Star Trek: Strange New Worlds 1x06 – Lift Us Where Suffering Cannot Reach
“Science,
service, sacrifice”
Uau, que
episódio forte! Eu já disse isso algumas vezes, mas preciso repetir: eu amo “Star Trek: Strange New Worlds”, e é
incrível como essa série exala a atmosfera com que a franquia nasceu, e o fato
de trazer episódios “independentes” permite uma variedade de temas, gêneros e
um equilíbrio interessantíssimo… “Strange
New Worlds” sempre entrega aquilo a que se propôs, mostrando as viagens e
explorações da USS Enterprise, com foco não apenas nas novidades que o espaço,
a fronteira final, tem a oferecer, mas também nos personagens que são a
tripulação dessa nave, o que nos garante que estamos acompanhando uma série em
crescimento, mas também permite que a série explore diferentes narrativas, com
distintas propostas. Se o episódio anterior, por exemplo, foi mais leve e
divertido, esse episódio funciona como um soco no estômago.
“Lift Us Where Suffering Cannot Reach”
começa com a USS Enterprise chegando ao Sistema Majalan, onde o Capitão Pike
está prestes a reencontrar alguém de seu passado distante – de uma época
anterior a ele se tornar capitão da Federação. Percebemos, de imediato, uma
“conexão” entre Chris Pike e Alora, e ela quer a sua ajuda para proteger (ha, a
ironia disso, depois de ter terminado o episódio!) o “First Servant”, um garoto
que deve ascender ao “trono” de Majalis e garantir o futuro e a prosperidade do
planeta… o episódio é capaz de criar um suspense interessante enquanto
tentamos, ao lado de Pike, descobrir qual é, de fato, a função do First
Servant/Primeiro Servo para o povo de Majalis, e conforme vamos começamos a
entender o que talvez estejamos prestes a presenciar, a angústia vai tomando
conta, em uma narrativa competente e tensa.
Também gosto
de como o episódio consegue desenvolver outros personagens além do Capitão
Pike. Uhura, por exemplo, talvez a cadete mais brilhante da USS Enterprise, mas
que nem tem certeza de que aquele “é o seu lugar”, está sendo treinada por
La’an em relação aos protocolos de segurança, e ela acaba se adiantando, agindo
por instinto e sendo essencial para resolver um problema… ou não. Não ter todas as informações dificulta que
decisões sejam tomadas de maneira sábia. A princípio, o que se sabe é que o
First Servant, um garoto excepcional, está sob o risco de ser sequestrado.
Quando isso realmente acontece, de maneira inusitada porque alguém consegue
mexer com os comandos da própria USS Enterprise, retirando o menino de lá sem a
autorização da tripulação, uma descoberta de Uhura aponta inusitadamente para
Gamal, o pai do garoto…
E, naquele
momento, percebemos que existe alguma coisa que não estão nos contando. Graças
à tensão de toda essa descoberta, ao medo do garoto, escondido em um lugar da
Enterprise mesmo, e a determinação de Gamal, não conseguimos ficar aliviados com o seu “resgate” –
até porque ainda faltavam vários minutos de episódio, e sabíamos que algum plot twist estaria à frente. Pike,
infelizmente, acaba levando o garoto para o perigo, sem saber – na verdade, o
Capitão Pike é um homem de coração muito bom, que sempre acredita no melhor das
pessoas… e ele conhece Alora há muito tempo, tanto é que eles acabam se
envolvendo brevemente durante esse episódio, então ele acha que está fazendo o
certo ao levar o First Servant para a sua “ascensão”, sem saber o que isso
significa. Sem saber que isso é
justamente do que ele deveria ser salvo…
Não do “sequestro”.
Talvez Pike
devesse ter ouvido mais o seu instinto… talvez ele devesse ter pensado mais no
motivo pelo qual Majalis não quis se juntar à Federação… talvez ele devesse ter
investigado a respeito de como o destino de um planeta inteiro estava nas mãos
de um garoto tão jovem. Quando ele entende, no entanto, é tarde demais – Gamal
estava realmente tentando salvar o filho, na verdade. A sequência da
“cerimônia” que “ascende” o First Servant é angustiante de se acompanhar,
porque entendemos o que eles querem dizer quando falam sobre “sacrifício”, e o
garoto é ligado a uma máquina que funciona “se alimentando” dele, de certa
maneira… é isso o que mantém o planeta vivo e prosperando, enquanto o First
Servant sofre em dor durante anos, com a vida sendo sugada dele lentamente, até
que ele esteja esgotado, morto, e precise ser substituído por outro.
Dessa vez, a
USS Enterprise não conseguiu salvá-lo… talvez Gamal consiga ajudar a salvar o
próximo First Servant, talvez a Federação vá ter alguma participação nisso,
talvez não. Não sei se voltaremos a ver. Mas a discussão moral desse episódio é
intensa e nos deixa reflexivos, especialmente graças àquele diálogo do Capitão
Pike com Alora, no qual Alora fala sobre a maneira como crianças também sofrem
sob o comando da Federação, mas eles escolhem não olhar para isso, enquanto
Majalis olha para o sacrifício o “honrando” com gratidão… particularmente, eu
fiquei tão horrorizado, revoltado e enojado quanto Pike, mas é inusitada a
distorção com que o que eles fazem é contada do ponto de vista de Alora, que de
fato acredita no que está dizendo. A perversão do ponto de vista de quem a
pratica é sempre “justificada”. Cabe aos de fora olhar e fazer de tudo para
terminá-la.
Pike os
denunciará à Federação. Talvez outras crianças não precisem passar por isso.
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