Star Trek: Strange New Worlds 1x07 – The Serene Squall

“If I am not human or Vulcan, what am I?”

Antes de mais nada, preciso reiterar: “Strange New Worlds” é uma série perfeita da franquia “Star Trek”, e o Spock de Ethan Peck é incrível! “The Serene Squall” é mais um excelente episódio de “Star Trek: Strange New Worlds” (nos aproximamos depressa do fim da primeira temporada, mas, felizmente, a série já está renovada), e novamente a série brinca com diferentes protagonismos e com diferentes estilos para contar a história da USS Enterprise, sua tripulação e “sua missão de cinco anos”. Menos pesado que o episódio anterior, mas também bastante reflexivo, “The Serene Squall” coloca Spock e sua natureza meio humana meio vulcana sob os holofotes, de uma maneira quase surpreendente, enquanto o Capitão Pike “brinca de pirata” e uma nova e interessante trama parece se anunciar para o futuro da série – eu não poderia estar mais empolgado!

A Enterprise recebe a visita da “Dra. Aspen” – ou assim pensamos, inicialmente. Explorando os limites do espaço comandado pela Federação, a USS Enterprise se depara com piratas espaciais, e é muito fácil mexer com o Capitão Pike, o “boy scout” da Federação, e com o próprio Spock, mesmo que ele tente tanto evitar as emoções e seguir a lógica… nenhum deles permitiria que pessoas continuassem sendo vendidas como escravas. Assim, a Enterprise cai em uma armadilha, tem uma boa parte de sua tripulação sequestrada, e o Capitão Pike se vê cozinhando para a tripulação da Serene Squall, tentando usar isso como uma barganha para que seus companheiros sejam liberados, mas quando eles acabam todos presos, Pike e Una precisam apelar para a “Alpha Braga IV”: sugerindo uma venda aos Klingons, eles começam um motim na nave pirata.

Eu gosto muito de como “Strange New Worlds” brinca com possibilidades da franquia e com estilos distintos, muitas vezes dentro do mesmo episódio… toda a sequência de Pike na nave pirata me parece extremamente aventuresca, de uma maneira colorida e divertida de se acompanhar, enquanto a sequência na Enterprise, protagonizada por Spock, Chapel e a falsa Dra. Aspen, é muito mais séria e emotiva. Mesmo antes de descobrirmos que a Dra. Aspen não é quem ela diz ser, a trama traz boas discussões em relação à natureza dúbia de Spock – humano, Vulcano, ambos ou nenhum? Ainda sem ter passado por seu Kolinahr, a supressão das emoções e do seu lado humano é uma escolhe racional e “lógica” de Spock, para se encaixar nas características vulcanas, mas será que isso não o limita? Será que o seu maior dom não é ser justamente ambos?

Particularmente, eu sou apaixonado por Spock – e sempre fui. Fico muito contente por Ethan Peck estar fazendo um trabalho tão excelente dando vida a um dos personagens mais icônicos da ficção científica. Nesse episódio, deixando seu lado humano mais à mostra do que nunca, Spock acaba sendo enganado pela falsa Dra. Aspen, que se revela, por fim, a Capitã Angel, capitã da nave Serene Squall na qual o Capitão Pike e os demais estão… agora, ela toma, também, a USS Enterprise, mas ela tem um motivo muito forte para fazê-lo: não é apenas uma nave sendo roubada, mas uma tentativa de usar Spock como prisioneiro para trocá-lo por Xaverius, um Vulcano marido de Angel, que foi aprisionado e que T’Pring pode liberar, se ela quiser… naturalmente, a carreira profissional de T’Pring estaria em jogo e, mesmo por Spock, essa atitude seria ilógica.

A tensão das negociações de troca gera sequências surpreendentes. Angel acaba sendo uma personagem bastante caricaturada, talvez por toda a ideia do episódio de “piratas”, mas Spock e Chapel sustentam aquela cena com toda a carga emotiva (quem diria?) que ela carrega. Sabendo que T’Pring não pode liberar “Xaverius”, e, inclusive, imaginando quem é, de fato, esse prisioneiro que Angel busca, Spock parte para um plano inusitado, desempenhado por sua parte humana, que nos pega, de certa maneira, desprevenidos… há mais verdade e mais emoção do que Spock gostaria de admitir (e do que admite, de verdade, para si mesmo) quando ele finge estar tendo um caso com Chapel, e os dois se beijam com uma aparente paixão avassaladora na ponte da USS Enterprise. Mesmo com toda a tensão palpável de episódios anteriores, confesso que o beijo me deixou surpreso.

E foi um beijo com paixão.

Acho fascinante termos o Spock no centro de uma trama tão emotiva. T’Pring parece entender, com a sua impecável lógica vulcana, que tudo não passa de um plano de Spock e que ele não pode ter sentimentos reais por Chapel, e Chapel finge para si mesma e para Spock que está tudo bem, quando, na verdade, ela está apaixonada por ele há muito tempo e aquele beijo mexeu com ela, mesmo que ela saiba que não há futuro algum, porque ele não poderia gostar dela enquanto tem um compromisso com outra pessoa. No entanto, talvez nem o próprio Spock entenda a gravidade e complexidade disso tudo, e, mais cedo ou mais tarde, ele terá que lidar com isso. Seu lado Vulcano comandado pela lógica diz que tudo foi um plano e que ele ama T’Pring; seu lado humano, comandado pela emoção e sempre silenciado, o trai, porque ele também ficou mexido.

Os sentimentos são reais… mas o que fazer com eles?

 

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