De Volta ao Baile (Senior Year, 2022)
Live your dream.
Fazia tempo
que eu não me divertia tanto! Dei muitas gargalhadas sinceras, me emocionei e
ainda tive uma dose gostosa de nostalgia que me fez muito bem, então eu adorei “De Volta ao Baile”, a nova comédia da
Netflix. O filme conta a história de Stephanie Conway, uma garota australiana
que sofreu bullying quando chegou nos
Estados Unidos, no início da adolescência, e que resolveu “mudar a sua vida”
para se tornar uma líder de torcida, a garota mais popular da escola e, se tudo
desse certo, a rainha do baile… para ela, ser a rainha do baile é a última
coisa que ela precisa fazer na escola para conseguir realizar o seu sonho de
ser como Deanna Russo e ter “uma vida perfeita”. Infelizmente, ela não pode
realizar esse sonho porque ela sofre um
grave acidente durante uma coreografia no último mês de aula, e fica em
coma pelos próximos 20 anos.
A sinopse
parece dramática (e, na verdade, é um evento bem traumático), mas o filme é uma daquelas comédias escrachadas que
nos arrancam risadas dos momentos e situações mais bizarras possíveis. Steph acorda sendo uma mulher de 37 anos,
mas com a mente de uma adolescente de 17 anos em 2002, e foi hilário ver a
Rebel Wilson interpretando o estereótipo de adolescente, com suas expressões,
seu jeito de andar, suas birras… e Rebel Wilson também é excelente no humor
físico, do qual o filme se aproveita brilhantemente, e ganhamos cenas incríveis
como ela pulando do carro em movimento porque o pai se recusa a parar quando
eles passam em frente à sua “casa dos sonhos” – isso porque eles não querem que
ela descubra que o seu ex-namorado está morando naquela casa, agora, casado com
a sua pior inimiga da época de
escola.
O filme
brinca o tempo todo com como as coisas
mudaram nos últimos 20 anos – e Steph precisa se adaptar a isso. Temos
referências interessantíssimas, como quando ela olha uma revista e pergunta se
“a Madonna agora se chama Lady Gaga”, ou quando ela comenta que “acabou de
descobrir que tem mais oito filmes de ‘Velozes e Furiosos’”. Steph também
precisa se adaptar às novas tecnologias (o comentário de que “está faltando a
parte de trás da TV”!), e perceber que algumas coisas não mudaram tanto assim: as redes sociais são um concurso de
popularidade, com a diferença de que não é só na escola, mas no mundo todo, e o
mundo todo está no seu celular. E, por fim, Steph também precisa entender
que mais do que a cultura pop ou as tecnologias mudaram nesses 20 anos: as
pessoas ao seu redor e, de modo geral, a forma de pensar e agir das pessoas.
Um dos
destaques do filme, para mim, é a NOSTALGIA que o filme traz em peso. Não é
apenas o visual escolhido por Steph (que nos remete muito aos filmes do começo
dos anos 2000 que fizeram parte das nossas vidas), ou os pôsteres no seu quarto
(da Britney Spears, do N’Sync, de filmes como “Romeo + Juliet”), mas, principalmente, a trilha sonora. É impressionante como a música tem a capacidade de
nos levar de volta no tempo, portanto foi uma escolha incrível ter o filme
embalado por músicas como “Sk8er Boi”,
da Avril Lavigne, “A Moment Like This”,
da Kelly Clarkson, “Man! I Feel Like a Woman”, da Shania Twain, “C’est La Vie”,
de B*Witched e o grande clássico “The
Power of Love”, de Jennifer Rush. Mas minha favorita, é claro, é a
grande e hilária performance de “U Drive
Me Crazy”, da Britney Spears, cheia de referências ao clipe original e uma
ótima piada com “Expectativa x Realidade”.
Como, para
Steph, o tempo não passou, ela quer voltar para a escola, terminar o seu Ensino
Médio e, quem sabe, ser a rainha do baile para, então, ter a “vida perfeita”
com a qual sempre sonhou… ela se depara, no entanto, com ideias bem diferentes da sua época no colégio, como aquelas mesas
unidas para não ter a “mesa dos populares”, o fato de todo mundo ser capitão na
equipe de líderes de torcida e o fato de a eleição para rainha do baile ter
sido abolida porque ninguém se importa
mais com isso. “De Volta ao Baile”
se sai muito bem em seu elenco jovem de apoio: mesmo com tempo menor de tela e
pouca história a não ser serem os guias de Steph pelas “novidades da escola”,
Janet (interpretada por Avantika Vandanapu) e Yaz (interpretado por Joshua
Colley) foram dois personagens de quem eu gostei DEMAIS! Eles eram
carismáticos, interessantes e divertidos!
Achei a
proposta do filme muito bacana – com toda a nostalgia de 2002, as brincadeiras
com o que mudou em 2022 e a comédia exagerada e que funciona, o filme também
toca em alguns temas emocionantes através dos personagens que viveram os 20
anos em que Steph esteve em coma, e que são os que realmente se importam com
ela e precisam fazê-la entender isso. Eu também entendo, no entanto, a
necessidade de Steph de viver o seu baile
de formatura e concorrer a rainha do baile, porque isso sempre foi tão
forte para ela que ela precisava encerrar esse capítulo antes de seguir em
frente… o baque era grande. E, surpreendentemente, achei toda a sequência do
baile bem bonitinha, com a Bri, a filha de sua arqui-inimiga, desistindo da
eleição, para explicar para a mãe que o
baile era seu, não dela, e foi legal ver a Steph feliz sendo rainha.
E QUE DANÇA
FOI AQUELA?!
Toda a
sequência final do filme traz, então, um processo de amadurecimento forçado
para Steph, e é muito bonito, sem deixar de ser divertido… depois de ter
magoado os dois amigos que sempre se importaram com ela, Martha e Seth, de ter
encontrado Deanna Russo e descoberto que sua vida não era tão “perfeita” assim,
e de ter uma conversa emocionante com o pai (o pai é um fofo, e aquela conversa
sobre nunca dizer às pessoas que se importam com ela que “eles não contam” foi
linda), Steph faz uma live para pedir
desculpas e toma uma decisão: ela vai fazer o que já devia ter feito 20 anos
atrás, e vai ser ela mesma de agora
em diante. A mensagem é boa, a cerimônia de formatura é muito legal com a
coreografia que ela deixara “nos arquivos da escola” antes de seu acidente, e
agora Steph vai finalmente poder seguir
em frente… gostei bastante!
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