali, os papeis se invertem…
Silveirinha está acabado, implorando, enquanto Donatela está debochando de como
ele foi burro por nunca fazer uma transferência do imóvel para o seu nome, e o
humilha constantemente, falando um monte de coisas, quebrando troféus e quadros
que ele guardara da dupla sertaneja durante todos esses anos, e antes de ir
embora, Donatela devolve o cuspe na cara de Silveirinha, e embora ele a chame
de desgraçada, de vagabunda e grite que ele a odeia, a verdade é que ele foi destruído, porque Donatela tem os
meios para isso… mas, agora, Donatela o converteu num inimigo perigoso.
E vai ter que arcar com as consequências.
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