Além da Ilusão – Armações e Sabotagens
Mentiras, vingança, infantilidade…
Como está
difícil aguentar Isadora e Davi em “Além
da Ilusão”… um show de imaturidade, ações duvidosas e conveniências
ridículas do roteiro. Depois de Joaquim ter sido bem-sucedido em sabotar o
casamento de Isadora e “Rafael”, a mocinha está novamente arrasada e fechada
para o amor, e Davi está tentando fazer de tudo para impedir que, por isso, ela
caia nas armadilhas de Joaquim – ele tenta alertá-la sobre uma conversa que
ouvira de Joaquim e Úrsula, na qual eles falavam sobre o motivo de ele querer
tanto se casar com ela: para ficar com
toda a herança. Quando Davi fala sobre Joaquim “matar” a Isadora, no
entanto, ninguém mais parece acreditar nele, e Violeta chega a perguntar por que ele inventou isso… a única
pessoa mais sensata e que tenta alertar todos para ao menos cogitar que isso pode ser verdade é a
Heloísa, a alma dessa novela.
Ao menos
Violeta se recusa a demitir o Rafael, quando Joaquim aproveita a acusação para
exigir a sua demissão. Joaquim e Eugênio tentam falar sobre “não serem
permissivos com acusações desse jeito”, e Violeta diz que eles também não podem
ser permissivos com violência, mas não demitiram o Joaquim quando ele bateu no
Rafael dentro da tecelagem, o que é verdade, então Rafael não vai ser demitido…
por ora. Segundo ela, no próximo deslize,
ambos estão fora. Isadora, por sua vez, procura o Rafael para pedir que ele
pare de inventar histórias e que a deixe em paz, porque ela tem o direito de
“tentar ser feliz”. Mesmo assim, Rafael e Joaquim vivem em pé de guerra e se
provocando, e quando Joaquim diz a Rafael que “Isadora não confia mais nele”,
Rafael devolve até que muito bem, perguntando se nele ela confia e se ele já
contou que está financiando uma nova peça
para a Iolanda…
Por mais
suspeito que possa parecer, no entanto, Joaquim se sai bem, e diz que era uma
exigência do contrato, e Isadora acredita – quando Rafael a interpela, querendo
saber por que acredita em Joaquim, ela diz: “Eu
prefiro acreditar num homem que não se deitou com outra me jurando amor”.
Então, Rafael percebe que essa é a cartada que ele precisa dar: ele precisa
provar a Isadora que Joaquim a está traindo com uma prostituta… “Te peguei, malandro. Já sei como fazer a
Isadora desistir desse casamento”. O problema, é claro, é que Rafael também
tenta armar para cima do Joaquim, oferecendo dinheiro para que Sueli diga a
Isadora que é amante de Joaquim (e pagando com o anel que comprara para
Iolanda), e Sueli aproveita para fazer um jogo duplo, sabendo como o Joaquim é
perigoso, tirando dinheiro de ambos e se mantendo segura…
Infelizmente,
e essa é a parte mais irritante de “Além
da Ilusão”, a conveniência do roteiro permite que Rafael faça ABSOLUTAMENTE
TUDO com a sua mágica – que vai muito além das mágicas de um ilusionista, que é
o que ele deveria ser. Quando Joaquim está satisfeito mostrando a Isadora um
lenço com as iniciais do Rafael bordadas, que estava com Sueli, Rafael chega e,
superando o choque de perceber que Sueli o traiu mesmo tendo ficado com o anel
como pagamento, consegue transformar as suas iniciais nas iniciais de Joaquim…
O QUE NÃO FAZ O MENOR SENTIDO. Ilusionistas deviam fazer truques, mas aquele
não era um lenço preparado para esse truque, e Rafael não pode ter adivinhado e
trazido um novo lenço… ele literalmente MUDOU o bordado do lenço simplesmente o
tocando, e tudo fica por isso mesmo e pronto.
Isso me
cansa de um jeito…
Mas todos
estão agindo como crianças idiotas, no fim das contas… e, surpreendentemente,
Joaquim é quem menos me irrita. Eu não o defendo das coisas erradas que ele
faz, de modo algum, mas Joaquim é o vilão clássico: ardiloso, dissimulado, ele
faz tudo tendo um propósito claro à frente, sabendo que não presta… e está tudo
bem para o personagem. O que me irrita de verdade é que o Rafael também faz
coisas absurdas, muito parecidas com as coisas que o Joaquim faz, por sinal,
mas ele tem um discurso (reforçado pelo roteiro problemático e no qual o próprio
Davi acredita) que o defende e que o protege, como se aquilo anulasse qualquer
culpa dele: um discurso de que ele faz tudo por amor, de que ele é bom, de que,
no caso dele, é perdoável… a pessoa que faz coisas duvidosas dizendo que “é uma
boa pessoa” é muito pior que aquela que sabe que não presta.
Isadora, por
sua vez, tem uma crise de imaturidade pavorosa, vergonhosa e irônica, se
pensarmos que parte da construção da personagem é justamente ela tentar provar para todos que não é uma
criança. Sabendo da peça de Iolanda, ela exige que o Joaquim o coloque como
figurinista, apenas para provocar a Iolanda e tentar prejudicá-la, sabotando os
figurinos durante a noite de estreia… é patético e infantil, mas Iolanda acaba
se saindo bem. Para completar o absurdo da sequência, no entanto, Rafael vai
conversar com Iolanda depois da apresentação para pedir, por favor, que ela não
diga nada aos jornalistas sobre o que Isadora fez, para que “isso não
prejudique a sua carreira como modista”. Tá vendo o que eu falo sobre discurso
do “bom moço/boa moça”? Isadora fez tudo propositalmente, por vingança, e
subitamente é “a vítima que precisa ser protegida”?
Enquanto
isso, as armações de Úrsula estão caindo por terra… Dirce aparece acompanhando
um cliente com o qual Eugênio está fechando um negócio, e isso revira o passado
deles, e ela faz questão de esclarecer algo: ela nunca teve um amante… ela realmente o amava, e agora está ali para
livrá-lo de uma vigarista. Eugênio, inicialmente, não quer acreditar que
foi Úrsula quem armou para separá-los, mas Dirce consegue colocar a dúvida em
sua cabeça, e fala sobre pedir que um
perito em caligrafia analise o bilhete que causou a separação, e ele o faz,
descobrindo, então, que a pessoa que escreveu o bilhete que ele acreditava ser
de Dirce não é a mesma que escreveu as cartas de amor de Dirce que ele guardara
durante todos esses anos… o perito não consegue garantir, no entanto, que o
bilhete foi forjado por Úrsula, mas diz que existe essa possibilidade.
Então,
Eugênio, acompanhado de Violeta, parte para a capital para falar com Danilo
Dantas, o radialista com quem supostamente Dirce o traiu… e, então, ele acaba
contando toda a verdade e dizendo que foi mesmo tudo uma armação da Úrsula. Então, chegamos a um daqueles momentos gostosos de se acompanhar em uma novela,
quando alguém de quem não gostamos é desmascarado: Eugênio volta para Campos
furioso e enojado, chamando a Úrsula de “cobra peçonhenta” e de “ordinária”, e
a expulsa de casa, enquanto ela tenta se defender, tenta negar tudo o que
Eugênio está falando que descobriu, e, em desespero, ela se ajoelha na frente
dele e, chorando, implora… é uma cena forte, mas que gera catarse. É claro que
é cedo demais para a queda de Úrsula, então ela vai pensar em algo para tentar
ficar com Eugênio: uma gravidez inventada.
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