Sítio do Picapau Amarelo (2005) – O casamento de Teodorico e Marcela

Não sei nem quem é pior…

Como diria a Emília: “A Mortadela e o Coronel Fuxico… que casal perfeito!” O Coronel Teodorico sempre foi um dos personagens mais irritantes do “Sítio do Picapau Amarelo” – eu acho que ele foi concebido para ser meio “cômico”, mas eu nunca vi muita graça no fato de ele ficar babando por mulheres mais novas, encobrindo os netos ou descumprindo a lei, e a Temporada 2005 do programa o traz como Prefeito do Arraial dos Tucanos, e ele já fez tanta coisa errada sem que sofresse retaliações por isso: ele já cortou a merenda escolar, por exemplo, já deixou de pagar o salário da professora, já desviou dinheiro… e nada acontece com ele. Infelizmente, isso também é algo que representa bem a realidade da política brasileira, e talvez por isso eu ache tão frustrante assistir a essas cenas… mas ele deve sofrer agora nas mãos da Marcela e por mais que eu a deteste, o Coronel Teodorico merece, por ser burro.

Gosto muito de como Dona Benta é sempre um contraponto às condenáveis ações do Coronel Teodorico – gosto de como ela toma a frente em uma manifestação sobre a merenda escolar, por exemplo, ou como exige o pagamento do salário da professora, e se ela já era incrível cobrando o Coronel Teodorico, agora ela ganha a ajuda do Dr. Saraiva, que não apenas é um advogado, mas também é um antigo inimigo do “Coronelzinho”, e eu gosto de como o Dr. Saraiva faz questão de colocar o Coronel Teodorico no seu lugar, como quando ele vai até a prefeitura e pede uma prestação de contas para entender como a prefeitura “não tem” dinheiro para pagar o salário da professora, mas tem dinheiro para bancar um desfile de moda promovido por Marcela… quer dizer, a lei garante esse direito a todos os cidadãos! Amo como Saraiva arma e liga se passando por um estilista famoso e consegue uma confissão deles…

Agora, ele pode obrigar o prefeito a pagar o salário – eu preferia que o Teodorico fosse denunciado e tirado do cargo, é claro, mas vou aceitar essa pequena vitória.

Marcela, desesperada para se casar com um “homem poderoso”, anuncia o seu casamento com o Coronel Teodorico, para o desespero da Dona Joaninha, mas eu devo dizer que eu não consegui ficar com pena dela não – aí está um trio com quem não me importo com nenhum: Teodorico, Joaninha e Marcela. Marcela teve uma ajudinha de um certo perfume que ganhou de presente da Dona Carochinha para fazer com que o Coronel aceitasse se casar com ela (porque ela quer que a Dona Joaninha se case com o Ogro Fredegundo: “É melhor um ogro na mão que um prefeito voando”), mas a verdade é que o Coronel Teodorico é babão e tapado o suficiente para cair nessa enrascada sozinho… ele não precisa de ajuda para tomar decisões erradas, é o que ele faz de melhor nesse mundo. O grande problema é que Marcela informa à Cléo que, depois do casamento, ela a trará para morar com ela.

Cléo está desesperada, Dona Benta tenta interceder (até porque Marcela tinha combinado que ela ficaria no Sítio do Picapau Amarelo até completar seus 15 anos), mas Marcela e Teodorico estão determinados, porque querem ficar de olho nela e no Dr. Saraiva até conseguirem colocar as mãos na joia e, infelizmente, a lei está do lado deles. Achei bem asqueroso ver o Coronel Teodorico todo louco pela fortuna da Cléo, porque ele não tem nenhum direito sobre ela, o que mostra que ele não é só um velho babão e patético, mas também um mau-caráter e um criminoso de primeira. Saraiva vai conversar com Marcela perguntando o que ela quer para deixar a Cléo morando no Sítio conforme o combinado, e ela pede a joia que, como ele já dissera várias vezes, ele não sabe onde está – Marcela chega a ameaçar mandar Cléo para um internato na Suíça.

Embora ir para um internato na Suíça talvez fosse menos ruim do que aturar morar sob o mesmo teto do Angico.

Quando o vestido de casamento de Marcela fica apertado demais e ela o leva para que a Tia Nastácia o conserte, Emília acredita que é a sua chance de sabotar esse casamento – mas não será tão fácil. Ela troca as caixas e parte para o Arraial dos Tucanos para a cerimônia junto com o pessoal do Sítio, e é HILÁRIO como todos eles estão vestidos de preto, como se estivessem indo para um velório… mas também devo dizer que eles estavam bem elegantes. Quando Marcela abre a caixa que deveria conter o seu vestido, ela descobre que ele foi trocado por uma roupa de vaqueira, mas ela não se deixa abalar: ela não vai desistir de se casar com o prefeito da cidade, nem que precise entrar na igreja vestida como a Donatela, de “A Favorita”. E é exatamente o que ela faz. Emília fica chocada, mas ela precisava ter se esforçado mais para conseguir sabotar esse casamento.

E o casamento acaba acontecendo… é uma cerimônia revoltante. Vemos a Marcela triunfar, vemos o Coronel Teodorico feliz, vemos o Angico provocar a Cléo porque eles vão morar juntos e “ela vai ter que se acostumar com o seu jeito”, e as coisas só ficam um pouco menos ruins quando o Coronel Teodorico chega em casa com a Marcela, e ela começa a fazer exigências, dizendo, por exemplo, que eles não vão dormir na mesma cama, e que ela precisa de um quarto, uma cama e um guarda-roupa só para ela. Bem, eu sei o que o Coronel Teodorico esperava, e eu adorei vê-lo caindo do cavalo – e se o Coronel Teodorico está triste, eu estou feliz. O grande problema, é claro, é que agora Marcela vai querer fazer o que prometera que faria, e trazer a Cléo para morar com eles no Arraial… e, se isso acontecer, vai ser um inferno contínuo para a garota!

 

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Comentários

  1. É verdade... e, infelizmente, o personagem foi ficando cada vez mais chato, você não acha? Eu não tinha uma implicância tão grande com ele no começo. Depois, com a entrada do Angico e do Zequinha em 2004, ele ficou muito chato e caricaturado passando a mão na cabeça dos netos e, em 2005, ele estava no ápice de sua chatice, era quase impossível tolerá-lo... sinto que o roteiro queria fazê-lo "cômico", mas suas atitudes eram tão de vilão quanto da Marcela, por exemplo, mesmo que por motivos diferentes, sei lá.

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