Além da Ilusão – Esforço de Guerra

Nova greve dos operários!

A vida de Olivia está movimentada – e, possivelmente, prestar a ficar mais movimentada ainda. Tenório retornara à cidade recentemente, depois de ter decidido deixar a batina, mas ela está tendo que lidar com a intolerância e o preconceito, ao mesmo tempo em que retorna ao trabalho na Tecelagem Tropical, justamente no momento mais complicado que a fábrica já enfrentou, já que, contra todas as recomendações de Violeta, Eugênio tomou decisões que afetam a todos e que podem gerar consequências desastrosas que poderiam levar as duas famílias à falência… em paralelo, Olivia não pode imaginar o quanto o drama que Heloísa está vivendo tem relação com ela: afinal de contas, ela é a Clarinha, a garota que foi tirada ainda bebê dos braços de Heloísa, quem ela sonhou a vida toda em reencontrar. Mal posso esperar para que isso venha à tona.

Graças ao romance que já não é mais proibido, Olivia e Tenório estão enfrentando maus bocados. A janela da casa de Olivia é quebrada por uma pedra imensa com um pedaço de papel que a chama de “meretriz”, por exemplo, enquanto Tenório está ouvindo absurdos de uma mulher que se recusa a deixar o filho na creche sob os cuidados “de um pecador”, dizendo que ele se rendeu ao amor carnal e ao “inimigo”. Tudo é revoltante, como qualquer tipo de preconceito e intolerância, e quando a Heloísa chegou, eu realmente esperei ver a rainha dar na cara de todo mundo, mas ela acaba sendo bem contida – o que não quer dizer que ela não acolha Olivia de uma maneira linda, com direito à Olivia a abraçando, feliz e emocionada, e a chamando de “anjo em sua vida”, o que sempre deixa o Benê desconfortável… ainda mais sabendo que ele contou tudo ao Tenório em confissão.

Quero mencionar a grande ironia de toda a intolerância, desrespeito e julgamento vir justamente dos “fiéis”, os “cristãos”, os “cidadãos de bem”. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

Na fábrica, as coisas também estão descarrilhando graças ao que Violeta chama de “delírios de expansão de Eugênio”. Violeta nunca concordou com nada disso, e está furiosa, mas ela não tem muito o que fazer… e agora, para poder tentar (sem garantir de que vai conseguir) cobrir os seus prejuízos e honrar seus novos compromissos, Eugênio está disposto a apelar para os “esforços de guerra”, como Joaquim sugere, que é uma lei que autoriza as empresas a fazerem os funcionários trabalharem duas horas a mais por dia, sem direito a hora extra ou qualquer remuneração pelo trabalho a mais que realizarão. O que é profundamente injusto. Sendo trabalhador, é revoltante assistir à maneira como os trabalhadores eram explorados na época, e são explorados até hoje… as empresas continuam tentando achar qualquer brecha que os favoreça.

Então, enquanto Úrsula e Joaquim estão dando um golpe na tecelagem, superfaturando novos teares, por exemplo, e incentivando Eugênio a tomar as decisões mais equivocadas possíveis, Olivia precisa se opor às decisões absurdas que estão chegando aos trabalhadores: não é justo que eles sejam obrigados a trabalhar mais para não receber nada. Violeta, desesperada e razoavelmente inocente nessa história, pede que os tecelões não parem as máquinas, porque eles podem ir à falência com isso, mas eles estão decididos, com razão, a fazer uma nova greve, e uma das minhas cenas favoritas vem quando Violeta se volta à Olivia, pedindo que ela a ajude, e Olivia responde: “Desculpe, dona Violeta… mas eu estou com eles”. Então, assim como já aconteceu em outro momento da novela, os funcionários da tecelagem cruzam os braços e se sentam no chão.

Joaquim, furioso, diz que todos serão demitidos se não religarem as máquinas agora, mas como eles continuam firmes em sua decisão, Joaquim chama o delegado e manda prender todo mundo, porque “greve é contra a lei”. Joaquim está satisfeitíssimo, Violeta está furiosa, e eu adoro vê-la defender seus funcionários, dizendo que não deixa o delegado prender ninguém, e quando ela o empurra e o delegado diz que isso é desacato, ela manda prendê-la também, então, estendendo as mãos para que ele a algeme… a situação é desesperadora, Joaquim tem o apoio estúpido de Eugênio e, pior, de fura-greves, enquanto Violeta é constantemente desautorizada na frente de todo mundo… no fim, ela se propõe a deixar de pagar a hipoteca da casa para pagar hora extra para os tecelões, e isso faz com que a greve chegue ao fim – mas isso pode ser muito ruim para ela.

Acredito que ela ainda vá perder a fazenda por isso.

Heloísa, por sua vez, está lidando com a dor anual do aniversário de Clarinha – um dia difícil demais para ela. Dessa vez, Leônidas a acompanha naquele dia, tentando fazer com que ele seja menos doloroso do que normalmente é, e o romance deles aflora definitivamente em um piquenique bonito organizado por ele, e é seguido de um momento importante para ambos, quando Leônidas pede que ela conte quem é o pai de seu filho, embora ele já saiba, e Heloísa acaba se abrindo de maneira sincera… a atuação de Paloma Duarte precisa ser elogiada em toda oportunidade que eu tenho, e essa é outra cena na qual ela ARRASA. Nem eram necessários os flashbacks, na verdade, porque a maneira como ela conta a história, a maneira como chora, o seu olhar, a sua dor… tudo é tão palpável, tão incrível. Mexido, Leônidas jura que, se Matías sabe onde a Clarinha está, ele vai descobrir.

A verdade está perto de vir à tona?

 

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